Perfumista da L’Oréal comenta novas aquisições do grupo

Com Aesop e Miu Miu agora no portfólio, Karine Lebret, diretora de criação de fragrâncias na L'Oréal Luxo, revela os bastidores do seu trabalho e comenta os próximos projetos do grupo.


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O que faz a diretora de criação de fragrâncias de marcas como YSL Beauty, Prada, Lancôme, Giorgio Armani e Lancôme? Essa era uma de nossas maiores curiosidades quando encontramos, em Paris, Karine Lebret, perfumista responsável por criar a unidade de fragrâncias da L’Oréal em 2001, que conta hoje com 25 marcas globais.  

É a equipe de Karine que coordena toda a produção de perfumaria dentro do grupo – desde a criação da história por trás da fragrância até a orientação ao perfumista escolhido para tocar cada projeto. “Nossa missão e nosso trabalho é traduzir o valor, a herança e a história das grifes”, conta em entrevista à ELLE Brasil. 

No bate-papo a seguir, Karine conta um pouco sobre os bastidores de seu trabalho, fala sobre a sua visão em desenvolvimento de fragrâncias e comenta a chegada de Miu Miu e Aesop ao portfólio da L’Oréal. 

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Karine Lebret, diretora de criação de fragrâncias na L'Oréal Luxo Divulgação

Como sua paixão pelo mundo da perfumaria começou?

Eu era fascinada por ingredientes. Então, fui estudar em uma escola de perfumaria e logo entrei para o mercado, desenvolvendo fragrâncias menores para marcas de luxo. Neste meio tempo, também estudei farmácia. Aliás, acho que essa combinação entre arte, presente na perfumaria, e ciência, na qual se baseia a farmácia, é muito especial. Todo o nosso time da L’Oréal tem essas qualidades: todos eles são apaixonados por fragrâncias, pela arte da composição e por ingredientes, ao mesmo tempo que têm habilidades científicas incríveis. É sobre colocar a ciência a serviço do desenvolvimento de fragrâncias, é o encontro entre a química e a alquimia. 

Dentro do grupo L’Oréal, especialmente na divisão de luxo, existem mais de 10 marcas que vão desde Lancôme até Ralph Lauren. Como é trabalhar com as diferentes necessidades e perfis de cada marca?

Nossa missão e nosso trabalho é traduzir o valor, a herança e a história das grifes. Para isso, enxergamos cada uma delas como se fossem uma pessoa com emoções específicas para compartilhar com os consumidores. É um ecossistema enorme composto por muitas equipes, localizadas em diferentes países e vivendo diferentes culturas, para fazer um trabalho 360º. Também mantemos um diálogo aberto com seus consumidores para entender suas expectativas, desejos e necessidades. 

Há muita conversa sobre sustentabilidade e economia circular na indústria de perfumaria, especialmente na França, o berço desse mercado. Como a L’Oréal tem avançado nessa direção?

Esse é um tópico importante. A L’Oréal, há anos, tem se comprometido muito com a economia circular. Não sou especializada em embalagens, mas também fomos pioneiros em produtos recarregáveis. Do nosso lado, com relação aos ingredientes, nós trabalhamos muito para sermos mais sustentáveis usando, por exemplo, matéria-prima totalmente rastreável, na maior parte das vezes de comunidades locais e com extração sem impacto no meio ambiente. É um tema que está no centro do nosso trabalho e temos diversos programas que vão nessa direção. 

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Quais foram os momentos mais desafiadores que você enfrentou em projetos de perfumaria dentro da L’Oréal?

Não sei se é exatamente um desafio, mas estamos vivendo hoje um momento importante na L’Oréal, trabalhando com um portfólio enorme e em diversas frentes. É emocionante trabalhar para tantas marcas e com um consumidor que é realmente louco por fragrâncias, mas que é extremamente exigente e sabe tudo sobre perfumes. E é exatamente por isso que precisamos inovar. Precisamos usar nosso know-how para trabalhar sempre em altíssimo nível, para manter alta qualidade, transparência, diversidade e emoção. E isso, na verdade, é um grande presente, porque mantém as apostas lá em cima. Nossa paixão é a perfumaria, então essa entrega é muito bonita. 

Dizem que atualmente há mais astronautas do que perfumistas no mundo. A que você atribui essa escassez de profissionais na indústria de perfumaria?

De fato, um métier é algo muito raro porque exige competências muito diferentes: conhecimento científico, criatividade e compreensão do ecossistema. Antes, eram conhecimentos transmitidos de pai para filho, era uma arte que se perpetuava através das gerações. Hoje é um pouco diferente porque essa tradição não é mais tão forte e existem pouquíssimas escolas de perfumaria no mundo. Acho que talvez seja por isso que o perfumista é uma espécie rara.  

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O que podemos esperar para o futuro da perfumaria da L’Oréal?

Estamos focados em garantir o sucesso da Aesop, que acabamos de adquirir – é uma marca muito interessante e estamos muito felizes em tê-la agora em nosso portfólio. Ela vai ganhar um estilo novo agora, com novos óleos essenciais, outros registros olfativos e fragrâncias mais refinadas. Também acabamos de anunciar a aquisição da Miu Miu, acompanhando a Prada que já está sob o nosso chapéu. O legal é que, apesar de ambas as marcas terem Miuccia Prada como diretora criativa, elas têm pouco a ver uma com a outra – e queremos muito explorar esses dois universos. Então, temos muito trabalho pela frente, com muitos desafios e produtos lindos a serem lançados. 

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