Reinaldo Lourenço, couture 2024

Não importa que seja domingo (24.03), Reinaldo Lourenço reúne uma lista de convidados poderosa – clientes fiéis, influenciadoras, editoras e a deputada federal Erika Hilton –, no palco do auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina. E o motivo é mais que especial: o estilista comemora 40 anos de marca e faz isso com uma apresentação couture.

Se a alta-costura é uma patente de exclusividade francesa, em março do ano passado, o costureiro abraçou o termo e mostrou seu modo de fazer uma couture à brasileira (no caso, feita em solo nacional). Trata-se de uma roupa de altíssimo padrão, feita em ateliê e com provas o suficiente para cair como uma luva no corpo da cliente.

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Na coleção couture 2024, clássicos da história de Reinaldo brilham, mas não na reprodução de looks, e, sim, dando sequência a assinaturas de seu trabalho. A sua alfaiataria impecavelmente construída, por exemplo, ganha canutilhos cintilantes que acompanham o caminho da costura, sem medo de a revelar. As modelagens em que o vestido parece um costume, ou o costume parece um vestido despertam desejo.

Reinaldo Lourenço, couture 2024. Foto: Agência Fotosite / Zé Takahashi

Os vestidos feitos a partir de pequeníssimas tiras de tecido acetinado também remetem à assinatura delicada de Reinaldo com tiras de couro, em temporadas passadas.

A estampa de leopardo é criada com bordado e aparece no macacão grudado ao corpo, no vestido camisa de mangas longas e no trench coat. Estes são bons exemplos de como a sua atenção aos detalhes é rigorosa.

Reinaldo Lourenço, couture 2024. Foto: Agência Fotosite / Zé Takahashi

Existe um leve aspecto retrô no todo que, segundo o costureiro, vem de um olhar que passa por Charles James e chega a Dener, e, quem assiste ao desfile, percebe também pelo futurismo sessentista, os fluidos que recuperam os anos 1970, e alguns vestidos de baile, bem anos 1980, com o lamê dourado.

Reinaldo Lourenço, couture 2024. Foto: Agência Fotosite / Zé Takahashi

Em um texto para os convidados, Reinaldo afirma que, cada vez mais, se sente atraído pela longevidade, o respeito à tradição e à produção artesanal. E se engana quem acredita que isso é um olhar carregado de passado. É, aliás, uma boa forma de pensar no futuro: preservando um bem tão valioso como o acabamento.