Cat Power fala à ELLE sobre gravar Bob Dylan em seu novo disco

Cantora apresenta no C6 Fest, em São Paulo, repertório de show emblemático do compositor.


Cat Power
Foto: Inez & Vinoodh



“Bom dia”, diz Cat Power em bom e claro português. A cantora, uma das vozes femininas mais bonitas do rock, vem visitando o Brasil, trazida por suas turnês, desde o início dos anos 2000. “Adoro São Paulo, as pessoas, a arquitetura, a feijoada.” Chan Marshall (Cat Power é sua alcunha artística) lembra da semana que passou sozinha na Bahia, grávida, e de seu espanto ao entrar pela primeira vez em uma churrascaria no país e pergunta a pronúncia correta de “farinha”. “É feriado aqui (nos EUA) e estamos cozinhando. Não é feijoada, mas é uma delícia”, diz em meio a um encontro de família. “Sou uma pessoa que gosta de comida. Posso falar sobre isso o dia inteiro. Podemos mudar a entrevista para ELLE Cuisine?”, fala, brincando, já que o motivo da nossa conversa é seu mais recente disco, Cat Power sings Dylan: the 1966 Royal Albert Hall Concert

“Faz tempo que ele não toca aí?”, pergunta. Faz. A última apresentação de Dylan no Brasil foi em 2012. “Não acredito. Ele está por toda a parte, me seguindo!”, diz, rindo. “Vi um show dele no ano passado. Tenho visto Bob desde os meus 16 anos.”

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A estadunidense lembra que tinha 4 ou 5 anos quando ouviu pela primeira vez uma composição do músico. Foi uma herança de seus pais, que viveram intensamente os anos 1960 e 70. Chan lembra que eles não se envolviam tanto com uma canção de Dylan quanto com uma do Led Zeppelin ou de Jimi Hendrix. “Mas havia uma paixão, um interesse que tornava Bob diferente para eles”, lembra. “Meu padrasto me disse uma vez algo como ‘ouça esse verso aqui’. Não me lembro de qual música, talvez de ‘Mr. Tambourine Man’”, recorda. “Sabe quando você acorda de manhã e tenta se lembrar do sonho que teve? Era assim que eu me sentia ao ouvir as letras de Bob quando era criança. Sentia que estava perto de entender o que ele queria dizer, mas nunca compreendia por completo.”

“Sabe quando você acorda de manhã e tenta agarrar o sonho que teve? Era assim que me sentia quando ouvia as letras de Bob quando era criança.”

Quando surgiu a oportunidade de a cantora se apresentar no Royal Albert Hall, a histórica casa de espetáculos londrina, inaugurada no século 19, ela decidiu regravar o show emblemático de Dylan, de 1966, um dos capítulos marcantes da história do rock. A apresentação do compositor aconteceu no Manchester Free Trade Hall, mas, como suas primeiras gravações piratas atribuíram a performance ao Royal Albert Hall, ela ficou assim conhecida. Na primeira parte da apresentação, o cantor tocou as canções sozinho, de forma acústica. Na segunda, contou com uma guitarra e foi acompanhado por uma banda, os Hawks. Os aplausos, então, deram lugar às vaias, pela estranheza do público diante da nova sonoridade do ídolo.

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