Cinco fatos sobre Kamala Harris

Biografia sobre a vice-presidente estadunidense ganha lançamento no Brasil e não se restringe à política.


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Uma mulher discreta quando se trata de sua vida pessoal, dotada de empatia e senso de justiça. Forte, habilidosa, pragmática e calculista, uma pessoa que “erra pouco e esquece menos ainda”. Essas são algumas das características atribuídas a Kamala Harris por Dan Morain, um experiente jornalista em cobrir a política da Califórnia e autor da biografia que acaba de ser lançada no Brasil. Kamala Harris: a vida da primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos (Agir) tem prefácio da jornalista Flávia Oliveira.

Apesar da familiaridade com episódios que fazem parte da trajetória de Kamala, o jornalista não pôde contar com a entrevista da figura principal do livro – a vice-presidente -, ao descrever detalhes da vida da ex-senadora e dos bastidores da política estadunidense. Kamala reservou o relato em primeira pessoa para seu livro de memórias, The Truths We Hold: An American Journey, lançado em 2019.

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Foto: Divulgação

No livro, escrito nos meses de intensa campanha presidencial, Morain retrata as várias faces de Kamala: a filha de imigrantes, a personificação do sonho americano, a representante do multiculturalismo e antítese do país que ergue muros nas fronteiras, representado por Donald Trump. Também conhecemos mais sobre o pai de Kamala, um economista estudioso do pensamento de Karl Marx, nascido na Jamaica e professor emérito na Universidade de Stanford, sobre quem ela fala muito pouco.

Quem é: Kamala Harris nasceu na cidade de Oakland, no estado da Califórnia, em 1964. No fim da década de 80, ingressou na faculdade de direito da Universidade da Califórnia. Escolheu seguir a carreira de promotora porque poderia defender “pessoas vulneráveis e sem voz”. Foi eleita promotora distrital de São Francisco em 2003 e procuradora-geral da Califórnia em 2010. Seis anos depois, chegou ao Senado Federal. Em 2020, entrou para história como a primeira mulher a se tornar vice-presidente dos Estados Unidos. A seguir cinco fatos sobre Kamala narrados na nova biografia:

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Juventude política: filha de um casal de intelectuais – o pai é jamaicano e a mãe, indiana -, Harris carrega o ativismo político em seu DNA. Os pais se conheceram numa reunião de estudantes negros em Berkeley e se casaram em 1963. Na infância, Kamala testemunhou com os pais a movimentação nas ruas de Oakland e Berkeley, tomadas por estudantes que lutavam por direitos civis e pelo fim da Guerra do Vietnã. Quando teve que escolher a faculdade onde iria estudar, optou pela Universidade Howard, historicamente negra. Formou-se em 1986 em ciências políticas e economia. Marchou contra o apartheid, quando o líder Desmond Tutu acusou o governo Ronald Reagan de incentivar o endurecimento do regime na África do Sul.

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Lições maternas: Morain conta que a ex-senadora não passa uma semana sequer sem mencionar o nome da mãe, Shyamala Gopala Harris. Ela fez questão de acrescentar Devi, a deusa da mitologia hindu, ao nome de Kamala, porque, segunda Shyamala, “é uma cultura que venera deusas, produz mulheres fortes”. Shyamala tinha pouco mais de 1,5 metro de altura, mas é descrita pela filha como uma “força da natureza”. Entre os ensinamentos deixados por Shyamala, um sempre é repetido em público por Kamala: “Você pode ser a primeira a fazer muitas coisas, mas jamais deixe para ser a última”. Todo pioneirismo que cerca a jornada de Kamala pode ter origem nesse ensinamento, mas é fruto também de trabalho duro e de uma vontade incansável de “consertar o que estivesse no errado”, lições que foram passadas pela mãe. Shyamala era filha de um alto funcionário público na Índia e foi criada numa família com bastante consciência política e senso de justiça. Aos 19 anos, ao se formar em economia doméstica em Nova Deli, a mãe de Kamala decidiu que era hora de investir mais na sua educação. Deixou a Índia e foi estudar em Berkeley, na Califórnia. Formou-se em nutrição e endocrinologia e, mais tarde, tornou-se uma pesquisadora reconhecida por seus trabalhos sobre câncer de mama. De repente, ela se desinteressou de tudo. Em fevereiro de 2009, por uma ironia do destino, faleceu, vítima de câncer. Desde então, Kamala sempre menciona a mãe com os olhos marejados.

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Força feminina: irmã de Kamala, Maya Harris é uma advogada engajada na luta por direitos civis, além de ser sua melhor amiga e confidente. Elas são tão próximas que, mesmo nos dias de campanha presidencial, Maya era a primeira e também a última pessoa para quem Kamala ligava. Maya é a mãe de Meena, a sobrinha que Kamala trata quase como filha. E Meena é mãe de duas garotinhas (elas se esbaldaram ao lado da tia-avó na noite em que a chapa Biden- Harris foi declarada vencedora) e fundadora da Phenomenal, marca de roupas com frases inspiradoras que já foram usadas por Jessica Alba a Tracee Ellis Ross. Meena é ainda autora de Kamala and Maya’s Big Idea, livro infantil inspirado na infância da sua mãe e tia.

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Encontro às cegas: segundo Morian, namorar sempre foi complicado para Kamala. O trabalho de promotora e depois o de procuradora-geral sempre tomou boa parte de seu tempo. Mas um dia uma amiga da ex-senadora, ao buscar aconselhamento com o advogado Douglas C. Emhoff, teve uma ideia. Perguntou ao advogado se ele estava solteiro. Emhoff, que era divorciado e pai de dois filhos, respondeu que sim. A amiga indagou se ele tinha interesse em conhecer uma pessoa próxima a ela. Quando Emhoff descobriu que a amiga era a procuradora da Califórnia, que ele conhecia à distância, ficou mais interessado ainda. Mas achou que Kamala era muita areia para o caminhão dele. Em todo o caso, não perdeu tempo e no mesmo dia mandou uma mensagem de texto sugerindo um encontro às cegas. O encontro aconteceu, o romance evoluiu e, no dia 22 de agosto de 2014 , numa cerimônia na cidade de Santa Bárbara, o casal trocou votos. Os dois tinham então 49 anos. Os filhos de Emhoff, Cole e Ella, chamam Kamala de “momala”, uma contração de “mom”, mãe em inglês, e do nome Kamala. Ella, aliás, acaba de estrear como modelo na NYFW.

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Casamento gay: em 2008, quando Obama estava prestes a se tornar presidente, os californianos tinham que decidir se eram a favor ou contra à Proposta 8, que proibia o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo no estado. A irmã de Kamala, Maya, e outras lideranças se mobilizaram em campanha e arrecadaram US$ 42 milhões de dólares para derrotar a Proposta 8. Em São Francisco, mais de 75% dos eleitores votaram contra a proposta. Mas quando foram apurados os votos do estado, isso não se repetiu e a proposta foi aprovada. Ao tomar posse como procuradora-geral da Califórnia, em 2011, Kamala Harris se recusou a defender a Proposta 8. Em junho de 2013, a Suprema Corte expediu uma ordem que abriu caminho para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Assim que a decisão foi tomada, a própria Kamala foi quem se incumbiu de celebrar um histórico casamento. “Pelo poder e pela autoridade a mim conferidos pelo Estado da Califórnia, eu agora as declaro esposas para o resto da vida”, disse Harris ao casal Kris Perry e Sandy Stier, diante da multidão que se formou em frente à prefeitura de São Francisco, numa noite marcada na história.

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