Semana de moda de Milão: Karoline Vitto verão 2024 

Pode mandar avisar: foi uma estilista brasileira, Karoline Vitto, a responsável por levar mais diversidade de corpos para a semana de moda de Milão, no sexto dia do evento (24.09).  

Ela é a quarta designer selecionada para o Supported by Dolce & Gabbana, projeto em que novos designers são escolhidos pela marca italiana para se apresentarem em Milão. 

Iniciada em 2022, a iniciativa já apoiou a estilista sul-coreana Miss Sohee, o britânico Matty Bovan e o japonês Tomo Koizumi. A Dolce & Gabbana financia a produção do desfile, garante um styling assinado por Katie Grand e também apoia a produção da própria coleção. 

Karoline Vitto, verão 2024. Divulgação

Karoline Vitto é uma designer brasileira, nascida em Santa Catarina, e que fundou a sua marca homônima em Londres, no ano de 2020. Desde então, ela se apresenta no calendário de moda britânico, por meio do coletivo Fashion East, e passou a chamar a atenção da mídia por sua moda sensual para corpos mais diversos, em termos de tamanho. A sua numeração chega até o 58. 

De acordo com Vitto, essa sua moda é uma reação à imagem que ela cresceu vendo na TV, nos comerciais e nas passarelas brasileiras, durante os anos 2000: muito corpo magro e branco. Por isso, a sua roupa tem essa cara de moda da virada do milênio, mas para outros tipos físicos. 

Para a sua coleção de verão 2024, a modelo Ashley Graham foi quem abriu a passarela. E o casting seguiu como uma joia, apenas com modelos que não são super magras. Isso não significa uma seleção de mulheres gordas, mas, sim, de profissionais que não usam número zero, aquele tamanho chamado de sample e que é para um público extremamente restrito. E tinha presença brasileira no casting também, com as modelos Rita Carreira, Fernanda Liberti, Raphaella Tratske, Maria Clara Menezes, para citar algumas.  

Karoline Vitto, verão 2024. Divulgação

Inspirada na coleção de verão 1992 da Dolce & Gabbana, a Vito apresentou looks que vão de um beachwear a vestidos mais noturnos e bem sexy. Não há problema aqui de se mostrar o corpo. Pelo contrário. Ele é a parte principal. O que geralmente as marcas escondem, essa estilista revela, como o canto mais volumoso da barriga, ou aquela dobrinha lateral. 

A sua construção é feita principalmente com jersey e metal, praticamente uma assinatura, mas, nessa coleção, a designer fez também upcycling de tecidos dos arquivos da Dolce & Gabbana. E, por isso, a gente viu mais jeans e estampas nessa coleção, acompanhando as suas já reconhecíveis transparências, vazados e desfiados. 

Uma pena que a sua apresentação seja muito contrastante em relação a toda temporada internacional. Há algumas estações, essas principais capitais da moda têm sido cobradas a apresentarem mais diversidade de corpos nas passarelas, mas a realidade é bem aquém. As aparições são pontuais, quando rola, as roupas parecem nem servir nesses corpos, as novas tendências valorizam apenas os shapes pequenos. 

Então faz muito sentido que, no final, a estilista tenha ficado bastante emocionada. Ela falou para os jornalistas presentes que só espera que essa imagem seja mais normalizada, vire algo recorrente. 

E deixou a pergunta: “Se a maioria de nós não tem tamanho zero, então por que não vemos isso nos desfiles?”.

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