SPFW N56: Handred
O diretor de criação André Namitala mergulha no universo e acervo histórico do arquiteto e designer modernista Sergio Rodrigues em desfile da marca Handred apresentado na SPFW N56.
Levando em conta a recente alta na procura e interesse pelo mobiliário modernista brasileiro, é um pouco surpreendente o trabalho de Sérgio Rodrigues não ter sido abordado de maneira enfática por marcas de moda. Não mais. Nesta SPFW N56, a Handred mergulhou no universo criativo e no acervo histórico do arquiteto e designer carioca.
Saem de lá as estampas de desenhos de ambiente e croquis de móveis, reproduções licenciadas pelo próprio Instituto Sergio Rodrigues, organização responsável pela preservação de seu legado. Algumas dessas ilustrações também ganham versões com bordados manuais, já característicos da marca.
Handred. Zé Takahashi/ @agfotosite
Handred. Zé Takahashi/ @agfotosite
A paixão do diretor de criação André Namitala pela obra de Sergio Rodrigues nasceu em um de seus primeiros empregos na área de moda. Sua chefe tinha uma cadeira assinada pelo designer, a Kilin. A peça virou uma pequena obsessão do estilista carioca. “Dizia para mim mesmo que quando tivesse dinheiro, a primeira coisa que compraria seria aquela cadeira”, relatou André, aos risos.
Handred. Zé Takahashi/ @agfotosite
Não foi exatamente aquela cadeira, mas em 2017, quando abriu a primeira loja Handred, em Ipanema, comprou uma poltrona Leve Kilin para o espaço.
Além das estampas, André explora outros elementos das criações do arquiteto e designer no encerramento do segundo dia da SPFW N56. Materiais e técnicas mais comuns à decoração do que à moda, como estofamento, capitonê, espelhos e madeiras, dividem espaço com sedas, linhos, musselines, xantungues e veludos.
O couro, elemento marcante nos móveis de Rodrigues, aparece em saias, vestidos e tops. Alguns deles, decorados com bolsos com cara de gaveta, botões forrados tipo de almofada ou recortes similares aos pisos de taco.
Handred. Zé Takahashi/ @agfotosite
Essa é a primeira vez que a Handred trabalha com o material no vestuário, e não só nos acessórios. Fato que explica o resultado por vezes aquém ao de peças de tecidos plenamente dominados pela equipe da etiqueta.
A cartela de cores segue as tonalidades neutras com pitadas de vermelho, combinação emblemática das obras do designer carioca e da escola modernista brasileira. As formas e silhuetas vão pelo mesmo caminho, com destaque especial para a influência dos desenhos da linha Cuiabá.
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Verdade seja dita, André sempre esteve alinhado a algumas ideias do modernismo brasileiro. A limpeza e aparente simplicidade no corte e desenhos das peças, a preferência por um número limitado de materiais e cores, bem como as temáticas nacionais são algumas das semelhanças.
Tal afinidade foi essencial para desviar a inspiração de resultados clichês. O acesso que lhe foi garantido ao acervo e registros do arquiteto e designer Fernando Mendes e Renata Aragão, nomes por trás do Sergio Rodrigues Atelier e do Instituto Sergio Rodrigues, idem.
Handred. Zé Takahashi/ @agfotosite
Após quase dois anos de estudo e imersão, André soube aproveitar conteúdos mais relacionáveis ao universo e produto da marca. E, de quebra, ainda interpretou a sensualidade do design de Rodrigues a partir de um ponto de vista mais suave, delicado e feminino.
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