Shein e Forever 21 juntas! Saiba tudo sobre a nova parceria

Entenda o que está por trás e o que pode vir pela frente depois da compra do grupo Sparcs (dono da Forever 21, Brooks Brothers, Aéropostale, Reebok e Nautica) pela Shein.


Shein e Forever 21
Foto: Getty Images



Muito em breve, será possível encontrar produtos Shein e Forever 21 no mesmo ponto de venda. Para ser mais preciso, as peças da label estadunidense poderão ser compradas nas plataformas online da marca chinesa e vice-versa – roupas da varejista digital estarão nas araras das lojas físicas da fast fashion estadunidense.

Como assim? O que rolou?

Na quinta-feira (24.08), a Shein anunciou a compra de quase um terço da Sparc Holdings, dona da Forever 21, Brooks Brothers, Aéropostale, Reebok e Nautica. Em contrapartida, o grupo passa a ser acionista minoritário do maior e-commerce de moda do mundo.

Em comunicado à imprensa, a Shein afirma que, com seu conhecimento e experiência em e-commerce e alcance global, poderá “oferecer ao Grupo Sparc uma plataforma capaz de potencializar ainda mais o crescimento das marcas da joint venture. A parceria também espera expandir o alcance da Forever 21, marca do Grupo Sparc, levando ainda mais variedade de produtos aos clientes da Shein”.

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Só para situar, a Sparc Holdings foi criada em 2017, a partir da fusão das empresas Authentic Brands e o Simon Property. Dois anos depois, o novo grupo comprou a Forever 21, que já estava em recuperação judicial. Na época, a etiqueta, fundada em 1984, contava com mais de 800 lojas em todo o mundo.

Mas pera aí, a Forever 21 não tinha fechado?

No Brasil, sim. Em meados de 2022, a Forever 21 fechou todas suas lojas no país e encerrou as operações locais. Desde então, os produtos da rede de fast fashion passaram a ser vendidos exclusivamente pela Dafiti.

No exterior, a marca começou a enfrentar dificuldades após a segunda metade dos anos 2010. Os motivos são, principalmente, a falta de atenção para mudanças no comportamento e mentalidade dos consumidores – cada vez mais preocupados com o clima, o impacto das indústrias na natureza e condições de trabalho – e o atraso na digitalização do negócio. Resultado: fechamento em massa de lojas e um pedido de recuperação judicial.

Como a Shein pode ajudar a Forever 21

Shein e Forever 21 juntas. Entenda mais sobre a parceria

A parceria da Forever 21 com a Shein pode ser interpretada como uma espécie de catalisador para o processo de digitalização da fast fashion estadunidense. A varejista chinesa tem cerca de 150 milhões de usuários. Naquele comunicado enviado à imprensa, os diretores da Sparc Holdings, Jamie Salter e David Simon, dizem estar felizes com o contrato, afinal “estamos falando da principal plataforma de moda on-line do mundo. Tenho certeza de que trabalharemos muito bem juntos”.

E como a Forever 21 pode ajudar a Shein?

A Shein já deixou claro que não pretende ter um ponto físico tão cedo – só pop-up stores, como as abertas no Rio de Janeiro e em São Paulo em 2022. A Forever 21, no entanto, tem 414 lojas nos EUA e mais 146 em outros países, com venda anual acima de 12,7 bilhões de dólares. Resumidamente, para a marca chinesa com sede em Cingapura, a joint-venture funciona como uma porta de entrada privilegiada para o varejo físico no mercado estadunidense.

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“Estamos animados em buscar novas maneiras de atrair nossos clientes por meio do potencial dessa parceria”, fala Donald Tang, presidente executivo da Shein. “A liderança de Simon no varejo físico, a experiência em desenvolvimento de marca da Authentic e o modelo de negócios sob demanda da Shein nos ajudam a impulsionar um crescimento escalável e, juntos, podemos tornar a beleza da moda ainda mais acessível a todos.”

Como fica o Brasil nessa história?

Não dá muito para saber. Pelo menos, não com certeza. E por enquanto. De um lado, a parceria entre Shein e Forever 21 é um sinal positivo para o varejo físico, que vem trupicando desde que as vacinas permitiram uma retomada da vida como a gente conhecia. Pensa bem: a maior marca digital do mundo gastou muitos dinheiros (a quantia da compra não foi divulgada) em um grupo conhecido por ter boa atuação e grande capilaridade de lojas físicas. Ou seja, as compras e vendas offline ainda importam.

Por outro, o tipo de negócio feito entre a Shein e a Sparc Holdings pode deixar as varejistas nacionais com mais uma pulga atrás da orelha. Se algo similar rolar por aqui, o ambiente já competitivo pode ficar ainda mais. É que, desde a chegada da marca chinesa no país, em maio de 2022, os concorrentes locais ficaram bastante apreensivos. E com razão. 

Por ser uma empresa chinesa, o acesso e poder de negociação com fornecedores conterrâneos permitem os produtos da label serem vendidos a preços bem mais baixos. Além disso, devido à sua estrutura de produção e distribuição, as demandas dos consumidores podem ser atendidas em velocidade máxima. 

Shein e Forever 21

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No entanto, com as propostas de novas tributações apresentadas pela nova equipe econômica em Brasília, a Shein se viu forçada a investir na indústria nacional para não precisar subir o valor pago pelos clientes em suas peças. Em abril deste ano, a varejista firmou um compromisso com o governo brasileiro de investir 750 milhões em três anos, para a contratação de duas mil fábricas no país. Trocando em miúdos, parte da produção da marca chinesa seria feita in loco. E cada vez mais.

Para apresentar a primeira leva de peças made in Brasil, a Shein organizou um desfile em São Paulo, no fim do mês de julho. Eram 800 peças (quantidade bem inferior às importadas), feitas por aproximadamente 110 confecções nacionais, com tecidos brasileiros, com preços entre 20 e 190 reais. No site, esses itens são identificados como “She(In) Brasil; Envio Nacional” – pois, sim, o prazo de entrega é praticamente reduzido pela metade.

Shein e Forever 21

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Atualmente, a Shein já contratou 170 fábricas. Porém, só 110 têm capacidade de produzir sob demanda – o modelo de negócio que permite à marca atender os desejos mais quentes dos seus consumidores de forma rápida e ágil, com ajuda de inteligência artificial para escalar a produção, reduzir os estoques e evitar desperdícios.

E, assim, é uma atitude que tem lá seu mérito. A indústria de moda nacional está há muito tempo precisando de investimento e reconhecimento. Sim, existem pequenos estilistas e empresas dedicados ao assunto. Contudo, o resultado e alcance são limitados. Principalmente se comparados ao de uma gigante do varejo.

Os problemas – que não sou poucos – da Shein todo mundo já conhece. Por ser muito recente, ainda não há como avaliar as condições em que as produções brasileiras acontecem nem o seu impacto ambiental e social. E isso é algo que vale ficar de olho e cobrar fiscalização. De todo modo, as falhas não parecem ser um impeditivo para quem quer o look do momento sem gastar muito.

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Segundo estimativas do banco de investimentos BTG Pactual, a Shein faturou 7 bilhões de reais em 2022 – 250% a mais do que os 2 bilhões de 2021. É mais do que os 3,2 bilhões de reais da Marisa e só um tantinho atrás da Riachuelo (8,6 bilhões de reais) e da C&A (8,2 bilhões de reais). A título de curiosidade, a líder do segmento é a Renner, com receita bruta de 15,9 bilhões de reais no ano passado.

Como se sabe, produzir no Brasil não é muito barato. No entanto, nos últimos anos acompanhamos a vontade das grandes varejistas nacionais de se posicionar numa fatia de mercado mais elevada e não tão popular. E como faz isso? Elevando o valor cobrado pelas suas roupas. Não à toa, quase todas essas empresas já estudam alternativas para se manterem competitivas.

Tudo isso, vale frisar, apesar das várias notícias, informações, conteúdos, posts, compartilhamentos, cancelamentos e tudo mais a respeito das práticas nocivas às pessoas e ao ambiente por parte da indústria de moda – em especial das redes varejistas e de fast fashion.

Prova de que muitos desses discursos encaram o problema de maneira isolada. Não adianta insistir para que se compre produtos responsáveis, geralmente mais caros, quando a realidade é de boleto em cima de boleto, endividamento alto, juros elevadíssimos, inflação lá em cima e por aí vai. Porque o desejo é o mesmo para todo mundo, já os meios para alcançá-lo… 

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