Paris Fashion Week: Tom Ford, verão 2026

Alguns tipos de intimidade só nascem na penumbra, seja na meia-luz de um quarto ou sob as luzes estroboscópicas de uma pista de dança. Haider Ackermann, diretor criativo da Tom Ford, mostrou, nesta coleção, que sabe bem disso. O desfile de verão 2026, o segundo desde que estreou na etiqueta, em março, começa em silêncio, em uma sala sem passarela definida ou focos de luz direta. Três modelos emergem da escuridão, vestindo trench coats brilhantes com as golas erguidas e óculos. Elas caminham lentamente, olhando para os convidados com ânsia de conexão, enquanto o som dos saltos dos sapatos contra o piso dita o ritmo.

Tom Ford, verão 2026. Foto: Getty Images

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O trio abre uma sequência de looks que ilustra claramente o caminho que Ackermann vem traçando desde a sua estreia na marca, em março. Na época, o estilista disse ao jornal The New York Times: “O poder das pessoas está no que elas têm dentro, na fragilidade que podem eventualmente querer mostrar”. No verão 2026, ele se aprofunda nessa ideia. Não é a primeira vez na temporada que o tema aparece. Ele já deu as caras na Dolce & Gabbana e na Louis Vuitton. Entre as três marcas, parece haver um consenso: em meio ao caos do mundo, é preciso voltar para dentro – da casa e de si mesmo.

Tom Ford, verão 2026. Foto: Getty Images

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Do ambiente privado da casa, como um quarto, ele traz camisolas com a parte de cima inteira rendada, robes molinhos e sutiãs para serem usados por baixo de ternos. Códigos da noite, como os da boate, também se tornam territórios de experimentação. Da pista de dança, vêm vestidos lânguidos, com fendas que revelam o ossinho lateral do quadril, decotes que chegam ao umbigo e longos acetinados que deixam as costas inteiramente nuas. A icônica calcinha que Tom Ford fez para a Gucci, um dos momentos mais emblemáticos de sua carreira, é referenciada. Nesta coleção, a lingerie é combinada a uma saia fininha presa por um fio no pescoço e um casaqueto.

Tom Ford, verão 2026. Foto: Getty Images

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Para eles, há shortinhos curtos e, de novo, transparentes, deixando escapar um pedaço da cueca. A peça de roupa íntima masculina é combinada ainda a calças esportivas e a um casaco comprido e ornamentado. Os ternos continuam larguinhos e agora as camisas são usadas quase completamente abertas. Em alguns looks, ela é dispensada, deixando o colo nu.

O desfile termina em meio à fumaça, com todos os modelos reunidos na passarela ao som de “Heroes”, de David Bowie. Nada aqui grita sexo, como já foi marca registrada da etiqueta. Em vez disso, a coleção sugere um jogo de sensualidade e desejo.