SPFW N60: Leandro Castro

Em sua segunda participação na SPFW, Leandro Castro apresentou Gaiafilia, coleção baseada em uma investigação sobre a Amazônia e seus sistemas naturais, da floresta ao Rio Tapajós. O título – um neologismo que significa amor à terra – orienta uma proposta que combina pesquisa científica, colaboração com comunidades locais e desenvolvimento de materiais de baixo impacto ambiental.

Leandro Castro. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

O projeto nasceu após uma imersão do estilista no programa Biomas, do Sebrae Nacional, sob curadoria de Walter Rodrigues. “Fui para o território do oeste do Pará, passando por Santarém, Alter do Chão e Belterra, para conhecer o que estamos chamando de desenvolvimento sustentável”, conta Leandro. “A partir daí, me envolvi com grupos que produzem peças dentro de práticas de bioeconomia”, continua ele.

Durante a estadia, o designer colaborou com diferentes artesãos para ressignificar materiais e ressaltar técnicas locais. “Nós temos as cuias de Aira, as palhas de Coroca, as madeiras de manejo florestal da Conflona e as biojoias que viraram peças da Lungara”, explica Leandro. Esses elementos foram incorporados diretamente às roupas – em bordados de madeira, aplicações feitas com sementes, tramas de palha e estruturas que lembram cascas e fibras naturais.

Formado em ciência, tecnologia e moda e com mestrado em engenharia e inovação, Leandro Castro tem na biomimética a base de sua pesquisa – o estudo que observa a natureza para inspirar soluções sustentáveis. No desfile, esse pensamento aparece em volumes que simulam o crescimento orgânico de plantas, em superfícies que remetem à textura da floresta e em modelagens que equilibram rigidez e fluidez.

Leandro Castro. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

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Blazers amplos, calças retas e camisas alongadas compõem a frente de alfaiataria – a mais usável da coleção. Tecidos acetinados e transparentes criam jogos de sobreposição, enquanto amarrações e corsets introduzem um toque de sensualidade. Tênis de cano alto, usados no lugar dos sapatos clássicos, completam o visual e aproximam as peças do cotidiano.

A cartela de cores em preto, branco, azul, verde e rosa reforça o mood natural das criações agênero da marca. Mais do que narrar visualmente a Amazônia, Leandro Castro pensa a moda como campo de experimentação, onde pesquisa, ancestralidade e técnica caminham juntas. “Não se trata de copiar a natureza, mas de entender seus princípios e aplicá-los de forma regenerativa”, resume ele.