Projeto Ponto Firme faz parceria com Germanier e desfila em Paris

Estilistas Gustavo Silvestre e Kévin Germanier se conectam por pautas sociais, de sustentabilidade e reuso de materiais descartados.


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Leitores da ELLE já devem estar familiarizados com o trabalho do projeto Ponto Firme, encabeçado pelo estilista Gustavo Silvestre, de capacitação de detentos, egressos do sistema penitenciário e pessoas em estado de vulnerabilidade por meio do crochê. No Volume 08 da edição impressa, também falamos sobre o designer suíço Kevin Germanier, que vê em contas, plumas, miçangas e outros materiais encontrados em estoque morto da indústria têxtil mil oportunidades para criar looks no mínimo extravagantes.

Na segunda-feira, 03.10, a dupla juntou forças para apresentar algumas dezenas de peças que compõem a coleção de verão 2023 de Germanier, apresentada durante a semana de moda de Paris. ““O processo de criação aconteceu através de muitas conversas entre eu e o Kevin, em que ele me mostrava o caminho que ele estava construindo e eu fui buscando um diálogo com meu trabalho”, diz Gustavo.

O primeiro encontro se deu no início do ano, mediante um convite do consulado da França no Brasil para uma comitiva de estilistas franceses. O objetivo era apresentar aos europeus algumas iniciativas brasileiras dedicadas à responsabilidade ambiental e social.

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Foto: Divulgação

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Foto: Divulgação

“O processo de criação aconteceu com muitas conversas entre eu e Kevin”, continua Gustavo. “Ele mostrava o caminho que estava trilhando e eu buscava um diálogo com meu trabalho. Comecei a procurar os materiais, as miçangas, as pérolas, tudo que a gente usou para bordar, e ia dividindo com ele.” No fim, foram desfilados vinte peças – que misturam técnicas de crochê feitas a partir de fios da Círculo S/A e reuso de fitas de metal, criadas há várias mãos pelo estilista e por alunas do projeto.

Do lado da Germanier, até brinquedos foram reutilizados para criar os vestidos de miçanga, as saias e tops supersensuais, que deixam bastante pele de fora, e os blazers e camisas que contrapõem a aparência destroyed com o fervo do brilho. Destaque também para o reuso de plumas, formando faixas transpassadas, e o casaco da entrada final.

O estilo de ambas as etiquetas se completam, seja pelo reaproveitamento de materiais, seja pela vontade de ressignificar a imagem do upcycling, que, nesse desfile, não é toda picotada em patchworks ou com cara de rústica. Pelo contrário. A moda de Germanier é colorida, vibrante, exagerada, tem uma vibe futurista e até glamurosa. E, se depender do novo esforço que o estilista tem feito, mais consciente socialmente, e não só ambientalmente. “Acho importante esse trabalho ganhar reconhecimento, porque as iniciativas sociais podem fazer com que outras marcas encontrem caminhos semelhantes, fazendo com que a moda possa ajudar a mudar a vida de muitas pessoas”, finaliza Gustavo.

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