NYFW: Thom Browne, inverno 2025
Thom Browne propõe que os papeis de gênero saiam da gaiola.

No último dia oficial da NYFW (11.02), Thom Browne encerrou a noite com sua coleção de inverno 2025. Com uma queda especial por apresentações teatrais, sua passarela foi construída em formato de arena. No centro, uma gaiola sobre uma caixa branca tinha a miniatura de dois homens aprisionados. Do lado de fora, uma dupla de modelos estava sentada diante de uma mesa e, ao seu redor, dobraduras de papel recriavam imagens de aves bicando algum grão no chão ou aparentando um movimento de voo no teto.
Thom Browne, inverno 2025. Foto: Getty Images
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No ambiente, escutava-se o canto dos pássaros e a música “Little Bird”, de Ariella Glaser. Depois, ao som de violinos, o desfile começa. De cara, dá para entender que o estilista segue experimentando com aquilo que mais o instiga: a evolução do terno tradicional masculino em qualquer visual que a imaginação possa alcançar.
É assim que Thom Browne estreita a cintura do blazer e ajusta a silhueta de ampulheta. Ele puxa os ombros para as laterais, deixa o formato da roupa quadrada e dá um voluminho para as costas. O que era então uma figura austera e escura passa a se abrandar com recortes, texturas e cores. A paleta surpreende e vai do tradicional tom de cimento, assinatura do designer, aos tons de vinho, verde militar até chegar ao rosa e ao azul bebê. Acontece um jogo sem fim de peso e leveza.
Thom Browne, inverno 2025. Foto: Getty Images

Thom Browne, inverno 2025. Foto: Getty Images
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Dá para pensar que é uma briga entre elementos masculinos e femininos. Ou melhor, uma missão de paz entre esses códigos que sempre são reforçados socialmente como universos opostos. Aqui, o repertório do guarda roupa deles se liberta e passa a permitir que a suavidade, geralmente reservada a elas, chegue junto.
Assim, a saia pregueada parece uma reunião organizada de gravatas de diferentes padronagens. A regata de basquete cai como um vestido e as ombreiras de futebol americano, feitas de retalhos de tecidos, decoram o suéter de tricô. É um patchwork sem medo: tem sapatos com perneiras de camurça, meio botas militares, e toda a sorte de xadrezes (Príncipe de Gales, Vichy e Tartan) junto com bordados de paetê ou no formato de pássaros e de microflores. Os vestidos abaulados ganham babadinhos em frufru nas costas, as saias alongadas são também acetinadas e há espaço até para um curtinho de um ombro só.
Thom Browne, inverno 2025. Foto: Getty Images
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Essa história poderia muito bem ser uma crônica nova-iorquina da sobriedade do workwear que decide dar uma volta no parque. Ou um convite à permissão de quebrar os códigos restritos de gênero.
No ato final, um vestido de princesa, usado com um blazer brilhante surge empavonado – afinal, entre os pássaros, tanto os machos quanto as fêmeas encantam com plumas e liberdade.
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