Undercover, verão 2025 masculino

Após alguns anos apresentando suas coleções masculinas em showroom, não na passarela, a Undercover desfilou seu verão 2025 nesta quarta-feira (19.06), no segundo dia da semana de moda masculina de Paris. O estilista Jun Takahashi, fundador e diretor criativo da marca, ficou conhecido nos anos 1990 quando, ao lado de Nigo, da A Bathing Ape, inaugurou a Nowhere, uma loja em Harajuku, Tóquio, onde vendiam e expunham o que ficou conhecido por streetwear japonês. No mesmo ano, 1993, ele lançou a Undercover.

Undercover, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

Trinta e poucos anos se passaram e o que a marca faz não é mais o que se entende por estilo de rua atualmente. Takahashi, no entanto, não deixou seu lado contestador de lado. O sucesso das suas duas últimas apresentações femininas, a de verão 2024 com a saia-terrário que viralizou nas redes sociais, e a de inverno 2024, com uma gravação de um poema escrito e recitado pelo cineasta Wim Wenders (a história era sobre o cotidiano de uma mãe solteira de uns 40 anos), podem ter a ver com o retorno às passarelas.

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Como mencionado, sua produção de roupa masculina nunca parou. No último inverno, a coleção, que reinterpreta o universo da série cult Twin Peaks, saciou o desejo dos fãs ávidos pela aura um pouco sinistra que a Undercover carrega. Já para o verão 2025 o designer traduz de forma mais suave seus comentários sobre o mundo.

Nesta estação, ele brinca com elementos femininos para falar de masculinidade tóxica, une tecidos, estampas e materiais de várias partes do mundo e faz até uma colaboração com uma gigante esportiva para falar sobre um mundo sem fronteiras. Sejam elas físicas ou de gênero.

Undercover, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

Chamado de “Last Cloud”, a apresentação teve como pano de fundo um vídeo recém-gravado da banda australiana Glass Beans usando máscaras cravejadas de cristais. Ao som da música instrumental progressiva do grupo, Takahashi falou sobre tribos. A ideia era representar um mundo sem divisas ou delimitações, o que, segundo ele, eliminaria grande parte de seus conflitos – o assunto também apareceu no show da Louis Vuitton comandada por Pharrell, que abriu a temporada masculina parisiense.

No caso da Undercover, essa crítica é um pouco menos otimista e ocidentalizada. Fugindo dos “felizes para sempre” dos filmes hollywoodianos, o estilista mostra um caminho ainda em construção, sem muita ideia do destino ou identidade final – mas com total noção do que deu errado.

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Por isso, a mistura de materiais, tecidos e estampas de diferentes países da Ásia Ocidental e do Oriente Médio. Devorês, estampas geométricas, florais e xadrezes aparecem em bermudas, parkas leves, blusas com caudas e coletes quadradões. Da América do Norte, vem a colaboração com a marca estadunidense Champion, especializada em roupas esportivas. São conjuntos de moletons com calças encurtadas combinadas a maxicolares de tons ácidos.

Undercover, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

O linho, uma das principais tendências da temporada masculina de verão 2025, é o tecido escolhido como base. Aqui, ele aparece de forma menos clássica e mais funcional. O tecido compõe calças retas, blusas de botão, camisetas amplas de manga longa estampadas ou meio amassadinhas.

Os elementos tradicionalmente interpretados como femininos, como saias, transparências e as rendas que cobrem os olhos dos modelos, não estão lá por acaso. “São sempre os homens que começam as guerras”, disse Jun, em entrevista ao WWD. De acordo com o diretor criativo, incluir elementos associados às mulheres é uma maneira de repensar a masculinidade – inclusive a sua.