Kansai Yamamoto, Gucci genderless e Tik Tok

Neste Pivô, explicamos o legado deixado por Kansai Yamamoto, o primeiro estilista japonês a ganhar destaque internacional, e que ficou conhecido por seu trabalho com David Bowie, na criação de Ziggy Stardust.


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  • No dia 27 de julho foi anunciada a morte de Kansai Yamamoto, o primeiro estilista japonês a ganhar notoriedade internacional e que famoso por sua parceria com o cantor David Bowie na criação de Ziggy Stardust e Aladdin Sane;
  • Miti Shitara, professora de história da moda da Faculdade Santa Marcelina, explica a excentricidade característica do trabalho do estilista;
  • A editora especial de moda Vivian Whiteman reflete sobre a parceria do designer japonês com o cantor inglês David Bowie;
  • A pesquisadora interdisciplinar brasileira Caroline Ricca Lee aponta a visão geralmente reducionista do Ocidente em relação a criativos asiáticos;
  • E ainda: a linha de peças sem gênero da Gucci, a nova coleção masculina da Celine que foi inspirada na rede social Tik Tok, e os resultados financeiros do primeiro semestre de 2020 no mercado.

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Na segunda-feira passada, dia 27, foi anunciada a morte do estilista Kansai Yamamoto, aos 76 anos, em decorrência de uma leucemia. Ele foi o primeiro designer japonês, no começo dos anos 1970, a ganhar notoriedade internacional, se apresentando em semanas de moda como as de Londres, Paris, Nova York, e abrindo as portas para outros nomes que hoje em dia são bem mais reconhecidos, como Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo.

Mostrando um Japão diferente daquele sutil e sóbrio, que a perspectiva Ocidental havia delimitado e aceitado quase que como única, ele não foi facilmente assimilado pela moda. Mas a música tratou de celebrar as suas ideias fantasiosas, excêntricas, que ficaram mais famosas em figurinos desenvolvidos principalmente com David Bowie e outras estrelas como Elton John, Stevie Wonder e Lady Gaga.

Kansai Yamamoto nasceu em Yokohama, em 1944, um ano antes da cidade ser bombardeada pela guerra. Foi o mais velho de três filhos que tiveram uma infância difícil. Seus pais se divorciaram quando ele tinha 7 anos o que significou viver em abrigos infantis durante um bom tempo.

Estudou engenharia civil, desistiu, e foi para a Universidade Nihon, onde tentou a literatura inglesa. Mas, por fim, desviou para moda, de maneira autodidata, ainda que o pai tenha sido um alfaiate.

Kansai foi assistente dos estilistas Junko Koshino e Hisashi Hosono, na década de 1960. Em 1967, venceu o prêmio Soen, do Bunka Fashion College, que reconhece os maiores designers de moda japoneses. Em 1971, abriu o negócio próprio, a então pequena casa Yamamoto Kansai. E foi no começo dessa década que apresentou uma coleção na Semana de Moda de Londres, se tornando o primeiro designer japonês a fincar o pé em uma temporada de moda europeia e repercutir internacionalmente.

Com suas roupas de forte inspiração na tradição do Teatro Kabuki, mostrou looks com cara de figurino, uma beleza gráfica, geometrias que fugiam das linhas do corpo, cores fortes, texturas pouco convencionais, além de uma série de referências japonesas que não necessariamente partiam das ideias que o Ocidente generalizou sobre o país, caindo muito mais para os aspectos pop, extravagantes e sintéticos.

Com isso, Kansai é considerado um dos pais do espírito basara na moda, um termo que significa excentricidade. A jornalista britânica Susie Lau, a Susie Bubble, explica que essa vertente de imagem é uma antítese ao wabi-sabi, de ideal budista, zen, onde a beleza da imperfeição, do modesto e do simples são valorizados. O basara, por sua vez, é a oposição do minimalismo discreto num desvio de natureza rebelde, que mantém um ar fantasioso e vai ser uma das bases para a construção de imagem japonesa que funde tradição e futuro. Ela resume, por exemplo, que o basara de Kansai é o contraponto à elegância discreta de Yohji Yamamoto – com quem, por sinal, ele é frequentemente confundido. E quem explica essas características da produção de Kansai é a professora de história da moda, da Faculdade Santa Marcelina, Miti Shitara:

“Eu acho que o Kansai [Yamamoto] ele deve ser colocado dentro de um contexto, porque na década de 1970 o Japão começa a exportar diversos grandes estilistas e o Kansai é um deles. Talvez sobrepujado por outros nomes, como Issey Miyake, por exemplo. A [Rei Kawakubo da] Comme des Garçons e outros nomes que acabam o sobrepujando. Kansai Yamamoto não é zen, ele é bastante extrovertido, ele é bastante colorista também e divertido nesse sentido de tirar da essência do Japão aquele Japão que a gente conhece através de mangá, por exemplo, de um certo exagero, de uma certa excentricidade. Se a gente observar o dicionário de moda que nós temos aqui e certos dicionários pouco se fala nele apesar de ter sido bastante importante no sentido de apresentar um Japão mais tendendo ao lado mais cômico, não tão sério, mais bastante divertido.”

“Explosion from Tokyo!” Esse foi o nome do ensaio de fotos para a primeira coleção que Kansai apresentou em Londres e que saiu na revista Harpers and Queen, com a modelo Marie Helvin usando uma peruca vermelha enorme. A imagem chamou a atenção da stylist japonesa Yasuko Yacco Takahashi, que deu o toque em David Bowie. O cantor se apaixonou pelas criações de Kansai, adquiriu tudo o que pode.

Em 1973, a produção de Bowie ligou para Kansai e o chamou para assistir a uma apresentação do artista no Radio City Music Hall, em Nova York. Em uma entrevista, Kansai descreve que o que aconteceu ali foi uma reação química: quando ele viu Bowie aparecer no palco com as suas produções, entendeu as suas roupas como parte de Bowie, de sua música e de suas canções.

E foi assim que aquela peruca vermelha, do teatro kabuki, foi parar na cabeça da persona Ziggy Stardust, o alter ego de Bowie que teve toda a imagem de moda desenvolvida por Kansai. E, além de Stardust, ele foi o responsável também pelos figurinos da turnê Aladdin Sane.

A união do designer japonês com o cantor inglês tinha como objetivo uma aparência radical. Macacões justos, jaquetas bordadas, capas, plataformas… É fato que o trabalho de Kansai Yamamoto tem como referência não só o teatro kabuki de uma maneira geral, mas principalmente o Kabuki Onnagata, onde atores homens se apresentam caracterizados com trajes tradicionais femininos. Kansai, inclusive, é responsável pela apresentação de Bowie a Bando Tamasaburo, um dos principais representantes dessa arte. Tudo isso significa que a colaboração de ambos acabou por ser compreendida, principalmente pelo Ocidente, como um marco de androginia, mas era sobretudo uma construção de peças que não tinham compromisso com a aparência tradicional humana, muito menos com àquela fechada em caixinhas de gêneros.

Uma das peças mais marcantes dessa união talvez seja o psicodélico macacão Tokyo Pop, feito de vinil preto com linhas bem sinuosas, formando uma silhueta circular. A peça misturava referências que vinham de imagens de mercadores europeus que negociavam com os japoneses no século 17 até as linhas geométricas e reduzidas do Balé Triádico da Bauhaus. O macacão veio ao Brasil em 2014, com a exposição criada pelo Victoria and Albert Museum.

E quem explica melhor esse encontro mais do que mágico, entre Kansai e Bowie, é Vivian Whiteman, que você sabe, é nossa editora especial de moda, mas talvez não conheça como a grande fã de Bowie que ela também é:

“As pessoas têm essa visão não só com Bowie mas com outros artistas como Elton John que ele acabou colocando alguma coisa que fosse da ordem do genderless nas peças, no look completo. Mas, na verdade, com o Bowie isso foi além porque o Bowie já tinha lá a ideia de que ele queria construir um personagem e esse personagem era um alien. Não era um humano, embora precisasse ter as características básicas humanas porque o Bowie mesmo iria encarnar esse alien. Aí o Bowie faz uma ronda por todos os designers daquele momento e eles estão trabalhando exatamente o futurismo. E ele não escolhe nenhum desses designers que estão fazendo aquele look lá, Courrèges, ou qualquer outra coisa que fosse da corrida espacial, que fosse daquele clean, daquele tipo de visão de futuro que estava acontecendo. É um encontro tão brilhante que o Bowie escolhe o Kansai que tem essa visão do Kabuki, da cultura japonesa, das máscaras, do teatro humano. E é muito interessante que o Bowie vai incorporar isso como o visto de fora, visto do espaço, deste ser que é o Ziggy Stardust, que é a grande colaboração dos dois juntos com Aladdin Sane e que são os looks mais icônicos dessa fase da carreira do Bowie. Essa roupa o próprio Bowie vai falar que influencia a criação do Ziggy Stardust, inclusive no que ele vai apresentar como show, como disco, como imagem visual. Não é só que o Kansai fez roupas para ele. É um outro nível de parceria. O Kansai tinha o trabalho próprio dele. Inspiração para Undercover e várias outras marcas que foram ficar famosas décadas depois. Mas eles juntos conseguem fazer uma parceria criativa. E é interessante como naquele momento a Inglaterra, os Estados Unidos olhavam o Japão como uma coisa de outro mundo e o Bowie consegue ver isso e fazer uma escolha a altura do gênio dele. E o Kansai só consegue fazer isso com o Bowie porque é também genial e que tem uma visão de ampliação dos códigos japoneses, que leva os dois pro espaço e de volta pra terra para falar das pessoas, das emoções, das tretas humanas. É muito lindo.”

Nos últimos anos, Kansai seguiu com apresentações em formato de shows, mais como um produtor de eventos do que estilista. Com a turnê Hello!, juntando figurino, dança e performance, passou por lugares como Rússia, Vietnã e Índia. Tinha de tudo, até baleia inflável. Abre aspas. “Depois das minhas apresentações as pessoas se sentem felizes e esse é o meu sonho. Eu tento criar algo que transmite, mais do que apenas roupas.” Fecha aspas. Foi o que ele disse em uma entrevista recente.

Kansai fundou o Tokyo Designer Six Group, que foi o embrião da semana de moda de Tóquio. Mas a sua carreira na moda, para além da imagem e dos passos pioneiros, não foi de êxito comercial. Muito provavelmente por esse comprometimento com seu design autoral, de referências a um Japão que não era o valorizado no Ocidente na época.

E isso nos fez questionar sobre essa recepção generalista ocidental, não só da contribuição japonesa, como da de criativos asiáticos, de uma maneira geral, desconsiderando contribuições diversas, vindas de regiões e culturas diferentes. Essa consideração é levantada pelo repórter da ELLE, Pedro João:

“É muito importante a gente lembrar da maneira como a gente fala sobre o Japão e a cultura japonesa. Esse termo, o japonismo, ele é bem assim um olhar super ocidentalizado, super branco que vai lá e pluft nomeia isso de japonismo e em certa medida aglomera uma série de estilistas que tem a suas similaridades e que ajudaram a demarcar o estilo de uma época mas que ao mesmo tempo não são absolutamente iguais. O trabalho da Rei é extremamente diferente do Yohji, mesmo que em comparação com o que estava acontecendo na moda das grandes capitais, na moda francesa, a moda do Yohji e da Rei são muito diferentes. Em comparação com o Issey Miyake, mais ainda. Com o Kenzo, ainda mais. Eu acho que vale a pena entender que esse movimento japonista, em mil aspas, é um movimento super plural.”

E quem comenta mais profundamente isso é a pesquisadora interdisciplinar brasileira de ascendência sino-japonesa, Caroline Ricca Lee, que pensa termos como raça, gênero, etnia e identidades na moda. Caroline aponta que há uma visão reducionista do Ocidente sobre a Ásia, que vai desde a velha idealização da mulher oriental como um objeto dócil e submisso até a generalização de que toda a moda que vem da China hoje é uma produção em massa de peças mal acabadas, feitas em condições precárias de trabalho. E fala ainda sobre o equívoco de enxergar a Ásia como um bloco homogêneo:

“Sobre a falsa ideia de uma unidade criativa asiática, acredito que isso aconteça puramente em função de que há um total desconhecimento sobre a Ásia, né? Sendo este na verdade um território plural que abarca tantas raças etnias e culturas, mas essa homogeneização ela também faz parte de uma estrutura colonial, que visa assimilar esses corpos com a motivação da perda de memória e perda de identidade. Então existe uma estética asiática, mas no caso é preciso pontuar que é uma estética japonesa especificamente comemorada. Porém mesmo essa ainda se encontra em um espaço exótico estrangeiro. Ou seja, há um reducionismo recorrente sobre imaginários e narrativas não brancas. O que me faz refletir, né sobre esse fetiche sobre uma performance específica japonesa. Será que essa é sintomática a vontade de desejarmos antagonizarmos padrões culturais e assim demarcar quem é o outro? Por exemplo no Brasil ha esse evidente entusiasmo com a sobriedade japonesa. Será essa uma forma de contrastar com os padrões culturais no viés do tropical? Bom, deixo aqui o questionamento. Mas o que eu quero dizer é que ele dialoga demais com certas estéticas nossas, brasileiras. Antes do Kansai Yamamoto eu conheci David Bowie e eu não digo isso diminuindo a sua contribuição a minha historia porem é fato como Bowie atravessou toda a minha vida de uma forma avassaladora. A sua música, estética, existência, foram fundamentais para toda a minha construção quando mais jovem pensando em liberdade, gênero e identidade. Quando posteriormente eu descubro quem foi Kansai Yamamoto e a sua contribuição para tudo aquilo que um certo Ziggy me ofereceu como potencia é no mínimo revelador. E com isso constrói um sentido imenso, talvez tardio mas com certeza de pertencimento. Kansai representa uma cena subversiva que na verdade deseja romper com o minimalismo e com a sobriedade. No qual além de questionar como roupa não tem gênero encarou como um espetáculo. E essa rebeldia é muito preciosa pra mim, porque roupa não é apenas tecido mas uma narrativa de corpos, identidades, constantemente em movimento e assim em desobediência ao status quo.

Bom, como a gente ouviu neste episódio mesmo, a ideia de uma roupa que não se preocupe especificamente com o gênero está longe de ser uma novidade. Mas é uma discussão e produção que ganha território cada vez mais desde a década de 1960, 1970. E isso foi a base para produção de marcas e linhas que hoje em dia que se autointitulam genderless.

São marcas como a One DNA e a Telfar, de Nova York; a Art School e a Harris Reed, de Londres, que questionam essas barreiras entre masculino e feminino há muito tempo. No Brasil, a gente também tem bom exemplos de grifes que fazem uma moda em que pouco importa o gênero do cliente, como a Anacê, a Misci, a Pangea, a Another Place.

Entre as grandes marcas de luxo, no entanto, a separação entre homens e mulheres ainda é bem delimitada. A Gucci mostra um esforço para mudar isso desde 2015, quando passou a juntar feminino e masculino em seus desfiles. Agora vem com uma outra iniciativa, batizada de MX, que é uma sinalizada igualmente importante para o mercado dentro deste assunto. Quem conta a boa notícia é a nossa editora de moda Suyane Ynaya:

“MX é um projeto que aborda a necessidade de não colocarmos mais gênero nas produções. Como diz a marca, o projeto, ele não se trata de uma coleção, mas se trata de uma curadoria de itens de diversas coleções da própria marca.”

Então, como explicou a Suyane, o MX é uma nova seção dentro da Gucci, que vai contar com peças de prêt-à-porter, sapatos e acessórios. Os itens foram selecionados entre diferentes coleções desenhadas pelo diretor criativo Alessandro Michele e a cada temporada novas peças serão adicionadas.

De acordo com a apresentação no site da grife, o MX celebra a auto-expressão em nome da igualdade de gênero, enfatiza a natureza performática do que vestimos e apresenta a masculinidade e a feminilidade como conceitos relativos.

Entre os itens que já foram incorporados à nova seção estão calças, casacos, vestidos, sapatos, óculos e bolsas, entre elas, a famosa Jackie bag.

Na última quarta-feira, a Celine apresentou a sua nova coleção, a The Dancing Kid – A Teen Romance. Um drone gravou meninos desfilando em uma pista de automobilismo, o Circuito de Paul Ricard, no sul da França. No vídeo, toca uma versão da música They Call Me Tiago, de Tiagz, músico de 22 anos, famoso por ser tiktoker. E daí você já consegue sacar a coleção. A rede de vídeos Tik Tok, a preferida da geração Z, e seus usuários, conhecidos principalmente pelo estilo e-boy, são as referências para esta coleção de Hedi Slimane, o estilista que está a frente da casa desde 2018.

Tudo começou quando Noen Eubanks, outra estrela tiktoker, foi convidado para ser o rosto da campanha da Céline, em dezembro do ano passado. No Tik Tok, ele acumula mais de 10 milhões de seguidores. Então fica fácil de entender o motivo pelo qual o estilista escolhe agora colocar o jovem em um espaço de anúncio da grife onde já esteve, por exemplo, Joan Didion.

Slimane quer mesmo é abrir um papo com esta geração de no máximo vinte e poucos anos, que compõe dois terços dessa rede, de acordo com o Business of Apps. E ela só cresce no mundo, apesar de trazer vídeos menos polidos e menos editados do que aqueles exibidos em outras redes sociais já dominadas por marcas. Ou talvez seja justamente essa tosquice, aliada à criatividade, que faça o sucesso do Tik Tok.

E Slimane segue o seu perfil de designer que dá a César o que é de César, oferecendo o que de fato o público gosta. E, para uma apresentação online, não perdeu tempo em fazer firula. Entregou peças para quem tá lá mesmo dando stream, like, compartilhando.

E então é aquela série de roupas incrivelmente usáveis do Slimane, que até irrita os puristas, porque facilmente já poderia estar no seu próprio armário e na vitrine do shopping. Mas dessa vez está na nova coleção da Céline.

Não foi só ruim. Foi MUITO ruim. Estamos falando dos resultados financeiros das gigantes do mercado de luxo neste primeiro semestre de 2020. Com a paralisação nas fábricas, o fechamento das lojas físicas e a queda no turismo decorrentes da pandemia de Covid-19, já era esperado que os números não fossem muito animadores, mas o estrago provocado pelo novo coronavírus foi maior do que esperavam os analistas.

Nas palavras do diretor financeiro do grupo LVMH, Jean-Jacques Guiony, nunca houve um “alinhamento de planetas tão perfeitamente negativo” para eles. Líder do setor, o grupo, que detém as marcas Louis Vuitton, Dior e Sephora, entre outras, registrou uma queda de 68% nos lucros na primeira metade do ano. Entre abril e junho, o LVMH teve uma redução de 38% nas vendas.

Para a Kering, grupo que reúne marcas como Gucci, Balenciaga e Yves Saint Laurent, a queda na receita foi de 44% no segundo trimestre. Até mesmo a Hermès, considerada uma grife à prova de crise, sentiu o golpe da Covid-19: as venda da fabricante da bolsa Birkin caíram 42% no período de abril a junho.

Em meio a esse tombo generalizado, o desempenho da Bottega Veneta, uma das marcas da Kering, pode ser considerado um sucesso. A grife italiana registrou uma redução de apenas 9,5% nas vendas do primeiro semestre. Ponto pro designer britânico Daniel Lee, que deu novo fôlego à marca desde que assumiu a direção criativa em 2018.

Mas nem tudo é pessimismo. O e-commerce vai de vento em popa. No caso da Kering, por exemplo, as vendas online triplicaram no período da pandemia. E, de maneira geral, as marcas de luxo já começaram a apresentar sinais de recuperação no mês de junho. Agora, a torcida é para que os consumidores chineses aqueçam novamente o mercado. As grifes, no entanto, não contam tanto com a empolgação de turistas asiáticos. A expectativa é de que as vendas cresçam dentro da própria China.

Agora, quer uma notícia que anima o mercado? O Grupo Soma, dono das marcas Animale, Farm e Cris Barros, estreou bem na bolsa de valores. Na sua oferta inicial de ações, o chamado IPO, o grupo levantou nada menos do que 1 bilhão e 823 milhões de reais. Quer dizer: assim que o Grupo disponibilizou suas ações pro mercado, os investidores acreditaram no potencial da empresa e trataram de garantir sua parte nesse negócio. No evento online, que marcou a abertura de capital do grupo, na sexta passada, o CEO Roberto Jatahy disse que esse IPO não é só do Grupo Soma, mas da moda brasileira.

Apesar de também ter sofrido os efeitos da crise provocada pela pandemia e ter registrado prejuízo no primeiro trimestre, o Grupo Soma tem se destacado por conseguir um crescimento bastante significativo, enquanto outros grupos de moda lutam pra manter a cabeça fora d’água. A empresa tem investido em estratégias pra alavancar as vendas no e-commerce e este ano adquiriu a sua sétima marca, a Maria Filó.

Agora, com o caixa bem recheado graças à venda de ações, a expectativa do mercado é de que o Grupo Soma vá às compras: ou seja, incorpore mais marcas à empresa.

E como a gente testou no último episódio e deu muito certo, vamos continuar com o nosso pivô pela redação, aquele giro de dicas, no final de cada episódio com a participação de alguém da equipe. E dessa vez contamos com a sugestão de ninguém menos que a Susana Barbosa, nossa diretora de redação!

    “Quem me conhece sabe que eu sou fã absoluta do Caetano Veloso, não à toa o meu filho mais velho até ganhou o nome de Caetano. Durante essa quarentena, um dos meus programas preferidos foi acompanhar a Paula Lavigne e o Caetano pelo Instagram. Muita gente criticou e achou que ele fica pouco à vontade nos vídeos que ela posta, mas quem é fã dele como eu, adorou ter acesso a um pouquinho dessa intimidade. Foi assim que a gente descobriu que ele ama paçoca ganhou até o apelido de paçoqueiro e eu achei particularmente engraçado ele falar, com a maior sinceridade, que achou feio o chinelão da Gucci que ele ganhou de presente da Preta Gil. Todo mundo viu também o quanto a Paula, a pedido dos fãs, insistiu pro Caetano fazer uma live. Rolou até uma tentativa de fazer um line-up pra esse show que, de tão esperado, ganhou o nome de live, a lenda. Na sexta agora, dia 07 de agosto, dia do aniversário do Caetano, essa live vai finalmente acontecer. Quem conseguiu essa proeza foi o Marcelo Adnet. De tanto imitar a dinâmica dos dois, ali na intimidade do apartamento, o Caetano parece que se animou a fazer a tal da live. Eu não gosto de lives, mas confesso que assisti a algumas bem icônicas, como a da Tereza Cristina com o Chico e até o Haddad dando uma palhinha no violão, e também a da Elza Soares, que teve uma participação rápida do Caetano e do próprio Chico. Então, a minha dica pra essa semana é sextar comemorando os setenta e oito aninhos de Caetano Veloso, no dia 7 do 8. E eu vou dedicar essa live dele a dois amigos, colegas de profissão que eu admiro e respeito muito, e que eu sei que também são loucos por painho: o fotógrafo Bob Wolfenson e o editor de moda, Paulo Martinez.”

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