SPFW N60: Gloria Coelho
Gloria Coelho comemora 50 anos de carreira com desfile em um trem na SPFW N60.
No início da tarde desta segunda-feira (13.10), a Estação Júlio Prestes, em pleno centro de São Paulo, seguia em ritmo normal – trens partindo, passageiros apressados, o cotidiano de uma das maiores metrópoles do país. Entre um embarque e outro, a moda ocupou os trilhos. Um trem da CPTM, personalizado com o nome de Gloria Coelho no letreiro, se tornou a passarela da nova coleção da estilista, em parceria com a Motiva, empresa responsável pela gestão da linha 8.
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Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite
Com o público a bordo, a apresentação trouxe uma experiência pouco usual. “Desfilar dentro de uma estação é quase poético. O trem parte, chega, leva histórias, traz memórias. É exatamente o que sinto ao olhar para a minha trajetória: evolução, encontros e novos começos”, diz Gloria Coelho.

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite
A ideia de deslocamento atravessa a coleção. Não apenas o das locomotivas, mas o de uma criadora que, aos 51 anos de carreira, segue refletindo sobre as transformações da indústria e da tecnologia. Inspirada pelo século 19, época de inovações científicas e da expansão ferroviária, a estilista estabelece um paralelo com o presente, marcado pela inteligência artificial. “A gente relaciona a Revolução Industrial com a chegada da IA, que vai modificar muita coisa. Pegamos aquele período e imaginamos como essas meninas estariam hoje”, explica.

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite
A nova proposta alterna tempos e estruturas: corsets, ternos de linhas arredondadas e bases inspiradas nos anos 1960 aparecem ao lado de bordados de tule e flores e superfícies trabalhadas manualmente. “Criamos muita coisa – franjas, volumes, bordados metálicos. Tudo é feito por nós.” Entre os tecidos, destacam-se o Tecno K – material com fibras que estimulam a circulação sanguínea e ação antibactericida –, o gabardine Armani e o cetim de seda, em uma paleta que percorre preto, azul, marrom, bordô e rosa.

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite
A tecnologia também está nas estampas: um floral elisabetano foi redesenhado digitalmente por Pedro Lourenço, filho da estilista, a partir de uma imagem gerada por inteligência artificial. É uma atualização do diálogo entre tradição e modernidade que sempre pontuou a carreira de Gloria Coelho.
Na prática, o conceito funcionou, mas nem sempre era fácil acompanhar. Os vagões cheios e o ritmo acelerado das modelos dificultaram a visualização das roupas, que muitas vezes parecem deslocadas naquele cenário. Mesmo assim, é refrescante sair da zona de conforto.

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

Gloria Coelho, verão 2026. Foto: Ze Takahashi/@agfotosite
Sobre sua trajetória na SPFW, Gloria reconhece o papel simbólico do evento – e o seu próprio dentro dele. “Eu penso que trabalhei bastante, e que a São Paulo Fashion Week fez o Brasil aparecer no mundo. Ele organizou o calendário e trouxe visibilidade internacional”, arremata.
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