NYFW: Jason Wu, verão 2026

Em parceria com a Robert Rauschenberg Foundation, Jason Wu celebra o centenário do nascimento do artista com uma coleção que se apropria de elementos plásticos de sua obra


Jason Wu
Fotos: Getty Images



Jason Wu está longe de figurar entre os nomes mais quentes da NYFW – embora a longevidade e o alcance de sua marca (ela foi fundada em 2007 e Michelle Obama é uma de suas principais clientes) sejam notáveis. Nesta temporada, porém, a notícia que circulou no dia 8 de setembro anunciava: sua nova coleção – apresentada no domingo (14.09) no Brooklyn Navy Yard, um antigo estaleiro naval dos anos 1960 convertido em polo industrial e comercial – seria realizada em colaboração com a Robert Rauschenberg Foundation.

Jason Wu

As transparências de Jason Wu, neste temporada, remontam ao voil e à gaze usadas por Robert Rauschenberg em algumas de suas obras.

O artista homenageado trilhou um caminho na história da arte essencialmente distante da estética do designer taiwanês-canadense. Se Wu é reconhecido por uma alfaiataria clássica, redesenhada para o corpo feminino e permeada por um romantismo que, não raro, flerta com o boudoir, Rauschenberg foi um dos mais radicais precursores da arte conceitual – célebre, sobretudo, pelo uso de materiais não convencionais. Aproximar esses dois universos é, no mínimo, um desafio complexo.

Jason Wu

A clássica silhueta acinturada ganha uma dose de caos com as interferências inspiradas nas séries “Hoarfrosts” e “Airport Suite”, dos anos 1970.

Intitulada Collage, a coleção de verão 2026 parte de uma referência direta às séries “Hoarfrosts” e “Airport Suite”, ambas dos anos 1970, período em que Rauschenberg explorou intensamente o uso de têxteis – o que, naturalmente, facilita o diálogo com a moda. Embora o estilista afirme ter buscado inspiração não só nos elementos visuais das obras, mas também no próprio artista e em seu processo criativo, o resultado é uma justaposição das silhuetas e iconografias de Wu com as transparências, recortes, colagens e a plasticidade característica do oeuvre de Rauschenberg.

Jason Wu

O primeiro look a cruzar a passarela decorada com originais de Rauschenberg.

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Mesmo assim, a imagem final (desfilada por entre originais do artista como cenário) encontra algum equilíbrio – o contraste entre a estética urbana e fragmentada das obras é suavizada pelo olhar do designer. Falando mais especificamente da roupa, esta é uma coleção quase inteiramente composta por vestidos – majoritariamente acinturados. Esse esqueleto mais tradicional serve como base para uma série de experimentações e provocações inspiradas pelo universo “Rauschenberg-ano” que se sobrepõem a ele. No limite, Wu passa longe de gerar um impacto tão brutal quanto o do artista, mas acerta ao apimentar seu classicismo com doses bem-calculadas de caos.

 

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