Boy Harsher: música eletrônica de cinema

A dupla de eletropop conversou com a ELLE em sua mais recente passagem pelo Brasil.


Boy Harsher em São Paulo
O produtor musical Augustus Muller e a cantora Jae Matthews, o Boy Harsher Foto: @zpdrz



O nome pode até te confundir, mas assim que você der play em uma música do Boy Harsher fica claro que se trata de uma voz feminina cantando. Formado pela vocalista Jae Matthews e pelo produtor musical Augustus Muller, o duo/casal ficou conhecido por uma sonoridade que une a voz modificada por sintetizadores com batidas dançantes e uma forte influência dos anos 1980, entre a darkwave e o eletropop.

Boy Harsher em São Paulo

Boy Harsher em show na festa Versa, em São Paulo, em novembro passado Foto: @zpdrz



O primeiro EP da dupla, Lesser man (2014), foi lançado apenas em um número limitado de cassetes, mas ganhou um público maior quando teve seu upload feito na internet por um fã. No mesmo ano, “Pain”, faixa do EP,  estourou no underground. Desde lá, o Boy Harsher conquistou um público fiel e ganhou elogios de publicações como NME e Pitchfork.

Em 2022, eles se apresentaram pela primeira vez no Brasil, no Primavera Sound São Paulo. “Você simplesmente não sabe quem está no festival para ver você, sabe? Obviamente, havia alguns fãs, mas tinha também uma parcela que nunca havia ouvido falar de nós ou que estava só esperando para ver o show da Charli XCX (que se apresentou na sequência)“, disse Augustus à ELLE, em novembro, pouco antes de se apresentar na festa Versa, em São Paulo. Desta vez, o público de 1200 pessoas estava ali para vê-los. “Hoje nós vamos ver se é verdade mesmo o que dizem sobre os fãs brasileiros”, completa a vocalista.

O galpão principal da Fábrica de Impressões, um endereço já conhecido dos frequentadores de festas underground paulistanas, estava lotado. Apesar da temperatura elevada por conta da onda de calor que rolou naquele sábado, a pista não descansou um segundo e dançou o show inteiro.

Boy Harsher em São Paulo

A dupla em sua segunda apresentação no Brasil Foto: @zpdrz

Ainda na festa, o casal exibiu The Runner (2022), curta-metragem dirigido pela dupla. Durante a pandemia, enquanto estavam isolados em casa, em Massachusetts (EUA), Jae e Augustus produziram o álbum homônimo, o quarto do Boy Harsher, que deu origem ao curta de terror. “Nós não tínhamos ideia de como promover nosso disco, então decidimos fazer esse filme. Não combinamos muito com a ideia de fazer shows transmitidos ao vivo (comuns na pandemia)“, conta Jae. O filme era algo natural para a dupla, que se conheceu na escola de cinema. Antes do Boy Harsher, o casal teve um projeto chamado Teen Dreamz, em que ela lia seus contos, e ele criava a trilha ao vivo.

Leia mais: Com Jacob Elordi, “Saltburn” traz doses altas de provocação

Estética
É interessante acompanhar como o Boy Harsher mantém a mesma estética desde a sua criação, tanto visual quanto musicalmente. “Tudo que nós fazemos é muito autêntico para nós. Se nós sentirmos que algo não fica com a nossa cara, simplesmente não lançamos”, conta Augustus.


Essa autenticidade segue na hora de se vestir. “Sempre que chamamos um stylist, eles querem me colocar em roupas de látex. ‘Ah, uma garota do rock, ela precisa usar látex'”, ironiza Jae. “E gosto mesmo é de usar roupas largas e que me deixem confortável para dançar no palco”, explica ela, enquanto Augustus conta usar sempre a mesma calça jeans e camiseta pretas. “Mas começamos a explorar mais a moda em nossos filmes e clipes através do figurino. É mais fácil vestir outras pessoas. Essa é uma seara nova para nós e estamos empolgados para explorá-la mais”, completa Jae.

Boy Harsher em São Paulo

O produtor musical Augustus Muller Formado e a cantora Jae Matthews Foto: @Ivimaigabugrimenko

E em dez anos de Boy Harsher, o que mudou? “Eu nunca considerei ser a vocalista de uma banda. Não me achava nem bonita. Então, acho que o projeto me deu um senso muito interessante de mim mesma. Especialmente quando os fãs vêm até mim e dizem que nossa música trouxe liberdade ou confiança para eles”, opina a Jae. “Para mim, o Boy Harsher é um projeto em que vamos aprendendo à medida que avançamos. Nós testamos as coisas ao vivo, enquanto as fazemos, na música, nos videoclipes, criando arte ou aprendendo como agendar turnês. O progresso da banda é nosso próprio progresso pessoal, já que fazemos de tudo”, finaliza Augustus.

Leia mais: Cansei de Ser Sexy comemora 20 anos de história no Primavera Sound

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes