Os 12 melhores desfiles de Jean Paul Gaultier

O estilista Duran Lantink estreia nesta temporada como o diretor criativo da casa. Para celebrar o marco, relembramos os mais emblemáticos desfiles de Jean Paul Gaultier.


Desfiles de Jean Paul Gaultier



Nesta temporada, os desfiles de Jean Paul Gaultier recebem uma assinatura inédita. No dia 5 de outubro, o designer holandês Duran Lantink estreia como o primeiro diretor de criação fixo da casa, após a saída de seu fundador. A despedida de Gaultier foi gradual: em 2014, parou com o prêt-à-porter para focar somente na couture e na perfumaria. Em 2020, ele se aposentou de vez da marca que leva seu nome e adotou um novo formato: a cada estação de alta-costura, um estilista convidado revisitava seu arquivo. Chitose Abe, Glenn Martens, Olivier Rousteing e Haider Ackermann foram alguns deles. 

Jean Paul Gaultier nasceu em 1952, na periferia de Paris. Em outubro de 1976, ele apresentou seu primeiro desfile (ainda sem etiqueta própria) no planetário do Palais de la Découverte, na capital francesa. No ano seguinte, lançou a primeira coleção com seu nome e recebeu da imprensa o título de enfant terrible da moda, por causa de sua capacidade de tensionar convenções e propor novas leituras de elegância.

desfiles de Jean Paul Gaultier

Madonna usando o icônico bustiê de Jean Paul Gaultier em 1990. Foto: Getty Images

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O costureiro tem alguns feitos emblemáticos no currículo: em 1990, desenhou o sutiã cônico da Blond Ambition Tour de Madonna, item que se tornou ícone cultural. Em 1997, sua etiqueta passou a integrar o calendário oficial da alta-costura. No mesmo ano, expandiu sua atuação para o cinema, criando figurinos para O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante (1989), de Peter Greenaway, Kika (1993) e A Pele que Habito (2011), de Pedro Almodóvar, e O Quinto Elemento (1997), de Luc Besson. 

A seguir, listamos catorze coleções de Jean Paul Gaultier que marcaram a história, comprovando a relevância do couturier durante todos estes anos.

Inverno 1984 

desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Inspirando-se nas silhuetas estruturadas da lingerie dos anos 1950, Gaultier apresentou vestidos de veludo em tons vibrantes de rosa e laranja, com bustos em formato cônico, os chamados Bombshell Breasts. A coleção já deixava claro como o designer transformaria a sensualidade em fio condutor de sua narrativa visual, antecipando a famosa colaboração com Madonna.

Verão 1984 

desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Divulgação

Na coleção L’Homme Objet (Boy Toy), Gaultier subverteu o uniforme náutico francês: a clássica camiseta listrada da marinha, acidentalmente rasgada nas costas, sugeria novas leituras de masculinidade e evocava a atmosfera carregada de desejo homoerótico do filme Querelle (1982), de Rainer Werner Fassbinder. No mesmo desfile, o estilista apresentou seu primeiro kilt, a saia tradicional escocesa, ampliando seu repertório de provocações estéticas e questionamentos sobre gênero.

Verão 1994 

desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Em Les Tatouages, Jean Paul Gaultier explorou estampas trompe l’oeil (técnica que cria ilusões de ótica) que simulavam tatuagens, espartilhos e armaduras. Nas roupas, ele costurou referências que iam de Joana d’Arc à rebeldia da estética punk, passando por estéticas de tribos africanas e códigos indumentários indianos. Os piercing falsos, que cobriam o rosto e o corpo dos modelos, viraram manchete na época.

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Inverno 1995  

desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

A coleção Cyber canalizava o imaginário distópico de Mad Max, franquia cinematográfica australiana iniciada em 1979, marcada por paisagens áridas, estética futurista e figurino distópico. Na coleção, bodysuits eram cobertos por pontilhados digitais que desenhavam o corpo feminino. Essa estampa se tornou um dos grandes ícones de trajetória do estilista

Verão 1998 

desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Para o verão 1998, Gaultier fez uma coleção inteira em homenagem a Frida Kahlo. Um vestido preto, com tiras afiveladas atravessando o peito, evocava a dor e a força indomável de A Coluna Quebrada, um autorretrato de 1944 em que a artista expõe a fragilidade física imposta pela sua dor crônica causada por um acidente de carro aos 20 anos de idade e pela poliomielite.

Verão 1999 alta-costura

desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Esta coleção homenageia a socialite, estilista e ícone de elegância francesa Jacqueline de Ribes. No olhar de Gaultier sobre sua figura, ele mistura tecidos nobres com cortes impecáveis a jeans, plumas exuberantes e estampas trompe-l’oeil, reposicionando o luxo sob uma nova ótica. O resultado conciliava gestos aparentemente opostos: reverenciar a tradição da alta-costura francesa e, ao mesmo tempo, desafiar seus códigos com rebeldia. 

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Verão 2003 alta-costura

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Nesta temporada, Jean Paul Gaultier levou ao pé da letra a ideia de que modelos são cabides ambulantes. Naomi Campbell e Stella Tennant caminharam na passarela usando jaquetas e vestidos costurados na frente do corpo. Desde então, a brincadeira de perspectiva foi replicada inúmeras vezes, por várias marcas.

Verão 2007 alta-costura

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Les Vierges apresentou uma releitura da iconografia religiosa. Transformar o sagrado em espetáculo de moda virou uma das predileções do estilista, que fez deste um tema recorrente em seu trabalho. Vestidos ricamente bordados, rendas diáfanas e crochês delicados evocavam relicários e altares, enquanto vitrais pintados à mão completavam a composição.

Verão 2011  

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Inspirada pela energia anárquica e pelo hedonismo dos anos 1980, a coleção reafirmou um compromisso com a inclusão muito antes do tema ganhar centralidade no vocabulário da moda. Entre referências ao punk, ao new wave e à estética clubber, o desfile contou ainda com a presença da cantora estadunidense Beth Ditto, vocalista da banda Gossip. 

Verão 2015 

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Élection de Miss Jean Paul Gaultier, como ficou conhecida a coleção, foi o último desfile de prêt-à-porter da maison – pelo menos até agora. Para o verão 2015, Gaultier transformou a passarela em um concurso de beleza satírico, no qual crítica social e espetáculo caminhavam lado a lado. Modelos encarnavam editoras e figuras icônicas do segmento, como Suzy Menkes, Carine Roitfeld, Anna Wintour e Grace Coddington. Elemento-chave de seu repertório, ele ironizou estereótipos femininos em categorias fictícias como Miss Vintage e Miss Smoking, encerrando essa fase da marca com humor ácido e a irreverência característica do estilista.

Inverno 2018 alta-costura

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Nesta temporada, Gaultier trabalhou em cima do Le Smoking, criado por Yves Saint Laurent em 1966. Cortes desconstruídos e intervenções gráficas deram novo fôlego ao ícone, agora bordado com slogans como “Fumer ou Ne Pas Fumer”, “Liberté, Égalité” e “Tétons Libres”. A referência dialogava tanto com o movimento #FreeTheNipple (iniciativa feminista que denuncia a censura aos seios femininos e a desigualdade em relação ao corpo masculino) quanto com a sátira às restrições ao fumo.

Verão 2020 alta-costura

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

Marcando 50 anos de trajetória, Jean Paul Gaultier transformou o Teatro do Châtelet em palco para um adeus apoteótico. Esta foi a última coleção assinada pelo enfant terrible de la mode. O desfile abriu com a projeção de um trecho de Qui êtes-vous, Polly Maggoo? (1966), de William Klein, obra que satiriza o universo da moda e que dialoga com seu próprio espírito irreverente. Em seguida, ele montou um cortejo fúnebre simbólico com direito a caixão adornado com dois cones – alusão direta ao icônico sutiã criado para Madonna – e um vestido coberto por coroas de flores. Mais de duzentos looks atravessaram a passarela, vestindo modelos de múltiplos corpos, idades e origens.

Desfiles de Jean Paul Gaultier

Foto: Getty Images

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