9 expoentes do artesanato brasileiro que você precisa conhecer

Confira os destaques da Semana Criativa de Tiradentes, que apresentou obras de arte desenvolvidas a partir de técnicas e saberes que atravessam gerações e contam a história do Brasil.


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Poltrona Quebra-Mar, de Alexandre Heberte. Foto: Cacá Bratke



Celebrando a arte popular e o artesanato brasileiro, a Semana Criativa de Tiradentes (SCT) chegou à sua sétima edição. Este ano, o festival aconteceu de 19 a 22 de outubro e transformou o centro histórico da cidade mineira em um mergulho nas diferentes técnicas e matérias-primas que compõem a rica cultura brasileira.

Artistas e artesãos vindos de todo o país se encontraram nas oito exposições que fizeram parte da programação do festival. Do bordado à marchetaria, o público conferiu saberes que passam de avós para netos e despertam memórias de um Brasil com rara sensibilidade.

Abaixo, listamos nove nomes participantes da SCT 2023 para conhecer e se encantar.

Mário e Alex Teles

Tudo começou com Geraldo Teles de Oliveira. Pai de Mário e avô de Alex, Geraldo, conhecido como GTO, era analfabeto e entalhava a madeira para criar peças que surgiam para ele em seus sonhos.

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Arte na madeira: terceira geração de entalhadores. Foto: Divulgação

Mário Teles, que sempre observava o pai esculpir, foi promovido a ajudante e, aos 9 anos, descobriu sua vocação artística: o dom para desenhos. Aos 20, começou a fazer pinturas e, aos 26, começou a entalhar e criar as próprias obras. Décadas depois, a história se repetiu com o neto de GTO. Atualmente, Mário e Alex criam juntos e mantêm vivo o legado impressionante de Geraldo, que foi premiado em mais de 120 países.

Silvânia Mendonça

Silvânia Mendonça tece há quatro décadas. A técnica, ela aprendeu com a mãe, Maria Dalva, quando ainda tinha 13 anos. No tear, muito mais do que reproduzir repassos de família, como são chamadas as “receitas” de trama, Silvânia se desafia a criar novos desenhos.

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Tramas viram cachepôs, bolsas e outras peças. Foto: Cacá Bratke

Durante a sétima edição da Semana Criativa de Tiradentes, a tecelã apresentou diferentes obras, de cachepôs a bolsas, com uma paleta de cores moderna e estilo único.

Lucimar Cristina da Silva e Claudinei Matias do Nascimento (Prego)


Claudinei Matias do Nascimento, o Mestre Prego, é fundador do Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia. Mas não é só por essa atividade que ele é conhecido em Tiradentes. Ele e Lucimar Cristina da Silva (segunda capitã do Congado) estão à frente do Ateliê Boa Lembrança, que produz artesanato com cabaça, bambu e madeira.

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Balões de cabaça são sucesso em Tiradentes. Foto: Cacá Bratke

O hit do ateliê é o balão de cabaça, criado despretensiosamente por Lucimar. Certo dia, a artesã teve a ideia de fazer um balão e vendeu em minutos. A história se repetiu nos dias seguintes e, assim nasceu a peça de maior sucesso do casal. Para essa edição da SCT, o balão foi especialmente produzido com a paleta de cores do evento.

 

Alexandre Heberte


O professor e pesquisador cearense Alexandre Heberte define-se como um corpo-tecelão. Para a construção de seus objetos têxteis, ele usa técnicas de tecelagem que trazem registros e memórias de seu estado natal.

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Renda Cariri na poltrona: inovação e memória. Foto: Cacá Bratke

Não à toa, Cariri é o nome que deu à renda produzida para a poltrona Quebra-Mar, de madeira ipê, desenvolvida por Gilberto Resende Romero (Beto).

Cerâmica Aldeia


No Mercado da Semana Criativa de Tiradentes as peças da Cerâmica Aldeia encantaram os visitantes. O ateliê nasceu em 2022 no Recreio, região de Minas Gerais famosa pelo barro terracota que dá origem aos filtros e vasos tão presentes na memória afetiva dos brasileiros.

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Com diferentes peças utilitárias, de xícaras a bandejas, o destaque são os vasos de cerâmica adornados por casinhas, pássaros e outros detalhes que enchem os olhos.

Andrezinho, o Mestre Passarinho

Andrezinho, conhecido como Mestre Passarinho, é guardião de uma pequena mata em sua comunidade, no Vale do Jequitinhonha. Recuperou uma área degradada, que hoje é sua companheira e fonte de matéria-prima: ele dá vida a passarinhos e outros seres criados com madeiras que caem na mata.

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Pedaços de madeira caídos viram passarinhos e outros seres nas mãos de Andrezinho. Foto: Reprodução Instagram @tingui_org

A criação surge do entendimento do artesão da forma original das madeiras. Às vezes, além dos passarinhos, elas lembram ofícios ou crianças, por exemplo – e a forma, então, se expressa nas mãos de Andrezinho. Ele esculpe, lixa e fixa a criação numa estrutura, e prefere não usar cores artificiais, deixando as tonalidades da madeira viva.

Ateliê Caféadois

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Cerâmicas utilitárias e decorativas. Foto: Cacá Bratke


O Ateliê Caféadois, formado pelos artistas mineiros Luciana Pires e Henrique Oliveira, produz cerâmicas híbridas, que, além de utilitárias, sempre apresentam um recorte poético, fruto da relação da dupla com a cultura brasileira.

João Borges

Na mostra Arte dos Mestres – Artes do Povo, Artes Plurais, o artista piauiense João Borges marcou presença com suas cerâmicas que retratam temas regionais.

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João Borges: do barro à vida. Foto: Julyana Oliveira

A partir do barro, o Mestre cria delicadas e expressivas figuras humanas. As cenas do cotidiano retratam pessoas orando, tocando viola ou apenas sentadas, em obras que emocionam ao primeiro olhar.

Mestre Jasson

Já reverenciado Brasil afora por suas cadeiras esculpidas em madeira, o Mestre Jasson também esteve presente na Semana Criativa de Tiradentes 2023.

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Mestre Jasson: viagem ao imaginário. Foto: Arquivo pessoal

E ainda que essa lista se proponha a apresentar novos nomes, é impossível passar pelas criações desse mestre do artesanato brasileiro e não falar sobre elas. Sua obra é contar histórias, sem compromisso com a realidade: uma viagem fantástica à fauna e à flora do país.

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