O que é cópia na moda?

Levantamos as mais recentes acusações de plágio para discutir os limites entre criação autoral e cópia, prática entendida por alguns como danosa e por outros como combustível criativo.


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  • Walter Van Beirendonck acusa Virgil Abloh de plágio, em sua mais nova coleção masculina para a Louis Vuitton. O episódio reacende a importância de discutir cópia mais profundamente na moda.
  • A legislação sobre propriedade intelectual na moda é diferente em cada país e isso tem tudo a ver com o desenvolvimento local da indústria.
  • De acordo com o “Paradoxo da Pirataria”, nem sempre a cópia é algo negativo para o desenvolvimento criativo.

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Walter Van Beirendonck foi para as redes sociais acusar Virgil Abloh de plágio, em sua mais nova coleção masculina para a Louis Vuitton. John Galliano foi acusado pela segunda vez, só neste ano, de dar um bom copia e cola em imagens de designers emergentes para Margiela. Assim como Demna Gvasalia, da Balenciaga, foi questionado novamente por uma réplica, agora envolvendo a ideia de uma estudante. Além disso, um carregamento avaliado em mais de 20 milhões de reais foi apreendido no Texas, com centenas de tênis fake, da parceria Nike e Dior, chegando quase antes que o modelo original.

A cópia é um velho conhecido da moda, surge nos mais variados contextos e tá longe de ser um assunto simples. Neste Pivô, a gente conta um pouco mais sobre esses episódios e discute os limites da criação autoral, da inspiração, do plágio, além de como essa prática na indústria, ainda que muitas vezes danosa, em muitos momentos não é criminosa.

Depois que Virgil Abloh apresentou a nova coleção masculina da Louis Vuitton, em um desfile presencial, na cidade de Shangai, no dia 6 de agosto, o designer belga Walter Van Beirendonck correu para as redes, para acusar o diretor criativo da marca francesa de plágio. Ele publicou em seu perfil do Instagram a imagem de uma camiseta escrito “I hate fashion copycats”, algo como “eu odeio plágios na moda”, e, lado a lado, a semelhança de suas criações com as de Abloh.

Os looks da grife francesa são bastante parecidos com o arquivo do belga, principalmente da coleção de 2016 do designer. A alfaiataria de ambos aparece em cores primárias, a estrutura costurada com formatos que lembram brinquedos, bichinhos de pelúcia, além de óculos assimétricos parecidos e a própria performance semelhante: na Vuitton os modelos carregaram personagens de desenhos animados, da mesma maneira que Beirendonck já havia feito em um de seus desfiles.

Walter Van Beirendonck é chefe do departamento de moda da Royal Academy of Fine Arts, da Antuérpia, na Bélgica. A cidade é famosa justamente por ser o berço do coletivo Antwerp Six, da década de 1980, do qual Walter fez parte ao lado de nomes como Ann Demeulemeester e Dries Van Noten. O seu trabalho de cores vibrantes, pop, bastante juvenil, foi uma das grandes influências da moda clubber, nos anos 90, e tem esses elementos como uma assinatura bastante conhecida.

Em uma entrevista que deu semana passada para a revista Knack Weekend o designer disse que “a cópia faz parte da moda, mas não dessa maneira quando se tem o orçamento, a equipe e as possibilidades que Abloh tem”. A Louis Vuitton, de fato, é a maior marca de luxo do mundo, mas a declaração do belga não parou por aí, foi bem mais incisiva, dizendo que “Abloh não tem uma linguagem própria e que é doloroso ver como o estilista não consegue criar algo seu, temporada após temporada”.

Em resposta dada pelo assessor pessoal de Abloh ao The New York Times, o diretor criativo da Vuitton declarou: “O que Beirendonck diz é falso, uma tentativa cheia de ódio de tirar o crédito do meu trabalho. A inspiração da coleção veio do DNA da própria Louis Vuitton, especialmente do desfile masculino de verão de 2005, claramente delineado nas notas distribuídas à imprensa, quando o desfile começou. Este é mais um exemplo de falta assimetria para tentar me descreditar como designer”.

E essa realmente não é a primeira acusação que Abloh responde. O estilista Raf Simons, que inclusive foi estagiário de Beirendonck, já havia alfinetado o designer americano, dizendo que ele se apropria da produção de outros criativos menores. A resposta de Abloh foi com uma coleção, a Nothing New, com o amplo uso de suas frases entre aspas, imagem que dialoga exatamente com o conceito de autoria, o que é justamente uma assinatura do designer.

O próprio Abloh já deixou claro que a sua maneira de trabalhar não é explorando novos artifícios de design (ele inclusive não é um estilista de formação técnica), mas sim ressignificando o que já existe com novas interferências. Pense, por exemplo, em um de seus modelos mais famosos: o sneaker com lacre. Nem o tênis, nem o lacre são novos no imaginário das pessoas, mas quando eles estão juntos, e são usados na rua, remetem imediatamente a Abloh e tudo o que ele carrega enquanto designer.

Kanye West, amigo e ex parceiro profissional de Abloh, saiu em defesa do diretor criativo dizendo: “Virgil pode fazer o que quiser! Você sabe como é difícil para nós sermos reconhecidos?”. O episódio, que envolve nomes tão grandes, é de fato espinhoso. Não dá pra sair na defesa simplista de um, acusando o outro. Mas reacende a importância de se discutir cópia mais profundamente na moda, para além do tribunal julgador da internet.

Cópia na moda é coisa antiga. Coco Chanel mesmo já dizia, lá na década de 1930, que ela é o reconhecimento do sucesso. Mas isso não impediu que em sua época se juntasse até mesmo com a concorrente, Madeleine Vionnet, para processar a copista Suzanne Laneil, que já tinha chupinhado mais de cinquenta cópias das duas. Outro episódio histórico é de quando Yves Saint Laurent levou a moda pra justiça ao processar Ralph Lauren por copiar o seu Le Smoking.

E estes dois episódios só foram possíveis porque na França a moda é colocada em um patamar criativo equivalente ao das artes visuais, com proteções que envolvem leis de direito autoral bastante complexas. É o caso também de países europeus, como Itália e Alemanha, que contam com uma legislação mais rígida, porque a produção criativa nesses lugares é historicamente reconhecida e, consequentemente, mais valorizada.

Nos Estados Unidos, no entanto, a história é outra. As roupas são categorizadas como itens funcionais e, por isso, são isentas de leis de direito autoral. A legislação de propriedade intelectual no país não abarca o design de moda. Ou seja, a cópia de silhueta na terra do Tio Sam não é um crime. São respeitadas apenas as patentes de componentes técnicos, como o caso da criação de um tecido específico, como o náilon, além do nome de empresa, estampa e logotipo. O que faz a gente entender bem melhor porque tanta marca enche as suas peças de logo.

É possível entrar na justiça com o pedido de patente de alguma silhueta muito icônica, como o caso da Hermés que tem direito total do design da Birkin. Mas esses processos são bastante caros e demorados por lá. Além disso, são cheios de brechas porque o juiz pode alegar, por exemplo, que você não tem direito sobre tal modelo de sandália, porque é impossível rastrear a sua origem.

E por que os Estados Unidos têm uma legislação tão aberta para esse assunto? Isso se dá porque a indústria de moda do país foi sedimentada por meio da manufatura e não da criação, como foi na França. Explicamos: a cópia de produtos estrangeiros é justamente o embrião da moda norte-americana. Até pelo menos os anos 70, o país fabricava roupa se baseando apenas em modelos que vinham da Europa, e não com um design autoral. Só dos anos 80 em diante que o país vai de fato estruturar uma produção criativa Made in USA.

No Brasil, a legislação de propriedade intelectual segue um direcionamento parecido, porque a história de moda aqui tem origem semelhante, ainda que em diferentes proporções. Em História da Moda no Brasil, de Luís André do Prado e João Braga, fica claro como o processo de industrialização de roupas no país também esteve ligado com cópias e adaptações de modelos ou moldes importados. E isso afetava todas as classes sociais, sem exceção.

Muito provavelmente é por esse histórico que a gente não tenha uma previsão legal específica para criações de moda. Quem levanta isso é Giovanna Lazarini Machado, em um estudo que fez sobre direito da moda para a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Aqui no país também é resguardado o aspecto tecnológico de invenção, como a criação de um tecido novo, mas não de produção, como a proteção sobre um design. A ideia de imitação fica ao juízo do aceitável e não aceitável, ou seja, aquelas que justificam uma inspiração e homenagem ou aquelas que se passam pelo produto original, enganando o consumidor, em prejuízo do item legítimo, além de lucrar em cima disso. Sendo esta última avaliação identificada, constitui violação ao direito do criador, sendo possível pleitear reparação civil ou processo penal.

É praticamente inevitável não associar a cópia a algo negativo. Só pra gente lembrar um caso: existe aí a cópia com claro desequilíbrio de poder, como o caso da apropriação cultural, por exemplo, que discutimos no episódio #7 do Pivô.

Mas existe algum aspecto positivo da cópia? Um episódio bastante emblemático fala da cópia como ressignificação, por exemplo. Quando em 2018 a Gucci apresentou a sua coleção cruise, a casa italiana foi acusada de plagiar uma jaqueta do alfaiate Dapper Dan, hoje considerado um dos pais do streetwear. Dapper Dan, no caso, foi um importante nome dos anos 1980, justamente com a criação de réplicas de roupas com logos de marcas de luxo, como a própria Gucci, em produções que ele fazia e vendia no Harlem.

A marca o processou no passado por violação de direito autoral, e em função disso ele foi obrigado a fechar a sua loja, porque quebrou na época. E olha só como o mundo dá voltas. Depois da cópia da cópia da Gucci rolar em 2018, Dapper Dan passou a ser amplamente reconhecido como um designer que sampleava as grifes luxuosas em criações próprias muito originais. Por fim, a Gucci assinou uma colaboração com o nova-iorquino e ampliou a discussão do copia e cola no streetwear.

A cópia é também o embrião de um mercado poderoso. O fast fashion tem o plágio como um modelo de negócio. E há quem argumente que ele gire a economia e ainda democratize as criações de designers, ainda que a sua produção em larga escala seja questionada por ser menos sustentável e desvalorize o trabalho do designer. Mas o ponto que queremos chegar é que há, sim, uma defesa da cópia na moda.

Trata-se de um conceito amplamente estudado, chamado de “o Paradoxo da pirataria”. De acordo com o conceito, a cópia é a força propulsora da moda, que inova o sistema em termos de criação. Produtos antes exclusivos, depois de amplamente copiados, começam a parecer ultrapassados, o que impulsiona novas criações.

Mas aparentemente os designers já perderam qualquer vantagem de serem pioneiros no mercado, uma vez que este suposto equilíbrio sadio da cópia esteja sumindo com o tempo. Como explicar por exemplo a produção de objetos copiados quase junto com a dos originais? Um exemplo disso é a apreensão no dia 10 de agosto, na alfândega do Texas, Estados Unidos, de um carregamento de calçados falsificados, com mais de 1800 pares de cópias do modelo limitado Air Jordan, da Dior. Avaliado em mais de 4 milhões e 300 mil dólares, os sneakers são uma colaboração novíssima, que acabou de ser lançada.

Mas se a legislação sobre o design de moda varia tanto, o que ajudaria a diminuir os casos mais problemáticos? Até agora este tipo de vigilância tem sido feito pelas redes sociais. É o caso, por exemplo, do perfil do Instagram Diet Prada, que se tornou a polícia das falsificações de moda na internet, desde que foi lançado em 2014. Ele começou identificando casos de cópia e hoje já é praticamente o arauto regulador de ética do setor, alertando práticas trabalhistas duvidosas. O Diet Prada é tão reconhecido quanto é criticado, porque muitos argumentam que nem sempre o perfil trabalha aí com uma investigação profunda, checagem e retóricas de pessoas envolvidas.

Mas eles não só acumulam muitos fãs como também já repercutiram importantes casos, como os mais recentes, da Balenciaga e Margiela, onde respectivamente Demna Gvasalia e John Galliano teriam se apropriado da criação de estudantes, designers emergentes. Mas há uma outra maneira de lidar com essa história que não necessariamente precise passar pela vigilância. E é uma produção com maior transparência, mais comunicação e seus devidos créditos!

E a rede social Pinterest soltou o seu relatório anual, chamado Inclusive Beauty, com uma análise das buscas feitas na plataforma no último ano. Um destaque do levantamento é que as buscas por temas relacionados a uma aparência mais natural crescem. Além disso, a empresa aproveitou para anunciar como pretende usar a tecnologia para deixar a plataforma mais inclusiva. A sua mais nova atualização, uma ferramenta que possibilita filtrar as pesquisas pelo tom de pele do usuário, deve ajudar quem procura por inspirações de beleza com um referencial mais próximo de si.

E para falar sobre a importância deste assunto, chamamos a nossa repórter Isis Vergílio! Fala Ísis.

“O Pinterest é uma rede social que abarca milhares de usuários. Não são milhares de pessoas de um único grupo social, de um tipo. A gente tá falando de uma pluralidade de pessoas, de uma multiplicidade de pessoas e de culturas diferentes, de lugares diferentes, e a partir de uma pesquisa eles entenderam que a categoria beleza era mais acessada inclusive do ponto de vista do consumo. Uma rede social se preocupa em criar a partir de uma tecnologia um recurso que atenda uma pluralidade de pessoas a partir do seu tom de pele a gente tá falando de um salto quântico para um debate sobre diversidade dentro do espaço digital. A gente tá falando de algo muito importante sim porque é fundamental que as pessoas se sintam reconhecidas dentro dos espaços sociais que elas frequentam e usam e as redes sociais é isso. a gente esta e lida o tempo todo com pessoas de vários lugares, várias cores e classes sociais. Pra mim um ganho para um debate e incluindo marcas importantes como Nars, Saint Laurent experimentando para expandir dentro do espaço digital mas também fora.”

E agora vamos de notícia boa pra animar a semana: já está no ar a segunda edição da ELLE View, a nossa revista digital mensal pra assinantes. Dessa vez, a gente fez uma imersão no mundo digital e foi atrás das últimas descobertas tecnológicas na beleza, nas artes, nos games e, claro, na moda. E tentamos entender como todas essas inovações impactam a nossa vida.

Pela capa, ou melhor, pelas capas, porque são três, já dá pra sentir bem o clima hi-tech da edição. Na primeira delas, quem vem andando toda de Balenciaga é a Ellen, uma avatar criada especialmente pra nossa revista pelo graphic designer especializado em 3D João Moura. Além de projetar a Ellen da cabeça aos pés, o João recriou digitalmente roupas que existem de verdade, de marcas brasileiras e internacionais. E o grau de detalhamento desse trabalho é impressionante. Você vai ver a Ellen vestindo esses looks no editorial que teve concepção e edição de moda do Marcell Maia.

A segunda capa é com a Valentina Sampaio, que fez a primeira capa da vida onde? Na ELLE, lá atrás, em novembro de 2016. Dessa vez, a Valentina foi toda digitalizada e virou uma modelo impressa em 3D. Uma não, várias, cada uma com um look diferente. No editorial com edição de moda do Lucas Boccalão, você vai ver a Valentina em carne e osso, a Valentina feita com computação gráfica e ainda as versões impressas em 3D.

Por último, tem a capa com a imagem linda criada pela The Fabricant, uma empresa holandesa que é referência em roupas digitais. A gente fala mais sobre a The Fabricant na reportagem feita pela Silvia Rogar, que se embrenhou pelo mundo digitalizado da moda e conta tudo o que está rolando em relação a roupas e desfiles digitais e aplicativos que permitem que você experimente virtualmente uma infinidade de looks.

E, falando em desfiles digitais, a ELLE View traz um guia completo das melhores coleções e tendências apresentadas nos últimos meses. Nessa temporada, como a gente tem comentado no Pivô, as marcas tiveram que quebrar a cabeça pra achar formatos alternativos pra substituir os desfiles presenciais, cancelados por causa da pandemia do novo coronavírus. E será que elas conseguiram? Nesse dossiê de moda, além de fotos e vídeos realizados pelas marcas, você também vai ver vídeos da equipe da ELLE comentando essas apresentações, cada um da sua casa, por videoconferência.

Olha, a gente poderia fazer um episódio inteiro só comentando o que tem nessa edição da ELLE View, mas não dá, né? Então, pra terminar, vamos falar só sobre mais uma matéria muito especial, com texto do Gabriel Monteiro. É uma mistura de ensaio de moda com reportagem que mostra como a periferia é pioneira em tendências, tanto no visual hi-tech quanto nas inovações musicais. Ou seja, é a moda da quebrada ditando estilo no mundo. A concepção e a edição de moda da matéria foi da nossa editora de moda Suyane Ynaya, que conta pra gente porque ela quis fazer esse editorial.

“Esse editorial nasce muito de um desejo de muito tempo, de poder falar sobre a minha vivência. Eu vim das comunidades da Zona Leste de São Paulo, já vivenciei, como vivencio até hoje, mesmo não morando mais nas comunidades, eu vivencio isso pois a minha família toda é de comunidade, né? Então a questão da cultura da comunidade, ela é muito importante, principalmente falando sobre o consumo que acontece no Brasil. Um dos maiores consumidores de cultura streetwear, ou que criam cultura dentro da marcas, das grandes marcas, vem da comunidade também. Então esse editorial era sobre o quão importante é colocar essas pessoas também dentro desses espaços. Então, o editorial “tecnologia da quebrada”, “moda da quebrada”, “moda de cria” fala muito sobre o comportamento dessa galera, que cria uma moda, que cria uma cultura e automaticamente cria uma grande pluralidade pro Brasil em questão de vivência, em questão de cultura, em questão até de vestimenta. E sobre as pessoas que estão dentro desses lugares, sabe. O funk, o quão importante é a gente falar sobre o funk, sobre os meninos da Lalá, sobre os meninos que gostam da Oakley, sobre pessoas que conseguem trazer um novo olhar pra tudo isso e o quão importante é falar sobre isso no Brasil, porque você está falando sobre cultura brasileira, sobre o que é o Brasil, sobre o que são essas pessoas. E o quão importante também observar o quanto essas culturas são importantes economicamente, culturalmente, em tudo. E eu tô muito feliz, quero agradecer todo mundo que participou, Vivi Bacco, que tava lá, fez a fotografia, todo mundo que assistenciou, MC Soffia, a gente tem Daddy Groove, Onnika, Peroli, Mc Dricka, menino Jazz, são pessoas muito especias e eu sou muito grata por ter essa oportunidade de poder falar que algo que eu vivi porque eu sei na pele o que é ser de comunidade e automaticamente tentar entender qual a sua importância dentro disso. Como muitos deles fazem isso todos os dias, vem de comunidade e estão aí tentando mostrar a importância do seu trabalho, do que cria, da cultura que cria e como eles podem também ser essa ponta de referência pro nosso País.”

E pra fechar o episódio de hoje a dica da semana é do Gustavo Balducci, que aqui na redação a gente chama carinhosamente de Gus… Fala Gus!

“Aproveitando o gancho, eu gostaria de fazer duas indicações bem interessantes, que também discutem tecnologia de um jeito muito significativo, assim como acontece na primeira edição da Elle View. A primeira é o livro A nova idade das Trevas, do jornalista e artista visual James Bridall, que traz aí uma análise bem completa a partir de dados e pesquisas acadêmicas e entrevistas sobre essa nova relação com as máquinas no mundo contemporâneo. No livro, que foi lançado no ano passado aqui no Brasil, ele questiona como o ser humano está perdendo a capacidade de entender como as suas próprias tecnologias de fato funcionam e o quanto isso pode ser prejudicial. Basicamente, é um compilado muito relevante sobre como sistemas de informação e armazenamento de dados podem contribuir para um futuro ainda mais obscuro e repleto de teorias da conspiração e fake news. Já a minha segunda indicação é uma animação japonesa inspirada em um mangá muito famoso, chamado Guerras de Verão. No filme, a gente acompanha a história do Kenji Koiso, um gênio da matemática acusado de hackear os servidores de Oz, uma plataforma de simulação virtual criada por grandes corporações e utilizadas no mundo todo. E assim como a gente vê no clássico Digimon, Guerras de Verão se tornou uma história grandiosa, e muito bem construída pra falar sobre tecnologia, amadurecimento e amizade. Também vale ficar de olho na abordagem que o filme traz quando ele quer discutir nuances entre o passado e o presente da sociedade japonesa. O filme rodou festivais e agora faz parte do catálogo da Netflix, então, vale a pena conferir essas duas dicas.”

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