Roteirista de “Emily in Paris” critica ausência de “I May Destroy You” entre os indicados ao Globo de Ouro
Série de Michaela Coen sobre abuso sexual foi esnobada pela premiação.
A lista de indicados ao Globo de Ouro deu o que falar. Entre críticas e elogios, usuários das redes sociais ficaram chocados pela série Emily in Paris, da Netflix, abocanhar duas indicações — melhor série de comédia e melhor atriz, para Lily Collins — enquanto I May Destroy You, mais recente produção de Michaela Coel para a HBO, foi esnobada pela premiação.
Até Deborah Copaken, uma das roteiristas da trama sobre a publicitária americana em Paris, achou injusto que a série de Michaela tenha sido deixada de lado. “Estou feliz por Emily in Paris ter sido indicada? Claro! Nunca estive nem perto de ver uma estatueta do Globo de Ouro, muito menos de ser indicada para receber uma”, escreveu Deborah em um um artigo para o jornal britânico The Guardian. “Minha empolgação, no entanto, é temperada pela raiva diante do desprezo com Michaela Coel. I May Destroy You não receber a atenção da premiação não é apenas errado, mas mostra como tudo está errado.”
A série da HBO estreou em junho de 2020 e foi escrita, produzida, dirigida e estrelada pela britânica Michaela Coel, famosa pela série Chewing Gum. O ponto de partida para o roteiro foi um abuso sexual sofrido pela autora durante uma saída com uma amiga para um bar, onde foi drogada e atacada por dois desconhecidos. Ela conversou com a ELLE sobre o episódio e sua série, confira a entrevista aqui.
Série “I May Destroy” foi uma das ausências sentidas pelo público nas indicações ao Globo de Ouro.
Divulgação HBO
“I May Destroy You foi não apenas meu programa favorito de 2020″, continuou Copaken. “É minha série preferida de todos os tempos. Ela pega a complicada questão de um estupro — eu também sou uma sobrevivente de abuso sexual — e o infunde com coração, humor, emoção e uma história construída tão bem que eu tive que assistir duas vezes, só para entender como Coel fez isso. “
Segundo ela, a ausência de I May Destroy You entre os indicados ao Globo de Ouro reflete questões raciais maiores. A roteirista cita um relatório de 2017 da ONG Color of Change, que aponta que 91% dos produtores das séries de Hollywood são brancos, e 80% homens.
“Sim, precisamos que a arte reflita todas as nossas cores”, completou ela. “Mas também precisamos premiar programas (e músicas, filmes, peças e musicais) que os mereçam, não importa a cor da pele de seus criadores. Hamilton é ótimo porque Lin-Manuel Miranda é porto-riquenho? Não. É ótimo porque conversa com as pessoas. Não considerar I May Destroy You uma obra de arte brilhante ou Michaela Coel um gênio está além da minha compreensão.”
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