NYFW verão 2024: Ralph Lauren

O primeiro dia da NYFW verão 2024 não foi só de estreias. Teve também o retorno de uma das marcas mais emblemáticas da moda estadunidense: a Ralph Lauren. Fazia quatro anos que a grife não desfilava na semana de moda de Nova York. O retorno aconteceu na noite de sexta-feira (08.09), num galpão do estaleiro do Brooklyn, decorado para parecer um estúdio de arte ou uma cabana – era um mix dos dois, apesar da ênfase na parte campestre.

E o que mudou? Muito pouco. O que se viu na passarela foram versões do que há de mais essencial à etiqueta fundada pelo estadunidense nascido no bairro do Bronx, o Ralph em si. Daí o bloco de jeans decorados com estampas, brocados, bordados e devorês, com direito à muita saia longa e bustiê corsetado. Daí também a alfaiataria à la american sportswear, com listras e cores neutras, tudo bem básico, prático e tradicional.

Ralph Laurent, verão 2024. Foto: Divulgação

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Rola ainda um momentinho wild wild west, com peças de couro ou acetinadas arrematadas com franjas e os ponchos, tricôs e crochês de pontos largos e aparência artesanal. Ah, não dá para esquecer do chapéu de cowboy e da sensação de descaso com toda a pauta decolonial e discussões sobre apropriação cultural. Ok, faz parte da história da marca, mas se até museus estão revendo algumas origens históricas, porque aqui deveria ser diferente, não é mesmo?

Ao final, uma série de looks metalizados com muitos drapeados e assimetrias cobrem o legado black tie da label. Quem quiser apostar em quais deles aparecerão nos próximos tapetes vermelhos, a hora é agora. E no que depender de Ralph Lauren, o prata foi definitivamente desbancado pelo dourado.

Ralph Laurent, verão 2024. Foto: Divulgação

Para não dizer que não teve nada de novo, há algumas adições de modelagens e silhuetas bem desejadas no momento: as calças harem (volumosas no quadril e coxas e ajustadas no tornozelo) cargo, e os looks coloridos, principalmente de verde e roxo, com roupas com amarrações e drapeados, como se fossem feitas de lenços.

Mas o que fez o senhor Ralph Lauren, no auge de seus 83 anos, voltar à NYFW? Bom, na real, a explicação começa pelo motivo que levou a marca a deixar de se apresentar nas passarelas. Teve a pandemia, é verdade, mas antes da Covid-19 parar o mundo, a etiqueta já enfrentava dificuldades para se adequar às demandas dos consumidores e do mercado. Resultado: queda nas vendas.

Rolaram várias mudanças internas, trocas de executivos, cancelamento de linhas secundárias, fechamento de lojas, revisão de produtos, estratégias de marketing, comunicação, preços e posicionamento. Aí, durante os períodos de isolamento ou restrição social, rolou aquela paixonite pelo tal old money, estilo muito bem representado grife, e o fluxo de caixa voltou a dar sinais positivos.

Ralph Laurent, verão 2024. Foto: Divulgação

Porém, quando as vacinas permitiram a retomada da vida mais ou menos como era, a inflação nas alturas e as incertezas econômicas locais e internacionais voltaram a baquear os resultados financeiros. E isso num momento em que a marca dava início a um plano de se posicionar num patamar mais elevado do mercado (daí o recente aumento de preço dos produtos).

Plano, aliás, que toda a diretoria acredita e aposta valendo. E o que melhor do que indicar que o caminho é esse mesmo do que fazer um grande auê com nada menos do que 61 celebridades (Gabrielle Union, Robin Wright, Amanda Seyfried, Kevin Love, Sheryl Crow, Ariana DeBose, Leo Woodall, Meghann Fahy,Cara Delevingne, Diane Keaton, Sofia Richie, Emma Roberts e Jennifer Lopez só para citar algumas), um desfile com o puro suco da sua identidade e um bom jantar para todo mundo ir embora feliz?

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