SP-Arte completa 20 anos movimentando galerias e museus da cidade
Carmela Gross, Eleonore Koch, Celeida Tostes, Elza e Gerson são temas de mostras paralelas à feira.
Quando a SP-Arte realizou sua primeira edição, 7 mil pessoas foram conferir 41 galerias e cerca de 600 obras. Vinte anos depois e com um público de 500 mil visitantes acumulados no decorrer de sua trajetória, a feira abre suas portas com números mais que quadruplicados. Até o dia 7 de abril, mais de 190 expositores ocupam o prédio de Oscar Niemeyer, no Ibirapuera, exibindo cerca de 3 mil obras.
A premissa da feira, no entanto, segue a mesma: é a melhor vitrine não apenas para colecionadores públicos e particulares como para qualquer um que esteja interessado em arte. Ali é possível conferir, em um só espaço, o que vem sendo produzido e exibido dentro do circuito, tanto no que se refere a nomes consolidados como emergentes.
No estande de galerias como a Almeida & Dale, por exemplo, serão apresentados artistas já renomados, como Candido Portinari, Di Cavalcanti, Lygia Clark, Sergio Camargo, Tunga e Adriana Varejão. Mas quem passar pela Fortes D’Aloia & Gabriel poderá conhecer mais das esculturas e pinturas-objeto de Yuli Yamagata, que são feitas em materiais diversos como veludo, bambu, fibras de silicone e pelúcia.
O lounge da Elle Decoration na SP-Arte Foto: Bruna Borelli
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Obras dos brasileiros que estarão representados na atual Bienal de Veneza, com abertura no dia 20 de abril, também estarão em destaque. Trabalhos de Anna Maria Maiolino, a artista homenageada com o Leão de Ouro na mostra italiana, por exemplo, ocuparão o estande da galeria Luisa Strina. Já a Carmo Johnson Projects, que participa da SP-Arte pelo terceiro ano, dedica seu espaço à parte da produção do MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), coletivo indígena que é uma das atrações da Bienal.
Esta edição também é uma oportunidade para conferir o trabalho de Gastón Ugalde, que já representou a Bolívia em duas bienais de Veneza e é conhecido como Andy Warhol andino. A Salar Galería apresenta uma individual do artista, com fotografias e esculturas criadas a partir do tecido andino aguayo.
Muito do que se vê na feira, que terá um lounge da ELLE Décor, ainda se estende a outros espaços de São Paulo, uma vez que o interesse e a movimentação do público em torno da SP-Arte é motivo suficiente para museus e galerias investirem nas suas melhores apostas. A seguir, confira um pouco do circuito para além do Pavilhão no Ibirapuera:
Carmela Gross – Quase circo, no Sesc Pompeia
A obra Uma casa (2007) Foto: Everton Ballardin
” ][/sc]Conhecida pelo diálogo que suas obras promovem com o ambiente em que estão inseridas, seja a arquitetura ou o espaço urbano, a artista Carmela Gross ocupa o Sesc Pompeia com 13 trabalhos de grandes dimensões que aparecem em contato direto com o desenho arquitetônico de Lina Bo Bardi. Roda Gigante (2019), por exemplo, traz um conjunto de 320 objetos cotidianos, entre baldes e caixas de vendedores ambulantes, dispostos no chão, mas amarrados com cordas no telhado do galpão, o que preenche todo o ambiente com suas linhas entrecruzadas. A interação entre artista e arquiteta, no entanto, não é nova, já que as obras Rio Madeira e Estandarte Vermelho, ambas de 1990, já foram exibidas na mesma instituição.
Até 25/8, no Sesc Pompeia.
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Eleonore Koch: em cena, no MAC USP
Abismo (1962) Foto: Divulgação
Para a exposição dedicada à artista alemã de origem judaica, que se refugiou com a família no Brasil aos 12 anos, o Museu de Arte Contemporânea da USP reuniu obras do seu próprio acervo, mas também de coleções como a Pinacoteca e o Masp. A maior parte dos 190 trabalhos, no entanto, vem de acervos privados, o que dá ao público a chance de conferi-los pela primeira vez. A escolha por incluir, ao lado das pinturas, documentos como fotografias e cartões-postais também é uma oportunidade para quem quer entender mais sobre o processo criativo de Koch (1926-2018), uma vez que a artista utilizava materiais de arquivo como objetos de estudo para compor suas paisagens e naturezas-mortas.
De 6/4 a 17/7, no MAC USP.
Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo, na Galatea
A Travesti (1967), de Gerson de Souza Foto: Rafael Salim
Elza O. S (1928-2007) e Gerson de Souza (1926-2008), casal de pernambucanos que migrou para o Rio de Janeiro em busca de melhores oportunidades de trabalho, tem sua produção revista na galeria Galatea. Na seleção de obras que abordam cenas da boêmia carioca e a vida cotidiana na cidade, além de pinturas que retratam o casamento e o ambiente doméstico, a ideia é desvincular os dois do estereótipo da arte popular que comumente recai sobre eles, enfatizando seu apuro técnico e consciência política.
Até 11/05, na Galatea
Amassadinhos (1991) Foto: Gui Gomes/Acervo Superfície
Celeida Tostes – Vênus Ancestral, na Superfície
Apesar de Celeida Tostes (1929-1995) ter participado de exposições importantes no cenário nacional e internacional (como a 21a Bienal de São Paulo), sua obra ainda permanece desconhecida por parte do grande público. Tanto que a mostra na Superfície é a primeira individual de seu trabalho em São Paulo. Na galeria, as peças da artista – que escolheu o barro como sua matéria-prima – se desdobram tanto em cerâmicas como em registros fotográficos de uma das suas performances mais emblemáticas: Passagem (1979). Nela, com ajuda de duas assistentes, a artista cobriu seu corpo com argila e submergiu em um vaso de barro fresco, mantendo-se dentro dele como se fosse um útero.
Até 18/5, na Superfície
Outros destaques:
Mostre-me como ruínas fazem um lar, na A Gentil Carioca, até 18/5: com pinturas desenvolvidas em uma residência no Rio de Janeiro, a exposição é a primeira individual do artista zimbabuense Misheck Masamvu no Brasil.
Corações à desmedida, na Casa do Povo, até 6/4: um gesto coletivo em homenagem a Rochelle Costi um ano após a sua morte, com obras de 336 artistas em formato de coração.
Organoide, na Vermelho, até 11/5: a artista Lia Chaia apresenta uma série de desenhos, vídeos e pinturas, desenvolvidos entre 2020 e 2024, que se voltam para o interior do corpo humano.
Allan Weber: Novo Balanço, no Instituto de Arquitetos do Brasil, até 27/4: na individual do artista, a lona usada nos bailes funks do Rio de Janeiro aparece desdobrada em pinturas, esculturas e instalações.
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