E agora, Zuckerberg?

A inclusão do metaverso no nosso dia a dia é só uma questão de tempo. Mas como será que esse espaço virtual vai impactar nossa vida real?


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Antes de começar a ler esse texto saiba que, muito provavelmente, você vai terminá-lo com mais dúvidas do que quando começou. Preparada para o futuro?

Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 31,1 anos desde 1840 (a expectativa é de 73 anos para homens e 80 anos para mulheres). Isso significa que, se der tudo certo, nós, mulheres maduras, temos pelo menos mais 30, 40 anos pela frente. Bom, se pararmos para pensar que na nossa infância não existia celular, TV a cabo, computador, 4G (muito em breve 5G) e tudo o que isso implica, e que a maior velocidade das mudanças tecnológicas se deu principalmente nos últimos 15 anos, é assustador pensar em tudo o que ainda pode mudar nos próximos anos.

Mas por que estamos falando de tecnologia se escrevemos sobre o que acontece na fase da vida da mulher em que ela para de procriar (menopausa), mas não de criar? Simples. Porque estando apenas na metade da vida e, com certeza, iremos viver a realidade virtual do metaverso na prática!

Para quem ainda não está familiarizado com o assunto, o metaverso é um espaço online compartilhado por pessoas que utilizam tecnologias como realidade virtual e realidade aumentada para interagir com o próprio espaço, com conteúdos e com outras pessoas por meio de hologramas da própria pessoa ou avatares. Segundo Mark Zuckerberg, fundador do Facebook (que recentemente mudou o nome para Meta), lá no metaverso “você poderá se teletransportar instantaneamente como um holograma para chegar ao escritório sem necessidade de deslocamento, a um concerto com os amigos ou à sala da casa dos seus pais para saber das novidades”.

Difícil acreditar? Pois saiba que o metaverso é uma das grandes tendências para 2022, e a Meta (antigo Facebook, melhor ir se acostumando) decidiu investir pesado nessa nova tecnologia (fala-se em US$ 30 bilhões até o final do ano). Ou seja, a questão não é se vai acontecer, mas, sim, quando e como isso vai impactar nossa vida real.

Sabemos que é difícil imaginar essa realidade porque ainda não conseguimos experimentá-la, mas queremos propor aqui uma simulação de possibilidades para você já ir pensando quando isso tudo fizer parte do nosso dia-a-dia.

Mas antes de irmos ao exercício em si, queremos fazer uma pergunta ao senhor Zuckerberg: se nosso corpo é comandado por nosso cérebro, tudo que vivenciarmos lá no metaverso vamos sentir na vida real?

Por que a pergunta? Porque se a resposta for “sim” muitas outras perguntas nos vêm à cabeça antes de começarmos o exercício. Por exemplo:

1. Será que se bebermos muito lá no metaverso, nosso cérebro vai mandar mensagens para o nosso corpo reagir a tanto álcool (que de fato não bebemos, mas que estamos dizendo ao cérebro que sim) e vai disparar instruções para o fígado reagir e metabolizar esse álcool fictício fazendo-o produzir enzimas?

2. Será que se levarmos um susto enorme lá no metaverso, corremos o risco de ter um enfarte na vida real porque o cérebro entendeu que aquele pseudo susto existiu e fez seu coração disparar?

3. Será que se um outro avatar resolver me estrangular lá no metaverso, eu vou sentir falta de ar na vida real e achar que estou morrendo?

Você acha exagero? Bom, na vida real, pessoas com síndrome do pânico não conseguem respirar, começam a transpirar, têm queda de pressão e o coração acelera por mais que estejam tecnicamente “bem”. Ainda não se convenceu? Existem milhares de relatos de pessoas que perderam algum membro e continuam sentindo ele coçar, mesmo ele não estando mais ali.

Sim, esse é o poder do nosso cérebro!

4. Será que o mesmo sujeito que tentou me estrangular no item anterior vai ser preso lá no metaverso ou banido dessa realidade paralela?

5. Será que se eu me apaixonar por lá, meu coração vai bater mais forte na vida real naquele momento em que eu me encontrar com meu “amor virtual”?

6. Será que os adolescentes irão cada vez mais se relacionar virtualmente em vez de experimentar a vida como ela é? Afinal, esse novo formato de plataforma vai ser utilizado para a criação de aplicativos e ferramentas de interação social, ou seja, não somente será o futuro das redes sociais como a nova fase da web: a internet imersiva.

No metaverso, como você vai querer se parecer? Exatamente do jeito que é ou vai disfarçar suas rugas e cabelos brancos?

A verdade é que são muitas as perguntas que temos por aqui e, provavelmente, você deve estar se fazendo muitas outras nesse momento também. Infelizmente, não temos as respostas (será que o Mr. Zuckerberg ou alguma outra pessoas já tem?), mas, no mínimo, são coisas a se pensar.

Bom, mas enquanto essa realidade paralela não chega, que tal irmos imaginando como nós, mulheres maduras, seremos no metaverso? Sim, esse é o exercício que falamos lá em cima. Mas se você acha que a coisa agora vai ficar mais clara, lá vêm mais perguntas.

No metaverso, seja como holograma ou avatar, como você vai querer se parecer? Exatamente do jeito que é ou vai disfarçar suas rugas e cabelos brancos? Mesmo estando na menopausa na vida real, será que você vai querer engravidar lá no metaverso? Aliás, será que isso é possível? E quanto às flutuações hormonais? Bom, essa parece óbvio: por lá não vamos querer os calorões e variações de humor! Mas será que por lá vai ter preconceito no mercado de trabalho em relação à idade? Será que as marcas vão anunciar produtos para as mulheres maduras nesse universo paralelo?

Sabemos que são muitos aspectos que fazem parte da nossa vida real que não conseguimos resolver (mas estamos caminhando!) e, sim, fica difícil imaginar tudo isso em um universo paralelo. Mas fica a dica: talvez seja importante começarmos a pensar sobre tudo isso para não retrocedermos em tantas conquistas que já fizemos, depois de tanta pedra no meio do caminho.

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