Vida de figurinista, IZA e #EndSars

Neste Pivô, destrinchamos a profissão de figurinista, ouvimos IZA contar de sua nova empreitada como diretora criativa na marca Olympikus e explicamos os motivos de tantas celebridades apoiarem a hashtag #EndSars.


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  • Entre fãs e haters, a série Emily in Paris gerou um debate sobre o figurino da personagem principal, interpretada pela atriz Lilly Colins;
  • Veronica Julian, Diana Moreira e Betinha Magalhães explicam a vida de figurinista, esse profissional de moda tão importante para o cinema, a TV, o teatro e a publicidade;
  • IZA, capa da edição impressa de outubro da ELLE Brasil, fala com o Pivô sobre a sua nova empreitada como diretora criativa da Olympikus;
  • E ainda: o grupo Arezzo&CO adquire a companhia carioca Reserva; como as marcas de moda se preparam para os novos bloqueios em função da segunda onda da pandemia do novo coronavírus no Hemisfério Norte; e os motivos de celebridades como Beyoncé, Rihanna e Kanye West apoiarem a hashtag #EndSars.

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Tem gente que amou, tem gente que detestou. No início do mês, a Netflix lançou a série Emily em Paris, e a produção está dando o que falar – menos pelo roteiro e mais pelos figurinos exibidos pela personagem principal, interpretada por Lilly Colins.

A responsável pelos looks é Patricia Field, a mesma que assinou os figurinos de Sex and the City e O Diabo Veste Prada, entre outras produções. Neste episódio, a gente pega carona na discussão sobre o guarda-roupa de Emily Cooper para falar mais sobre o trabalho do figurinista, essa figura-chave no cinema, na TV, no teatro e também na publicidade.

Eu sou a Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. E você está ouvindo o Pivô, podcast que reúne as principais notícias de moda da semana comentadas pela equipe da ELLE Brasil.

Datado, estereotipado e até meio cafona. Essas foram algumas críticas que o figurino da série Emily em Paris recebeu nas redes sociais. Mas houve também quem interpretasse que esse estilo quase caricato das roupas da protagonista fosse proposital.

No nosso site, a gente falou justamente sobre isso: esse look meio forçado seria reflexo das tentativas desajeitadas de se adequar à cultura local feitas por uma garota de Chicago, deslumbrada por estar em Paris. Na reportagem Figurino de Emily em Paris: o debate, você vai encontrar a opinião de várias pessoas e outras considerações sobre o guarda-roupa da protagonista.

Mas aqui no podcast a gente não vai falar sobre a polêmica da Emily, não. A ideia é destrinchar o trabalho do figurinista pra matar a curiosidade de quem se interessa pelo assunto ou até pensa em seguir carreira nessa profissão. Pra isso, a gente conversou com quem é da área e descobriu muita coisa interessante. Tem todo um trabalho imenso por trás de cada cena, que a gente nem imagina.

Primeira informação importante. O figurinista tem que gostar de ler. Quem falou isso pra gente foi a Veronica Julian, que assinou o figurino de filmes como Xingu, Somos tão jovens e Marighella, além de várias séries, entre elas, Irmandade e Coisa Mais Linda. E um dos motivos desse gosto pela leitura ser importante é porque o primeiro passo pra criar o figurino é ler atentamente o roteiro. É lá que você vai começar a entender quem são os personagens e pensar como você pode contar a história deles por meio das roupas, como explica a Verônica.

“Eu acho que pra você ser um figurinista, independentemente da sua formação, você precisa gostar de contar uma história. Você precisa ter um conhecimento de arte, cinema, história da moda, gostar de dramaturgia, de ler, de ir no cinema, de observar o mundo. O figurinista vai montar personagens e vai entrar em contato com os universos mais diversos possíveis, desde você contar a história de um indígena, até contar uma história da periferia ou história de uma mulher de classe alta dos anos 60, de uma mulher que veio do morro dos anos 60, então, você precisa ter esse olhar constante de observação, de pesquisa, pra você conseguir dar vida a esse personagem.”

Além de entender a personalidade do personagem, é na leitura do roteiro que o figurinista também vai saber a dimensão do trabalho e conhecer muitos detalhes que vão interferir na produção das peças. Por exemplo: se alguém leva um tiro e fica todo ensanguentado, vai ser preciso ter outra peça igual, limpinha, à disposição na hora de refazer a cena. Outro ponto: o figurinista não veste só o protagonista da história. É preciso pensar até na roupa do cidadão que vai passar na rua, lá no fundo da cena.

“A decupagem de um roteiro, aonde você vê o que acontece dentro desse roteiro, por exemplo, se tem um assassinato ou não, quantas roupas duplas você tem que ter, quantas roupas você tem que construir no trabalho como um todo. Então, às vezes, quem é o figurinista chefe, o figurinista que coordena o trabalho todo, que faz o desenho do figurino do trabalho todo, você não veste só o protagonista. Você veste o protagonista, o coadjuvante, o garçom, a figuração… É todo esse conjunto do trabalho que você conta essa história. Então, às vezes, você veste 3.000, 4.000 looks, dentro de um filme. Às vezes mais, às vezes menos.”

Acontece que os personagens não podem ficar com aquela cara de que acabaram de sair da loja ou da costureira, com a roupa novinha em folha. Então, o que os figurinistas fazem? Eles usam diferentes técnicas pra deixar as peças com uma cara de roupa usada. A figurinista Diana Moreira, que trabalhou em longas como A Luneta do Tempo e O Homem que não Dormia, e também em várias peças de teatro, é craque em tingimento e envelhecimento de roupas. E explicou pra gente um pouco mais sobre essas técnicas.

“A minha primeira experiência com figurino ela vem do teatro. Então, eu já começo com esse processo de manipulação dos tecidos. De pintura, de efeito, de textura. Aí eu trago muito isso pro meu trabalho com o cinema, ainda que seja um figurino contemporâneo, um figurino que eu consiga comprar num shopping, eu sempre trabalho com esse leve tingimento, pra trazer um envelhecimento para aquela roupa, pra trazer uma vivência para aquela roupa. Então, muitas vezes pro cinema tem que produzir uma coisa muito rápido, e aí eu não tenho tempo real do envelhecimento daquela peça, né? Então, algumas técnicas me ajudam muito a resolver isso muito rápido. Então, tem produtos de envelhecimento importados, que eles já cumprem bastante o efeito, mas que se eu for usar isso pro teatro ele não funciona. Ou se eu for usar esse envelhecimento numa peça que eu vá repetir muitas vezes, eu preciso entender que técnica é essa que vai funcionar melhor, que ela não vá sair com a lavagem, que ela vá ter uma resistência muito maior. Então, o domínio de várias técnicas me ajuda muito a saber aplicar pra cada situação. Então, o processo de tingimento ele é muito bonito, porque eu consigo cores mais pessoais, consigo criar novas cores. E pode ser tingimento natural, que venha de uma fruta, de uma folha, de uma semente, de uma cebola, de um chá, como os pigmentos industriais, que eles são mais rápidos e mais precisos, apesar de bastante poluentes. Mas se eu preciso fazer réplicas, eu necessito de uma precisão maior, eu uso esses pigmentos industriais, que eu consigo ter a medida correta, que eu não vou ter com o tingimento natural. Então, dependendo da necessidade, eu uso técnicas diferentes. Então, eu não tenho tempo de envelhecer uma roupa preta, eu simplesmente vou jogar um talco nela, ela vai dar uma empoeirada, vai dar uma surrada e, então, o domínio desses truques, ele te ajuda muito num set.”

A Diana mencionou que cinema e teatro pedem técnicas específicas de envelhecimento das roupas. E não só. O jeito de pensar o figurino também é completamente diferente, dependendo de onde ele vai ser visto.

“O teatro e o cinema são linguagens bastante diferentes. Então, se a gente pensar num espetáculo de teatro, você tem que pensar que seu olhar está distante, você não tá vendo com todos os detalhes. Então, muitas vezes as proporções precisam ser mais exageradas. Então, o tecido que eu preciso usar pra seja visto no teatro, muitas vezes eu não posso usar no cinema, ele não vai funcionar muito bem pra câmera, ele não vai funcionar muito bem pra luz do cinema, pra luz natural. E, da mesma forma, o que eu vou usar pra frente de uma câmera, ele não vai ter nenhum resultado pro teatro. As luzes são diferentes. Então, eu acho que o meu processo de trabalhar com tingimento se deu muito pelo teatro, né, porque muitas vezes quando eu construía um figurino e quando entrava a iluminação, quando entrava as cores da iluminação teatral, modificava completamente a minha base, modificava completamente as cores que eu queria. Então, poder modificar as cores me deu uma liberdade muito grande, então, a partir de eu assistir a um ensaio, via que aquilo não funcionava, eu conseguia mudar as cores. E pro cinema, muitas vezes você tem que reduzir, você tem que ter uma leveza na mão. Então, o tratamento de envelhecimento que eu faço pra teatro, é completamente diferente do que eu faço pro cinema. Pro cinema é muito mais leve, o seu olho está muito mais próximo. Imagine você ver aquela imagem numa tela enorme, então, um fio de linha que esteja numa roupa, numa tela de cinema ele vira gigante.”

Normalmente, quando a gente pensa num figurino premiado, logo vêm à cabeça aqueles filmes de época ou aquelas superproduções com looks bem malucos, como Alice no País das Maravilhas, do Tim Burton. Mas o fato é que um bom figurino não precisa roubar o show. Pelo contrário. Às vezes, ele pode até passar despercebido. Mas, ainda assim, é essencial para dar credibilidade à história, como fala Verônica Julian.

“Primeiro, ele tem que estar em harmonia com o filme como um todo. E contando essa história. O diretor de arte, ele faz o desenho do ambiente que passa esse filme. As ruas, o cenário, as casas… E o figurino, ele tem que entrar dentro dessa cena de uma maneira absolutamente harmônica. Eu acho que um figurino nunca pode ser maior que o personagem. Eu acho que, resumindo, é quase como se um bom figurino fosse invisível. O que eu digo: apesar de você ter figurinos esplendorosos, se você vê ele em harmonia e ele está em conjunto, ele não aparece mais ou um elemento estranho dentro dessa composição do personagem.”

A Diana Moreira também tem essa visão. E dá algumas dicas para evitar que o figurino fique estereotipado.

“O bom figurino pra mim é aquele que consegue somar à narrativa. Que ajuda a contar uma história. Nem sempre o figurino vai se destacar. Quando a gente pensa num filme de época, um filme lúdico, o figurino se destaca, ele brilha mais. Mas tem filme que ele passa quase que imperceptível, mas ele ajuda consistentemente a contar aquela história. Então, o meu processo de criação é o processo de imersão. Você ir além do que está escrito naquele roteiro, você ir nas entrelinhas, ir na subjetividade. Aí você consegue criar camadas. Aí você deixa de ser óbvio, aí você corre menos risco de ser estereotipado. Se você cria uma historinha de onde que ele vem, pra onde que ele vai, onde que ele conseguiu aquela roupa, porque ele veste aquilo. O que tem por trás do que está sendo dito naquela história, te ajuda a construir mais consistentemente. Então, você foge do estereótipo de representar um francês vestido de camisa listrada azul e branca e uma boina vermelha. Não é uma informação fácil. Acho que esse é o bom figurino. Nem sempre ele vai se destacar, mas se ele ajuda a contar aquela história, ele cumpre o papel dele.”

Bom, como já deu pra perceber pelos depoimentos da Verônica e da Diana, o bom figurinista mantém o ego sob controle. E também sabe trabalhar em equipe. Não só com a equipe do próprio figurino, mas também com o diretor de arte, com o diretor de fotografia e com os atores. Ter uma boa relação criativa com os atores, por sinal, é essencial, como diz a Verônica, que já vestiu Seu Jorge, Cléo Pires, Leandra Leal e vários outros nomes do cinema nacional.

A inspiração pra criação do figurino pode vir das mais diferentes fontes: livros, revistas, álbuns de família, outros filmes. A Diana conta que às vezes também pode tirar inspiração de uma poesia, uma obra de arte e até da arquitetura de algum lugar. E esse olhar atento, essa busca constante por referências, vale tanto pra quem faz figurino pra cinema, TV, teatro ou peça publicitária. Porque a publicidade também é um mercado importante pros figurinistas.

Pra saber mais sobre essa área, a gente conversou com a Betinha Magalhães, que faz figurino para publicidade há quase 38 anos. A Betinha já fez figurino pras campanhas da Vivo, da Claro, da Brahma e vários comerciais icônicos.

O Gabe nem era nascido, mas quem viveu os anos 80 certamente vai se lembrar do comercial dos sabonetes Vinólia, aquele da sensível diferença. Pois é, a Betinha fazia os figurinos da Vinólia. E ela contou um pouco pra gente como é o atuação do figurinista em um filme publicitário.

“Parece meio igual, porque não deixa de ser um figurino que a gente faz, quando faz publicidade, porque a gente tem que contar história, só que a gente tem um produto em cima, né? Então, sempre a gente tá vinculado às vezes com uma cor, que é a cor do produto, que é a cor do anunciante, a gente tá ligado sempre a uma venda. Eu sempre falo isso. Mas eu sempre trabalhei em relação ao figurino sempre tendo uma brincadeira que é criar um personagem, mesmo que ele não exista. Pra poder trabalhar mais com esse imaginário, quem seria essa pessoa, como ela estaria vestida nesse comercial, por que ela estaria assim… A publicidade, a gente tem um gancho de fazer as coisas… um prazo de tempo muito pequeno, né? E a gente tem que contar aquela história 30 segundos, em 15 segundos, em 1 minuto, no máximo. Às vezes 2 minutos, mas é muito raro. Então, as coisas têm que ser muito objetivas e muito rápidas. Então, eu sempre digo que fazer um pouco de publicidade ajuda muito pra você desenvolver essa capacidade de pensar, de ágil, de como resolver um problema.”

No cinema e na TV, os figurinistas trabalham muito com peças alugadas de acervo e de brechós e muitas vezes compram roupas ou mandam fazer. Já na publicidade é bem comum o empréstimo de peças de lojas. E a Betinha destacou um ponto que as pessoas muitas vezes não dão atenção, mas é crucial na produção de moda.

“Eu tenho muitas pessoas, muitos contatos de lojas, porque eu gosto de produzir, gosto de ir pra rua, então, eu sou uma pessoa que tenho uma agenda de lojas, porque eu produzo muito em lojas, até hoje. E isso foi uma coisa que eu conquistei. Eu não tenho nem cheque caução mais, porque as pessoas me conhecem, sabe que eu estou há tantos anos. Eu tenho umas pessoas fidelizadas, assim, nos meus trabalhos. Porque conhecem meu trabalho e sabem da minha responsabilidade com as roupas que eu pego e como eu devolvo e o prazo que eu devolvo. Então, isso é muito importante. Talvez as pessoas que estão começando não valorizem muito, né? Valorizem mais pegar a produção, produzir. Mas a devolução, pra mim, é a mais importante, que é aonde as pessoas realmente vão olhar o seu trabalho e dizer: que legal.”

Pra você ser figurinista, você não precisa, necessariamente, ter uma formação em moda. Mas é preciso, sim, entender e gostar de roupa. Além de conhecer o caimento dos tecidos, por exemplo, você precisa saber cuidar das peças que estão sob a sua responsabilidade, como a Betinha falou. E muitas vezes, você tem que sacar o ferro de passar roupa e dar aquela alisada no look do ator.

Porque não adianta você falar, a gente, não adianta, eu não gosto de passar roupa. Mas eu algum momento, você tá ali, você precisa pegar o ferro e você precisa resolver alguma coisa ali no ferro, rápido. Então você precisa saber. Até porque, quando você se tornar uma figurinista, você vai saber como você gosta que seja passada a roupa, você vai saber como você gosta que seja feito a barra de uma roupa, como você gosta que as pessoas se comportem no trabalho.

Quer dizer, trabalhar com figurino é puxado e muitas vezes não é nada glamouroso, mas todas elas amam o que fazem. Para finalizar as entrevistas, a gente perguntou pra Veronica, pra Diana e pra Betinha que conselhos elas dariam pra quem quer entrar nessa profissão. Estudar, pesquisar e fazer cursos são recomendações que todas elas deram. Ser uma pessoa curiosa também é um bom caminho. Ir ao cinema, ao teatro, consumir arte em geral é importante, porque tudo vai virar referência. E a Betinha deu ainda mais um conselho.

“E um conselho que eu dou é o seguinte: eu acho que não pular etapas. Se você quiser fazer figurino de publicidade, acho que você deve procurar alguém que você acha legal. Você deve ser uma estagiária, começar olhando, aprendendo, porque talvez hoje eu sinto um certo pulo. As pessoas dão um certo pulo e viram figurinista, sem ter passado por uma etapa. E lá, mais tarde, você vai sentir um pouco falta disso. Porque é um trabalho que acho que a gente precisa estudar um pouco.”

A Arezzo&Co, grupo que reúne as marcas Arezzo, Anacapri, Alexandre Birman, Alme, Fiever, Schutz e Vans, adquiriu na última sexta-feira, dia 23, a companhia Reserva, empresa carioca fundada há 6 anos pelos empresários Rony Meisler e Fernando Sigal.

A aquisição de R$ 715 milhões de reais foi chamada de “operação de incorporação”, ou seja, uma transação na qual todas as seis marcas que estão dentro do guarda-chuva Reserva passam a fazer parte do Grupo Arezzo&Co.

Essas seis marcas são: Reserva, Reserva Mini, Oficina Reserva, Reserva Go, EVA e INK. Com a negociação a Arezzo&Co aumenta o seu leque de marcas para um total de 13 etiquetas e deixa de produzir apenas calçados e bolsas, para ampliar seu mercado também com vestuário feminino, masculino, infantil, incluindo outros tipos de acessórios. Isso significa uma ampliação de mercado 3,5 vezes maior do que o grupo atende agora.

O Grupo Reserva conta com 78 lojas próprias, 32 franquias e uma distribuição que chega a mais de 1500 multimarcas pelo país. De acordo com a empresa, o seu faturamento foi de R$ 400 milhões de reais apenas no último ano.

A transação ainda prevê a criação de um braço de lifestyle novo, chamado de AR&Co, que terá Rony Meisler, o sócio-fundador da Reserva, como o CEO das operações. Os sócios e investidores do Grupo Reserva seguirão como sócios do Grupo Arezzo&Co, e a então sede da Reserva, localizada no Rio de Janeiro, será mantida.

A efetivação da operação ainda está sujeita a condições como a avaliação do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, mas os principais nomes envolvidos já enxergam o acordo como um sucesso. Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co, afirmou que “esta é sem dúvidas, a criação de um grande ecossistema de negócios”. Rony Meisler, por sua vez disse que tem orgulho de que a combinação entre a Arezzo&Co e o Grupo Reserva faça nascer “a maior house of brands do mercado brasileiro”.

A marca esportiva brasileira Olympikus tem uma nova diretora criativa. E ela é ninguém menos do que a IZA, que também está na capa da nossa edição impressa, lançada este mês.

A IZA já pode ser vista na campanha de dois novos modelos da marca, mas a participação da artista não vai se resumir apenas a emprestar sua imagem à Olympikus. A cantora também vai atuar na criação de uma nova coleção, que chega ao mercado em março de 2021, como ela mesma contou pra gente:

“Eu vou estar ajudando a dirigir, de acordo com as minhas experiências, minha visão, minha criatividade, uma coleção que a gente vai desenvolver em conjunto, em parceria. E eu tô superanimada pra tirar tudo isso do papel e mostrar tudo o que a gente está preparando pra vocês. Eu quero que as pessoas reconheçam a marca em mim e vice-versa. Poder elaborar algo assim ao lado de uma marca que caminha tanto tempo ao lado dos brasileiros vai ser algo muito bacana. Sempre gostei de moda, sempre gostei de me montar com aquilo que eu tinha ao meu alcance e estou muito feliz que vou poder colocar isso em prática e sugerir esse meu modo de vida pra outros brasileiros também.”

A IZA não pode adiantar muito do que vem por aí, mas já deu algumas pistas. Ela quer garantir o conforto das peças, porque a vida do brasileiro, mesmo daqueles que não são esportistas, exige um bocado de esforço físico.

“Ah, eu não sei se eu posso adiantar muita coisa. O que eu posso dizer é que eu sempre gostei muito de trazer pra minha vida conforto, sabe? E eu acho que é por isso que eu aplico tanto no meu dia a dia o sportwear. Então, eu acredito muito que roupa de esporte não necessariamente sejam roupas pensadas pra performance, eu acho que a gente faz com que a roupa de esporte ganhe outro significado quando a gente traz isso pro nosso dia a dia. E o brasileiro faz muito isso. Muito de nós passamos muitas horas do dia em pé, muito tempo dentro do ônibus, a gente sabe que vai entrar dentro do ônibus e não vai sentar, então, eu acho que o esporte acaba fazendo uma parte muito presente. O esporte é muito presente na nossa vida, mesmo que a gente não esteja praticando o esporte.”

E se a pandemia do novo coronavírus teve um impacto e tanto nos negócios de moda no mundo, principalmente os pequenos e médios, o anúncio da Organização Mundial da Saúde, feito na semana passada, de que os novos casos de Covid-19 estão no nível mais alto desde o início da pandemia, não animou nenhum empresário.

Nos Estados Unidos e na Europa os donos de marcas se preparam e colocam em prática medidas para enfrentarem as novas ondas de infecções que assolam o Hemisfério Norte. Ainda que um novo lockdown não esteja no horizonte por enquanto, Espanha, França, Portugal e Reino Unido já decretaram novas restrições, como toques de recolher e estado de emergência. Andrew Cuomo, governador de Nova York, afirmou também, na semana passada, que uma nova paralisação não apenas é possível, como talvez inevitável.

Na Europa, 40% dos consumidores já gastaram menos com roupas durante essa quarentena, porque sentiram menos necessidade de investir nisso ao ficarem em casa. Ou seja, novos bloqueios, restrições, devem impactar sim o setor. De acordo com uma previsão da empresa de consultoria McKinsey & Company, em parceria com o The Business of Fashion para o ano de 2021, é improvável que as vendas globais de moda retornem aos níveis de 2019 até, pelo menos o segundo semestre de 2022. E, isso considerando não atrasos em uma futura vacina disponível.

Para a indústria da moda a saída é um planejamento mais conservador, segundo especialistas. Dentre as ações de maior segurança para os negócios estão o fim de contratos com vendas de atacado e a valorização da venda direta ao consumidor, com o impulsionamento de e-commerce.

Nos Estados Unidos o modelo de venda para lojas de departamentos no atacado é bastante expressiva, o que faz com que muitas marcas sejam dependentes desse tipo de negociação para sobreviver. O que se espera é que pequenos e médios comerciantes interrompam ou diminuam os negócios com essas empresas varejistas.

Essas casas varejistas impõem compromissos contratuais que impedem estilistas e pequenas marcas de conservarem uma mesma coleção por um período maior, ou até mesmo deixarem a estação não vendida agora para o ano que vem. Essa demanda por um fluxo de produção non-stop faz com que empresários pequenos e médios não consigam permanecer nesse tipo de engrenagem e tenham uma preferência agora pela venda direta ao consumidor.

E uma venda direta ao consumidor demanda plataformas de venda. Com restrições físicas, elas são online. E aí está a segunda importante medida protetiva: o desenvolvimento de e-commerce. Para se ter uma ideia do que aconteceu durante a quarentena europeia, as vendas online subiram de 16% em janeiro para 29% em agosto. Ou seja, o modelo deve continuar a ganhar adeptos.

De toda forma, ainda que essas medidas protetivas ajudem empresários a enfrentarem as novas ondas de infecção, o setor prevê uma perda de U$ 440 bilhões de dólares, em comparação com o ano passado. O dado é da McKinsey Company que avaliou ainda que até três quartos dos empresários não entraram em falência graças a apoios governamentais. Como provavelmente esse tipo de subsídio não seguirá sendo feito, a empresa de consultoria prevê que ao menos um terço das marcas globais de moda venham à falência ou sejam adquirida por marcas maiores, mais fortes, e que não sofreram ou sofrerão tanto assim o impacto da pandemia. Em resumo, uma maior desigualdade entre pequenos e grandes empresários está por vir.

E, para dar uma atualizada nos números da Covid-19 pelo mundo…

A Europa tem registrado uma média de 100 mil novos casos por dia. Apesar do número de mortos ser menor do que no auge da primeira onda, o total de infecções, em alguns casos, supera. E, dessa vez, ataca os mais jovens, além de indivíduos com menor propensão a complicações pelo vírus. No Brasil, onde a flexibilização vem sendo adotada pela maioria dos Estados, o número de mortos pela Covid-19 já ultrapassa os 155 mil. No mundo, mais de 1 milhão e 140 mil vidas se foram em razão do novo coronavírus.

Uma hashtag tem sido replicada por várias celebridades mundo afora nesses últimos dias. Trata-se da hashtag #ENDSars, impulsionada nas redes sociais por nomes como Beyoncé, Rihanna, Kanye West, Naomi Campbell, Drake, além do candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, em solidariedade às recentes manifestações contra a violência policial na Nigéria.

Os posts foram feitos principalmente após a última terça-feira, quando as forças de segurança em Lagos, na Nigéria, abriram fogo contra uma multidão de manifestantes. Ao menos 12 pessoas morreram, de acordo com o jornal The Premium Times, em Lagos. Segundo a Anistia Internacional, já são pelo menos 56 mortos desde o início de outubro em todo o país. Os dados, no entanto, não são confirmados pelo governo local que, até a última quarta-feira, dia 21, reconheceu apenas um morto.

Rihanna escreveu em seu perfil pessoal: “eu não suporto ver essa tortura e brutalização afetarem as nações de nossa planeta. É uma traição aos cidadãos que pessoas que deveriam nos proteger sejam as que mais tememos que nos assassinem”. Já Beyoncé publicou: “Meu coração está partido com a brutalidade sem sentido na Nigéria. Deve haver um fim para a Sars”.

A Sars, o Special Anti-Robbery Squad, que em tradução livre do inglês significa “esquadrão especial anti-roubo”, é uma brigada armada, criada pelo governo nigeriano em 1984, para conter furtos e roubos no país. O uso da força sempre foi a tática principal do grupo que há pelo menos 30 anos é alvo de denúncias de instituições de defesa dos direitos humanos. Entre as principais acusações estão corrupção, tortura, sequestro, assédio e execuções.

A hashtag #endsars mostra a principal reivindicação do movimento já no nome: não se trata apenas de uma reforma policial, o que os manifestantes pedem é o fim completo da brigada especial anti roubo da polícia nigeriana.

Uma das principais razões para que a #Endsars ecoe bastante nos EUA e entre essas celebridades, é o fato de que os protestos tem sido abraçados pelo movimento norte-americano Black Lives Matter, que existe desde 2013 e em 2020 toma as ruas dos EUA em levantes antirracistas pedindo, entre outras coisas, o fim da violência policial.

Apesar das especificidades da violência policial em cada país o debate que engloba esse assunto é um dos maiores do ano de 2020, encabeçados por grupos que pedem reformas policiais ou o fim de instituições policiais, em oposição aos altos números de mortos por agentes.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, referente ao ano passado, mais de 6 mil e 300 pessoas foram vítimas de violência policial por aqui, em 2019, sendo elas em sua grande maioria homens (99% dos casos), jovens (74%) e negros (79%).

Não será no Royal Albert Hall, como costuma acontecer. A premiação anual do British Fashion Council, que arrecada fundos para a British Fashion Council Foundation e já catapultou nomes como Molly Goddard, Marques Almeida e Simone Rocha, acontecerá digitalmente no dia 3 de dezembro.

E, dessa vez, os prêmios não serão dados da maneira tradicional, reconhecendo a melhor marca do ano ou o designer de acessório da temporada… Em vez disso, a premiação reconhecerá os 20 designers ou grifes que mostraram empatia nesse ano tão duro, que tiveram respostas criativas para enfrentar os desafios colocados pela pandemia, seja em esforços humanitários, seja na luta contra preconceitos ou liderando mudanças positivas no setor.

O novo formato também deve apontar uma lista de novos criativos com talentos promissores em diversas áreas da indústria. De acordo com Caroline Rush, diretora executiva do British Fashion Council, a ideia de mudar o evento é uma resposta “a necessidade de reset que a moda precisa”.

Mas algumas tradições continuarão, mesmo que só no ano que vem. A premiação do British Fashion Council de 2021 já está marcada e ela é esperada para acontecer, sim, presencialmente, no dia 29 de novembro do ano que vem, no Royal Albert Hall.

E a dica da semana é a exposição de Tomo Koizumi, que tá rolando em São Paulo! Os vestidos ultravolumosos do designer japonês, com babados minuciosos, podem ser vistos até o dia 10 de janeiro na Japan House, que funciona de terça a domingo, das 11 às 17 horas, na avenida Paulista, 52. A mostra é gratuita.

Este episódio usou trechos das músicas Ce soir, de Kumisolo, As quatro estações, de Vivaldi, e Esse brilho é meu, de IZA.

    E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. Siga Pivô Podcast em sua plataforma de preferência para que seja notificado toda vez que um episódio novo estiver no ar. Até semana que vem!

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