Clodovil do avesso: O pivô final
Sexto e último episódio do podcast relembra a passagem de Clodovil pelo Congresso Nacional, a morte e o legado do estilista.
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São pequenos detalhes, mas são eles que valem a pena. Assim como um vestido é feito de um pequeno detalhe, a grande vida de um ser humano é feita de pequenos detalhes também. Pode ter certeza disso. Até segunda-feira, se Deus quiser, tenho certeza que ele há de querer. Mudanças acontecerão e que elas sejam pra melhor, pra vocês e pra mim. Porque de nada adiantaria fazer televisão pra um povo infeliz. Eu não gostaria.
Este é o trecho final do programa A Casa é sua, transmitido em 14 de janeiro de 2005. Como anunciou Clodovil, mudanças aconteceram, mas não foram exatamente para melhor. Ele não retornou ao estúdio na segunda-feira porque foi demitido da Rede TV! devido a comentários ofensivos feitos à apresentadora Luisa Mell. Além de colega de emissora, Luisa, na época, era namorada de Amilcare Dallevo, simplesmente o presidente e co-proprietário da Rede TV!
Após mais essa demissão, Clodovil amargou um período bem difícil. Sem salário e com diversos processos contra ele rolando na Justiça, a situação financeira do apresentador estava mais crítica do que nunca.
E a coisa ficaria pior. Em setembro daquele mesmo ano, ele foi diagnosticado com câncer de próstata. Mas ainda não seria dessa vez que ele sairia de cena. Porque o destino reservava uma última guinada na vida de Clodovil.
Eu sou Patricia Oyama.
Eu sou Gabriel Monteiro.
E este é Clodovil do Avesso, o podcast da ELLE Brasil que conta a vida de Clodovil Hernandes, o menino do interior paulista que gostava de desenhar, se tornou um dos principais costureiros do Brasil, conquistou uma legião de fãs e haters como apresentador e foi eleito deputado federal com quase 500 mil votos.
Neste último episódio, vamos falar da breve e intensa passagem de Clodovil pelo Congresso Nacional, dos últimos dias na capital federal e do legado deixado pelo estilista mais polêmico do Brasil.
Como a gente pode acompanhar nos episódios anteriores, demissões eram algo frequente na carreira de Clodovil. Mas essa última, da Rede TV!, comunicada por fax, foi especialmente dolorosa, como ele confessou a Silvio Santos, no programa Nada além da verdade.
Eu perdi um trabalho que eu tinha adoração por ele. Eu nunca fiz nenhum trabalho na televisão que eu tivesse tanto amor como A casa é sua. As pessoas pensam que eu não gostava. Porque eu conheci a Vida Vlatt justamente nessa época. E nós fazíamos 4 horas e meia de TV por dia às gargalhadas, sem texto, tudo de improviso, porque era verdade. Existia uma coisa de amor no trabalho da gente e era todo santo dia. Foi quase um ano e eu ia com uma alegria pra televisão, uma vontade de chegar logo na emissora. E fui posto pra fora de lá por uma amante de uma das pessoas de lá.
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Desempregado aos 67 anos, com um histórico de brigas por todas as emissoras por onde havia passado, não seria fácil para Clodovil conseguir uma recolocação profissional. Nos meses seguintes, ele só apareceria na TV no papel de convidado, como na ocasião em que foi ao Show do Tom, apresentado por Tom Cavalcante na Rede Record, e protagonizou um célebre bate-boca com Cacá Rosset, que culminou com o diretor de teatro saindo no meio do programa.
(Clodovil): Cacá, você não tinha uma roupinha melhor pra vir, não?
(Cacá Rosset): Não, ué. Eu como sou mais pobre que você, eu não tinha uma roupinha melhor, infelizmente.
(Clodovil): Gaste seu dinheiro melhor pra se vestir.
(Cacá Rosset): Ele já falou que eu sou maltrapilho, que eu sou mais pobre que ele…
(Clodovil): E não tem cabelo também! Eu tenho!
(Cacá Rosset): Esse cidadão é o dono da verdade!
(Clodovil): Eu não, quem me dera!
(Cacá Rosset) Ele é o dono da verdade. Ele é rico, ele é maravilhoso, ele tem cabelo! Eu sou uma porcaria!
Em setembro de 2005, Clodovil voltou a ser notícia: o apresentador anunciou que estava com câncer de próstata. Ele falou sobre o assunto em uma entrevista a Gugu Liberato, gravada, a pedido dele, dentro da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, nos Campos Elíseos, em São Paulo. E atribuiu o surgimento do tumor às decepções que teve na televisão.
(Clodovil): O meu tumor de agora tem um nome. O meu tumor de próstata chama-se televisão.
(Gugu): Você acha que o tumor, ele vem de… Sofrimento, somatização?
(Clodovil): Sofrimento, exatamente. Mas, no meu caso, esse não é para me fazer sofrer. Esse é para me fazer crescer. Porque morrer, todos nós estamos morrendo. Tonta da pessoa que morre de medo. Eu morro de vida.
(Gugu): Mas a televisão te fez sofrer muito?
(Clodovil): Muito! Ce já pensou quantos calotes eu já levei, Gugu?
Um dos prejuízos que Clodovil alegava ter sofrido foi justamente no seu último emprego, na Rede TV! Ele entrou com uma ação indenizatória contra a emissora, por demissão injusta, e perdeu em primeira instância. Mas aí entra em cena outra figura-chave dos últimos anos de Clodovil: a advogada Maria Hebe Pereira de Queiroz.
Ela assumiu o caso e conseguiu reverter a decisão. Na época, a Rede TV! foi condenada a pagar 1 milhão de reais a Clodovil, mas ele não chegou a ver esse dinheiro. A emissora entrou com vários recursos e perdeu em última instância em 2012, três anos após a morte do apresentador. A indenização começou a ser paga em 10 parcelas ao espólio de Clodovil só no final daquele ano. Maria Hebe ainda entrou com uma segunda ação contra a Rede TV!, dessa vez de prestação de contas. Esse processo tramita até hoje na Justiça.
Mas além de ser a advogada e, posteriormente, a responsável por administrar o espólio do estilista, Maria Hebe teve outra participação fundamental nessa história: foi ela que deu a Clodovil a ideia de entrar para a política.
Um dia eu cheguei na casa dele, e eu disse assim, eu falei para ele que eu ia abrir a geladeira, porque eu queria uma água gelada, o que nem era verdade, eu queria ver o que tinha lá, se ele tinha o que comer. Só tinha leite lá dentro. Aí eu disse, Clô, por que você não se candidata a deputado federal? Eu acho isso errado, mas a gente vê tanta coisa errada na política e ninguém entra lá com boas intenções. E ele tinha muito boas intenções, eu vou dizer para você.
A advogada conta que, quando sugeriu a candidatura, Clodovil só olhou para ela e não respondeu. Mas no dia seguinte, logo de manhã, já ligou querendo retomar a conversa.
No dia seguinte, ele começou me ligando eram 10 horas da manhã. “Vem aqui”. Eu falava com ele, “eu estou chegando no escritório, eu tenho que trabalhar”. “Não, mas você vem aqui.” Quando era uma e meia, duas horas, ele ligou de novo. “Eu estou te esperando, você vem aqui, eu quero conversar daquele assunto.”
Maria Hebe foi à casa de Clodovil no final do dia e explicou que, para se candidatar, a primeira coisa que ele precisava fazer era se filiar a um partido político.
E aí vem uma daquelas revelações surpreendentes de Clodovil: o apresentador disse que queria se filiar ao partido de Heloísa Helena, que, na época, era senadora pelo PSOL, sigla que nasceu de dissidentes do PT. Naquela eleição de 2006, Heloísa Helena foi candidata à presidência da república pela coligação Frente de Esquerda, que reunia o PSOL, o PSTU e o PCB.
Bom, a advogada chegou a contactar o partido de Heloísa Helena, mas a conversa não foi muito animadora.
Contei que ele estava querendo sair candidato e que ele queria fazer exatamente isso, entrar no partido por causa da Heloísa Helena. Aí, ele falou assim: “Então, ele já leu o estatuto do partido?” Ele chamava Márcio, se não me engano. Eu falei: “Márcio, você está brincando. Você acha que o Clodovil vai sentar e ler o estatuto do partido? Se ele concorda ou não? Eu acho que você deveria muito bem filiá-lo, porque você vai fazer pelo menos mais um, dois ou três deputados em cima dele, porque é o coeficiente eleitoral, certo?” Aí, ele falou: “Mas ele tem que ler, não sei o quê”. Eu falei: “Então, eu vou conversar com ele”.
Ela, então, avisou Clodovil que era melhor descartar a primeira opção de partido, mas já providenciou outro caminho.
Aí, eu peguei e falei: “Clodovil, sem condições de sair no partido da Heloísa Helena”. Aí, eu liguei para o Ciro Moura, presidente do PRN: “Ciro, você quer filiar o Clodovil? Você vai fazer no mínimo mais um deputado aí, ou dois, não sei o quê”. Ele aceitou na hora.
Só uma rápida contextualização: o PRN, nas eleições de 2006, já havia sido rebatizado de PTC, Partido Trabalhista Cristão, e hoje se chama AGIR36.
Bom, com a filiação e outras pendências resolvidas – Clodovil não fazia declaração de imposto de renda há anos, por exemplo –, era hora da campanha eleitoral. O partido não tinha muito dinheiro e o candidato, muito menos.
Eu falei para ele, Clô, você não precisa ter outro, você vai se eleger sozinho. Você se elege na hora. E eu vou dizer para você, nem campanha fez. Se tivesse feito campanha, tinha feito mais de um milhão. Ele não tinha nada. Ele um dia ganhou de um amigo um santinho, que era um santinho do tamanho de uma folha de ofício. Não dava para andar com aquele lá. Ele mal tinha santinho, entendeu? Porque não deram nada para ele, não tinha dinheiro, não tinha nada. O partido também não tinha dinheiro.
Mas apesar da escassez de recursos, Clodovil fez o que sabia fazer de melhor: aproveitou os poucos segundos a que tinha direito no horário eleitoral gratuito para fixar sua candidatura na cabeça do eleitorado, passando uma imagem de seriedade e comprometimento, sem deixar de lado um certo deboche.
“Eu queria, eu prometo”. Sempre as mesmas palavras, né? Que coisa velha, que coisa antiga essa política brasileira, não é, menino? Agora, me aguardem, porque vai mudar tudo. Ah, vai. 3611 é meu número e vocês sabem disso. Agora, por que eu escolhi o 11? Meu amor, porque o 24 já era, agora é um atrás do outro!
Esta figura bem educada, que verbaliza direito, vocês não pensem que eu sou passivo, não. Pisa no meu pé pra ver o que acontece. Eu não tenho talento nenhum pra prometer nada, mas tenho talento pra denunciar.
E então, no dia 1 de outubro de 2006, Clodovil Hernandes foi eleito deputado federal por São Paulo, com 493.951 votos. Foi a terceira maior votação do Estado e a quarta maior votação do país. Ficou atrás apenas de Paulo Maluf, Ciro Gomes e Celso Russomano. Embora não fosse uma bandeira levantada pelo candidato, ele foi o primeiro homossexual declarado a conquistar uma cadeira na Câmara de deputados.
Eu não sei o que é decoro com um barulho desses enquanto a gente fala. Não sei. O que seria decoro? Porque parece um mercado. Isso aqui parece um mercado, isso aqui representa o país. Eu não entendo que tanto barulho quando as pessoas estão falando.
No dia em que deu esse puxão de orelha nos coleguinhas da Câmara, Clodovil conseguiu a rara proeza de deixar o plenário em silêncio, e garantiu que faria muito mais.
E Brasília nunca mais foi a mesma depois da passagem de Clodovil por lá, como ele prometeu na campanha? Não, né? Continua a mesma coisa. Mas durante aqueles dois anos e 76 dias de duração do mandato do estilista, o Congresso Nacional conheceu pelo menos um pouco mais de estilo e elegância.
No dia da posse, em contraste com a maioria dos eleitos, que vestiam os trajes escuros de praxe, Clodovil assumiu o cargo usando um terno branco de algodão com um brasão da República bordado no bolso, chapéu Panamá, sapato bicolor preto e branco e uma bengala de madeira.
A reforma do gabinete foi outra medida de Clodovil que virou pauta. De acordo com o que foi noticiado na época, ela custou cerca de 200 mil reais e foi paga com recursos próprios.
Na recepção, foi colocado um tapete tibetano, um sofá de dois lugares e um retrato do parlamentar em papel reciclado, borra de café e barro.
Mas o destaque da decoração no espaço de 29 metros quadrados era uma cobra naja de metal que servia de base para uma mesa com tampo de vidro. A peça foi até assunto de uma entrevista dada por Clodovil no programa Hoje em Dia, da Record, apresentado por Ana Hickmann, Edu Guedes e Britto Junior.
(Ana Hickmann): É verdade que você usa uma cobra na decoração?
(Clodovil): Não, eu tenho uma cobra que segura a minha mesa, que é uma naja oriental que se chama Marta.
(Britto Jr): É uma homenagem?
(Clodovil): É uma homenagem à senhora Marta Suplicy.
A ex-prefeita de São Paulo, como era de conhecimento público, foi um desafeto histórico de Clodovil e moveu uma ação contra o antigo colega da TV Mulher por comentários ofensivos feitos a ela em 2004. Essa foi uma das indenizações que o espólio de Clodovil teve que pagar em 2012. O valor, corrigido, ficou em torno de 230 mil reais.
Mesmo durante sua curta carreira de parlamentar, Clodovil não conseguiu deixar de lado a paixão pela TV. E logo no início do mandato, embarcou em uma última aventura como apresentador: o programa Por Excelência, da TV JB, dirigido pelo amigo José Augusto de Souza.
E o projeto era assim, a gente queria fazer um reality show dentro da Câmara Federal, sabe? Pegar o telefone: “Ministro, o senhor está sendo gravado. Aqui é o deputado Clodovil, e eu queria saber a respeito da verba para o hospital de Ubatuba”. E isso causou um pânico dentro da Câmara Federal, porque deputados não gostam de gravações. Quando a gente entrou, eu, o cinegrafista e ele, dentro do cafezinho da Câmara, ele começou a entrevistar as pessoas aleatoriamente, o Conselho de Ética da Câmara foi acionado imediatamente para que aquilo não acontecesse mais.
O programa então, acabou tendo um formato mais tradicional, de entrevistas.
Eu quando pedi esse programa, a chance de poder entrevistar os parlamentares, as pessoas envolvidas com a política, era pra mostrar o coração dessa gente, que fica escondido em Brasília. O povo não sabe do coração das pessoas.
E, na escolha dos convidados, Clodovil não discriminava nenhum espectro político. Dilma Rousseff, na época ministra-chefe da Casa Civil, a deputada Luiza Erundina e o então senador Fernando Collor de Mello foram alguns dos entrevistados do programa.
Em julho de 2007, no entanto, só quatro meses após a sua estreia, Por excelência saiu do ar. O motivo? Pois é, Clodovil foi demitido de novo. Mas, na última demissão de sua vida, a causa não foi a língua solta do apresentador. Clodovil foi dispensado por faltar a várias gravações.
Já do cargo de deputado Clodovil não poderia ser demitido. Mas claro que em alguma confusão ele iria se meter. Em setembro de 2007, ele anunciou que estava deixando o Partido Trabalhista Cristão para se filiar ao Partido da República, o PR. O PTC não gostou da troca e entrou com uma petição no Tribunal Superior Eleitoral para que o deputado perdesse o mandato por infidelidade partidária.
O processo se arrastou por quase todo o período de Clodovil no Congresso e só foi encerrado em março de 2009, dias antes de sua morte, quando o TSE julgou que a mudança de partido era justificável e manteve por unanimidade o mandato do apresentador.
Mas a grande polêmica de Clodovil no Congresso foi o embate com a então deputada Cida Diogo, do PT. Cida foi ofendida pelo colega quando recolhia assinaturas no plenário para uma representação contra ele. O motivo dessa representação era a declaração de Clodovil, que a gente comentou no episódio 4, dizendo que as mulheres estavam ficando ordinárias e que trabalhavam deitadas e descansavam em pé.
De acordo com o relato da deputada, que ficou extremamente abalada na ocasião, Clodovil teria dito que Cida, abre aspas, era tão feia que não poderia nem ser puta, fecha aspas.
Clodovil negou o uso do palavrão, mas admitiu que chamou a parlamentar de feia.
Se eu tivesse dito palavrão, ela teria me dado um tapa na cara, que é coisa que qualquer mulher faria. Eu não disse! Eu não tive nem tempo, ela saiu correndo, rodopiando. Eu falei: ela vai fazer cena lá em cima, dito e feito. Eu tenho obrigação de achá-la bonita por quê? Eu ainda disse: faça como eu, querida, vá para o hospital, se opere, vá pra Santé. Se cuide, eu tenho 70 anos e ninguém diz.
Nós procuramos Cida Diogo, para falar sobre o episódio, mas a ex-deputada, que é médica, e hoje trabalha no Ministério da Saúde, preferiu não remexer no assunto, uma vez que envolve alguém que já morreu.
Clodovil nunca pediu desculpas à colega, mas teve, sim que se retratar em relação à declaração misógina que originou a representação de Cida e da bancada feminista.
Ele escreveu um pedido de desculpas às mulheres, que seria lido no plenário, mas acabou sendo divulgado por escrito, porque Clodovil sentiu dores no peito e teve que ser internado em São Paulo. Na carta, dirigida ao povo brasileiro, ele dizia se arrepender por não ter sido atento e não ter se dado conta de que ultrapassava os limites do politicamente correto. E continuava, abre aspas: “Peço desculpas às mulheres. Elas sabem, pois me conhecem há anos – e não somente agora na figura de deputado federal – que sou assim, que às vezes me empolgo e falo demais, mas que isso não significa, em momento algum, desprezo ou desrespeito pelas mulheres”. Fecha aspas.
Mas nem só de polêmicas se fez a passagem de Clodovil pelo Congresso Nacional. Em pouco mais de dois anos de mandato, ele apresentou 55 propostas. Dessas, apenas duas se concretizaram.
A primeira foi o projeto de lei que autoriza o enteado a adotar o nome da família do padrasto. O PL foi aprovado pelo Senado e transformado em lei ordinária em abril de 2009.
A segunda foi o PL que torna obrigatório o nome dos dubladores nos créditos das obras audiovisuais, transformado em lei em novembro daquele mesmo ano.
Entre os projetos que não foram aprovados, o que fez mais barulho foi a Proposta de Emenda Constitucional que reduzia o número de deputados federais de 513 para 280.
Eu pretendo diminuir o número de deputados na Câmara de deputados federais. Mas não sou eu que pretendo. É uma necessidade premente. É muita gente, é muita despesa, é muito tudo isso e muito desentendimento, quer a gente queira, quer não. Onde muita gente fala, toda casa que não tem autoridade, ninguém manda.
Clodovil conseguiu a assinatura de mais de um terço da Câmara para dar encaminhamento à PEC, mas, previsivelmente, a proposta não foi pra frente.
Outro projeto que continua dando o que falar até hoje é o PL 580, de 2007, que regulamentava a união civil de homossexuais. Como a gente comentou no episódio 4, o projeto de Clodovil acabou recebendo emendas que distorceram a ideia inicial, de legalizar a união homoafetiva principalmente para fins patrimoniais, e acabou virando uma proposta para proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O projeto ainda está em tramitação na Câmara.
Clodovil tentou emplacar outros projetos pertinentes, como o PL 207, também de 2007, que obrigava o Estado a dar tratamento médico e psicológico às vítimas de violência sexual. A proposta acabou arquivada, assim como aquela que obrigava as escolas a divulgarem a lista de material escolar 45 dias antes do início do ano letivo e a que criava o Dia da mãe adotiva. Essas duas últimas chegaram a ser aprovadas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara uma semana após a morte do deputado, mas, passada a comoção, caíram no esquecimento.
Clodovil também não conseguiu aprovar o PL que tornava obrigatório o exame de próstata para os trabalhadores com mais de 40 anos. A prevenção do câncer de próstata, por sinal, foi uma das grandes causas defendidas pelo deputado, que sempre falava no assunto nas entrevistas, como esta, dada a Rodrigo Faro, no programa Hora do Faro, em que mostrou o dedo do meio para a plateia.
Então, eu posso falar sobre câncer no plenário porque eu tive. Porque as pessoas não têm coragem de falar de câncer. O homem é um bobo, ele tem medo deste dedo e leva a vida moral neste dedo. As pessoas fazem este gesto na rua por causa disso. Isso é um crime, gente. Vocês induzem homens a morrerem de câncer. Porque o único exame que detecta o câncer de verdade é este. O PSA, que é o exame pelo sangue, não diz que tipo de câncer você tem. E isto não faz absolutamente nada de imoral com o homem. Ao contrário, salva a vida dele, salva o pai de família.
Uma das sequelas do câncer de próstata de Clodovil foi um quadro de incontinência urinária. Em agosto de 2008, ele se submeteu a uma cirurgia na uretra para corrigir o problema. O procedimento foi bem sucedido, mas dias depois o deputado teve uma embolia pulmonar, que o levou a ser internado na UTI. Ele se recuperou e retomou os trabalhos na Câmara.
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A saúde de Clodovil, no entanto, já não era a mesma há algum tempo. Além do câncer, ele teve episódios de hipertensão e um primeiro AVC em junho de 2007, que o levou a uma internação de sete dias e chegou a afetar temporariamente seus movimentos.
Além das hospitalizações necessárias, Clodovil também se internou várias vezes por conta própria. Quando assumiu seu mandato em Brasília, o deputado não tinha mais seu apartamento na República do Líbano e, quando voltava a São Paulo, se hospedava em uma famosa clínica de estética – e aproveitava para mexer aqui e ali, numa rotina de procedimentos que vinha se intensificando nos últimos anos, como ele havia contado a Gugu, no Domingo Legal.
Eu fiz… Eu fiz o que aqui, Meu Deus? Eu fiz tanta coisinha aqui. Porque essas peles todas que envelhecem a gente, eu fui tirando aos poucos. Eu tirei quatro vezes. Ainda tem um pouco para daqui a uns 20 anos, quando eu tiver 90, eu resolver o que eu vou fazer, aí eu faço aqui. Porque o que envelhece a gente é que a cara despenca. E você vê que a pessoa fica com cara de cebola, né? Todo mundo fica… Às vezes tem os traços bonitos, mas a cara despenca. Eu estou muito melhor agora do que quando eu tinha 30 anos, eu acho.
Os problemas de saúde, entretanto, não impediram que Clodovil exercitasse como nunca seu lado anfitrião no Distrito Federal. O amigo Mauricio Petiz, que foi chefe de gabinete do deputado, como a gente contou no episódio passado, lembra que Clodovil costumava organizar dois jantares por semana. Um às quartas-feiras, em que recebia políticos, e outro às quintas, onde juntava senhoras da sociedade de Brasília, antigas clientes e outros amigos e conhecidos. E, como era do feitio de Clodovil, não era um jantar qualquer.
Ele não tinha essa percepção das divergências ou das diferenças políticas e tal, ele adorava o social disso tudo. Então ele fez um apartamento deslumbrante, as pessoas entravam, ficavam ensandecidas, porque afinal era um apartamento funcional que ele pôs abaixo, como pôs também o gabinete, e refez tudo aquilo. Tinha um piano de cauda, ele comprou o piano para o apartamento, e as pessoas jantavam com o pianista tocando. Então, assim, era todo um requinte, uma coisa que ele tinha, e ele curtia isto, ele adorava fazer isso, ele adorava mostrar para as pessoas que ele sabia receber, que ele sabia cozinhar, e ele falava, eu preparei isto, isto, isto, e fiz assim…
No dia 15 de março de 2009, Clodovil estava especialmente empenhado na preparação de um jantar em homenagem a Michel Temer, que tinha acabado de ser eleito presidente da Câmara dos Deputados. O encontro foi marcado excepcionalmente pra uma terça.
Esse jantar que ele falava, ele falou que era o jantar da Vitória, e ele não veio para São Paulo, ele ficou em Brasília no fim de semana preparando tudo isso e tal. E tinha uma deputada amiga nossa, que é do Ceará, e ela é que ia levar as lagostas para ele preparar para o jantar. Ele falou comigo, era uma e pouco da manhã: “Você cobrou a deputada, porque ela não pode, não sei o quê, porque as lagostas, tal, tal, tal”. “Tá bom, amanhã cedo eu ligo e reforço”.
A deputada, de fato, levou as lagostas para Brasília. Mas o jantar nunca aconteceu.
Sete e dez, algo assim, tocou o meu telefone e no identificador de chamada veio o telefone privativo do quarto dele, era o telefone fixo do quarto de Brasília. E eu falei: “Meu Deus, ele falou comigo à uma, já está ligando de novo”. E, na verdade não era, não era o Clodovil, era a empregada dele, que foi pegar a Castanhola para dar o remedinho, a Castanhola estava com uma infecção, estava tomando remedinho, então ela foi pegar a Castanhola no quarto e o Clodovil estava no chão, deitado no chão, de bruços. E ela me ligou e falou: “Seu Maurício, o deputado está dormindo no chão”. Eu falei: “Ah, então acorda ele e fala para ele ir para a cama”. “Eu chamei, mas ele não me respondeu”. Eu falei: “Então, chama o Klaus no quarto”, que o Klaus estava dormindo no quarto ao lado.
Klaus Agabiti era um dos amigos mais antigos e próximos de Clodovil, que infelizmente a gente não conseguiu entrevistar para o podcast. Nesses últimos meses em Brasília, ele e Maurício se revezam no apartamento funcional para não deixar o deputado sozinho, por causa dos problemas de saúde que ele vinha apresentando.
Naquela segunda-feira, Klaus foi ao quarto, virou Clodovil de barriga para cima e viu que ele ainda respirava. De São Paulo, enquanto corria pra pegar o avião, Maurício acionou o serviço médico da Câmara, que enviou uma ambulância para o apartamento do deputado.
Clodovil foi internado no Hospital Santa Lúcia, e o plano inicial era transferi-lo para o Sírio Libanês, em São Paulo. Mas o médico que atendeu o deputado avaliou que não havia condições do traslado ser realizado, porque o estado do paciente era gravíssimo.
Porque nos exames indicava que ele tinha quase 300 ml de sangue na caixa craniana, ou seja, foi um AVC que rompeu e estufou, começou a comprimir o cérebro, claro, de sangue espalhado ali. E aí, eles precisavam fazer um procedimento com perfuração, com duas cânulas, uma para injetar um solvente e outra para retirar isso, para tentar drenar um pouco esse coágulo. E tentou-se, claro, mas, assim, não obteve resultado. Eu não sei se drenou, se não drenou, eu só sei que ele continuou em estado gravíssimo.
Por volta das 16 horas do dia seguinte, os médicos anunciaram a morte cerebral de Clodovil. Maurício ainda tentou autorizar uma doação de órgãos, mas o deputado sofreu uma parada cardíaca na sequência, que inviabilizou o procedimento.
Boa noite. Morreu hoje aos 71 anos o estilista e deputado federal Clodovil Hernandes. Ele foi internado ontem depois que sofreu um derrame. A repórter Poliana Abritta traz as informações de Brasília.
O velório de Clodovil foi realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo e reuniu amigos, fãs e vários políticos, como Valdemar Costa Neto e Michel Temer. E nesse traslado do corpo de Brasília para a capital paulista, o chefe de gabinete teve um último cuidado com o amigo.
Clodovil não voava de Gol nem amarrado. Só fazia esse trajeto de TAM. Acontece que a TAM não realizava traslado de corpo. E mesmo com o deputado morto, Mauricio decidiu que não colocaria o amigo num voo da companhia aérea em que ele se recusava a voar.
Aí, eu liguei no Palácio do Planalto e nós tínhamos tido uma reunião com a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, e expliquei a situação, e ela liberou um avião da FAB para fazer o traslado do corpo.
Clodovil partiu, mas as polêmicas e confusões envolvendo seu nome continuam vivas. Não faltam na internet teorias dizendo que ele na verdade teria sido assassinado, embora o laudo médico seja bastante claro e não exista nenhuma evidência de crime.
O estilista não deixou herdeiros. Seu último desejo era que sua herança fosse usada para criar uma instituição dedicada a cuidar de meninas carentes, como ele contou na última entrevista a Amaury Jr.
Vai se chamar Fundação para meninas Isabel Hernandes. E essa fundação vai tomar conta de meninas que estão abandonadas em casa. Porque essa coisa de meninas abandonadas na rua é muito vaga, né? As meninas que ficam em casa recebem homens em casa, fumam crack, as mães estão trabalhando por aí. E essas meninas precisam ser tiradas de casa e colocadas em um lugar em que alguém mostre a elas a beleza da vida, goste delas e não as obrigue a nada.
Clodovil tinha todo o projeto formatado na cabeça. A sede da fundação seria a casa de Ubatuba. As meninas chegariam às 7 da manhã e ficariam até 5 da tarde, aprendendo várias atividades, mas se não quisessem frequentar as aulas, não teriam que ir. Ele acreditava, no entanto, que, sem fazer pressão, e com o exemplo de outras colegas, todas as garotas acabariam estudando.
O que o apresentador não previa era que, antes de sua herança poder ser usada para a criação de uma fundação, ela teria que dar conta de pagar as suas dívidas. E elas eram várias: iam de salários de funcionários a indenizações estipuladas pela Justiça nas ações movidas contra ele.
Para levantar fundos para cobrir as dívidas que se acumulavam, foi realizado um leilão dos bens de Clodovil em 2012, que ganhou até reportagem de 6 minutos e meio no Fantástico.
De cara, já dava pra saber. Essas peças só podiam ser dele, Clodovil Hernandes. Agora, elas estão prontas pra ganhar um novo dono. E o Fantástico teve acesso exclusivo aos mais de 150 objetos, joias e móveis, que esta semana vão a leilão em São Paulo, três anos depois da morte de Clodovil.
Entre peças como uma gravata borboleta coberta de brilhantes, objetos de valor sentimental, como o medalhão com a foto da mãe, e baús e bolsas Louis Vuitton – incluindo duas falsificadas –, o leilão arrecadou mais de 370 mil reais, valor bem acima da expectativa inicial, de 80 mil reais.
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A casa na Granja Viana também foi vendida para pagar dívidas. Já a famosa mansão de Ubatuba é um dos grandes enroscos do espólio. O imóvel foi a leilão no final de 2017 e ninguém se interessou por ele. Houve outro leilão meses depois, mas foi só na terceira tentativa, em agosto de 2018, que a casa foi arrematada por 750 mil reais.
Só que logo depois a compradora, uma moradora de Campinas, pediu a anulação do negócio na Justiça, por se sentir ludibriada. O caso é que a mansão foi erguida numa região de preservação ambiental, o que gera uma série de restrições ao proprietário, como a proibição de ampliar a área construída.
O pedido de anulação foi negado no tribunal, mas a nova proprietária até hoje não tomou posse do imóvel, que está abandonado desde a morte de Clodovil.
Por determinação da Justiça, uma parte da casa foi demolida em 2016, por estar em uma área de preservação permanente. O Ministério Público de São Paulo chegou a requerer a demolição total do imóvel, mas o pedido foi negado em março deste ano.
Atualmente, a casa de Ubatuba, que tinha mais de 20 cômodos e hidromassagem com uma vista absurda para o mar, está literalmente caindo aos pedaços. Apenas um funcionário, pago pelo espólio de Clodovil, vigia o local para evitar invasões.
Mas se a herança física deixada por Clodovil está em ruínas, o que resta do legado imaterial do estilista?
Para muita gente, ele foi um mestre. Apesar de várias de suas atitudes passarem longe das boas práticas indicadas pelo RH de qualquer empresa, todas as pessoas que trabalharam com Clodovil, entrevistadas pelo podcast, relatam que aprenderam muito com ele. E ter sobrevivido a um chefe desses acabou virando um baita trunfo no currículo, como diz Maurício Petiz.
“Ah, Maurício faz qualquer coisa.” “Maurício qualquer coisa que você der a ele, ele vai destrinchar porque ele trabalhou com o Clodovil.” E o Clodovil era exatamente isso. Um dia ele falou alguma coisa que eu disse: “Clodovil, desculpa, isso não é possível, não dá, não consigo fazer.” Ele falou, pôs a mão na cintura assim e olhou para mim e fez assim: “Queridinho, eu não trouxe você aqui para fazer o possível. O possível, qualquer um faz, vai lá e resolve”. E esses desafios, a bem da verdade, me ensinaram, eu me superei em muitas coisas, eu aprendi muito e digo a você com toda tranquilidade: os meus pais me educaram, me formaram, tudo isso, mas o Clodovil foi quem me botou de pé na vida. Eu aprendi com ele quase tudo que eu sei.
Depois que Clodovil morreu, Maurício teve a ideia de criar um instituto pra preservar a memória do estilista. Ele chegou a organizar algumas exposições, mas por dificuldades financeiras e operacionais, o Instituto Clodovil Hernandes passou a funcionar apenas virtualmente, como um perfil no Instagram, que reúne fotos do estilista, de suas criações e artigos sobre ele, enviados por amigos, fãs e antigas clientes.
A admiração que Clodovil ainda desperta no público também pode ser conferida na plateia do espetáculo Clô, para sempre, estrelada por Eduardo Martini, em cartaz no Teatro União Cultural, em São Paulo, A peça é a segunda produção em que Martini personifica o costureiro e apresentador. A primeira foi Simplesmente Clô, que rendeu a ele o prêmio Bibi Ferreira de melhor ator em 2022.
A gente foi conferir a atuação impressionante de Martini, que realmente parece Clodovil ressuscitado no palco, e conversou com ele depois do espetáculo, pra saber um pouco das impressões do ator sobre a figura que ele interpreta.
O Clô fez muita coisa, muita cagada, fez muita coisa que ele… Sei lá por que que ele fez, eu também não estou aqui nem pra defender, nem pra criticar, vocês perceberam, né? Eu não tenho essa coisa, mas é ele, né? E eu estou aqui pra fazer um cara que era inteligentérremo, que foi um ícone, ele lançou o prêt-à-porter brasileiro, ele começou a criar coisas bonitas a preço barato, porque ele queria mesmo era deixar as pessoas bonitas.
Político, ele foi bom? Não sei. Agora, na moda, não tem o que falar. O que ele tinha de gente atrás dele, o que ele casou de noiva, o que ele teve de histórias, não tem o que contestar. O cara desenhou, fez, aconteceu, foi, não tem o que falar.
A jornalista Lilian Pacce destaca outro ponto pouco lembrado na trajetória do costureiro.
Primeiro que eu acho que é importante a gente lembrar que ele é o primeiro, digamos, estilista de sucesso não branco, né? Acho que isso é muito importante, num meio em que o preconceito predominava e, de certa maneira, predomina até hoje. Ele, apesar da pele dele, apesar da cor dele, ele se impôs lindamente no mercado, né? O fato dele existir já era um enfrentamento ali, sabe?
Quem também destaca esse pioneirismo involuntário de Clodovil, que nunca foi de abraçar publicamente pautas de minorias, é Vagner Carvalheiro, professor do curso de Modelagem do Vestuário na ETEC José Rocha Mendes.
A gente poderia ser mais tolerante, principalmente com pessoas de gerações muito anteriores à nossa, que tiveram que desbravar o Brasil. Eu fico pensando, né? Ser gay no Brasil na ditadura, e vender roupas. Porque ele era gay, era assumido e fez sucesso. O auge da carreira do Clodovil é a época da ditadura, de 75 a 80, 82, 83 e tudo mais.
Bem, em suas entrevistas e durante seus programas, Clodovil falou várias vezes sobre a morte, e a gente pensou em escolher a melhor declaração dele sobre o assunto pra incluir aqui. Mas, no final, decidimos encerrar este podcast com mais uma passagem contada pelo amigo Mauricio. Ela aconteceu na volta de um fim de semana em Ubatuba, em que eles haviam assistido ao filme O Segredo de Beethoven, que conta a relação de afeto e cumplicidade entre o compositor alemão e sua assistente, Anna Holtz.
Um dia lindo, lindo, ensolarado, e aquela serra, nós subimos aquela serrinha de Taubaté, pela Oswaldo Cruz, que ela é toda cheia de curvas, né? E aí, assim, estávamos subindo a serra, o motorista sentado à frente, eu e ele no banco de trás, e ele ouvindo a Nona sinfonia de Beethoven. Pôs lá o DVD e estava ouvindo, o CD, perdão, ouvindo a Nona sinfonia. E aquela coisa inebriante, porque o dia era um deslumbramento, tudo era lindo e a música linda, e uma hora eu falei assim – vou falar uma coisa feia, vou falar exatamente como eu falei. Falei: “Puta que pariu, Clodovil, por que que não nasce mais gente assim?” E ele: “Como você é tonto.” “Como assim?” Falou: “Maurício, gente assim não morre. Quanto tempo passou e nós estamos aqui ouvindo a obra e falando dele? Então, as pessoas só morrem quando a última pessoa no universo esquecer o nome dela.”
Clodovil do Avesso é um podcast produzido pela ELLE Brasil. Reportagem, roteiro e narração, Patricia Oyama e Gabriel Monteiro. Gravação e finalização, Compasso Coolab. Trilha sonora original, In Sonoris Causa.
Este episódio usou trechos dos programas Nada Além da Verdade e Domingo Legal, do SBT; Show do Tom, Hoje em Dia e Hora do Faro, da TV Record; A casa é sua e Amaury Jr., da Rede TV!, Jornal Nacional e Fantástico, da Rede Globo, Por Excelência, da TV JB; Jornal do Terra, do portal Terra, TV Câmara, da campanha de Clodovil no horário eleitoral gratuito de 2006 e da apresentação da Nona sinfonia de Beethoven pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo no Theatro Municipal.
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