4 escritoras da Flip 2025 para você ler já

Lilia Guerra, Liv Strömquist e outros destaques do evento literário em Paraty.


Lilia Guerra, um dos destaques da Flip 2025
Lilia Guerra Foto: Renato Parada



Dos amores modernos às dores igualmente contemporâneas, do luto à luta de classe, a Flip 2025 tem uma programação que conta com algumas das mais incensadas escritoras da contemporaneidade, caso da espanhola Rosa Montero, uma das mais aguardadas pelo público que vai conferir os debates em Paraty, a partir desta quarta-feira (30.07). O grande homenageado desta edição é o poeta Paulo Leminski (1944-1989), tema da mesa de Arnaldo Antunes, que abre o evento.

Mas ainda que você não seja um habitué da feira literária (vale lembrar, que todas as mesas têm transmissão online), separamos a seguir cinco autoras cujas obras merecem um espaço de destaque na sua estante – e, sobretudo, na sua cabeça. Divirta-se e aprenda com elas:

Liv Stromquist ©Emil Malmborg

Foto: Emil Malmborg

Liv Strömquist

A quadrinista sueca estudou ciência política e sociologia e tem entre seus best-sellers um dos livros mais legais e originais sobre amores modernos: A rosa mais vermelha desabrocha – O amor nos tempos do capitalismo tardio ou por que as pessoas se apaixonam tão raramente hoje em dia (2021), cujo nome já dispensa maiores explicações e cuja história inspirou outra grande romancista contemporânea, Natália Timerman, em Copo vazio (2021). A partir de histórias como a de Sócrates, que traiu Alcibíades há 2400 anos, ou de Leonardo DiCaprio, que nunca teve uma namorada com mais de 27 anos, muito menos parece ter amado de verdade, a autora traz um panorama divertidíssimo, mas muito bem embasado na filosofia e na cultura pop (vai de Beyoncé a Kierkegaard) para falar sobre o mais buscado dos sentimentos – e talvez um dos menos acessíveis em tempos de app.

Mesa “Tudo o que desabrocha”: Liv Strömquist e Giovana Madalosso com mediação de Nani Rios, sexta, 01.08, às 15h.

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Giovana Madalosso ©Renato Parada

Foto: Renato Parada

Giovana Madalosso

A curitibana, que divide mesa com Liv Strömquist, acaba de lançar seu terceiro romance, Batida só (não deixe de ler também Tudo pode ser roubado, de 2018, especialmente se você é paulistano, garanto que você vai reconhecer e rir muito com alguns personagens e lugares-clichê). Com uma protagonista que descobre uma doença cardíaca e parte em uma jornada de descanso, mirando a tranquilidade, Batida só fala sobre adoecimentos físicos e metafísicos do coração e milagres que nunca ocorrem (com direito à boa crítica a esses centros de cura, tantas vezes desmascarados na vida real). Mas, principalmente, sobre o poder da amizade, que nasce nos lugares mais improváveis e em circunstâncias idem. É impossível não se apaixonar pelo pequeno Nico, a criança mais idosa da Terra.

Rosa Montero ©Isabel Wagemann

Foto: Isabel Wagemann

Rosa Montero 

Jornalista com direito a histórias pessoais ótimas – e algumas bem tristes –, Rosa é autora de alguns dos livros mais comentados da atualidade, caso de A rídicula ideia de nunca mais te ver (2019), O perigo de estar lúcida (2023) e A louca da casa (2024), entre os quase 30 que já escreveu. Sua grande sagacidade é saber falar sobre a condição humana, equilibrando dor e alegria, luto e júbilo, como acontece em A rídicula (….). A narrativa do livro nasceu depois da morte de seu marido, Pablo Lizcano, mas acabou alcançando a história de Marie Curie, prêmios Nobel de Física e Química. “Como não tive filhos, a coisa mais importante que me aconteceu na vida foram meus mortos, e com isso me refiro à morte dos meus entes queridos. Talvez você ache isso lúgubre, mórbido. Eu não vejo assim. Muito pelo contrário: para mim é uma coisa tão lógica, tão natural, tão certa. Apenas em nascimentos e mortes é que saímos do tempo”, traz um trecho do livro.

Mesa “A ridícula ideia de estar lúcida”: Rosa Montero, com mediação de Paulo Roberto Pires, sábado (02.08), às 19h.

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Lilia Guerra

Técnica de enfermagem do SUS, ela já havia escrito de forma independente Amor avenida (2014), Perifobia (2018) e Rua do larguinho e outros descaminhos (2021), antes de o seu O céu para os bastardos (2023) ser finalista do Prêmio São Paulo de Literatura de 2024 e a colocar sob os holofotes da grande mídia. Moradora de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, ela conta com delicadeza e propriedade a história de personagens muitas vezes inviabilizados, como manicures, babás e empregadas domésticas, profissão da sua avó, Dona Júlia, e de sua mãe também. E recorre ao humor e à sátira, onde outros poderiam ver apenas miséria. A história de O céu, por exemplo, se passa numa comunidade muito longe do centro urbano, chamada Fim-do-Mundo (qualquer semelhança com Cidade Tiradentes não é mera coincidência). Uma leitura que se faz política sem ser panfletária, e que ecoa clássicos como O quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.

Mesa “A casa, o mundo”: Lilia Guerra e Alia Trabucco Zerán, com mediação de Micheline Alves, quinta, 31.07, às 15h.

Flip 2025: de 30 de julho a 3 de agosto, em Paraty. Mais informações aqui.

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