Documentário Coco Chanel: Unbuttoned despe a estilista
Produção, disponível no streaming, costura a trajetória da francesa com suas criações emblemáticas.
Coco Chanel já rendeu algumas produções no cinema: Coco Chanel (2008) com Shirley MacLaine no papel da estilista, Coco antes de Chanel (2009), com Audrey Tautou como a francesa, Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009), protagonizado por Anna Mouglalis, entre uma longa lista. No início deste ano, chegou ao streaming a série The new look (Apple TV+), que, apesar de focar em Christian Dior, também joga luz sobre a designer, interpretada por Juliette Binoche.
À lista de documentários soma-se Coco Chanel: Unbuttoned (2023), que estreou há pouco no Brasil pela plataforma Universal +. Com direção de Hannah Berryman, que assinou Rockfield: The Studio on the Farm (2020) e Miss World 1970: Beauty Queens and Bedlam (2020) – produções distantes da moda –, o documentário da BBC conta com depoimentos de uma série de biógrafos e especialistas na mademoiselle, além de nomes como Betty Catroux, Caroline de Maigret e Jackie Roger, modelo que trabalhou com a estilista.
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Stanley Marcus, da Neiman Marcus, e Coco Chanel, durante a visita da estilista a Dallas (EUA), em 1957 Foto: Shel Hershorn/Hulton Archive/Getty Images
Em dois episódios de quase 50 minutos, o documentário Coco Chanel: Unbuttoned repassa a biografia da francesa, dando uma boa ideia a leigos e iniciados sobre a trajetória da estilista, da infância pobre ao velório repleto de celebridades, com diversas imagens da época, além de animações que suprem e ilustram capítulos de sua história.
Estão lá a infância em um orfanato, onde ela aprendeu a costurar – período que ela preferiu maquiar e recontar de outra forma com o passar dos anos –, a juventude livre pós-convento em um cabaré – onde ganhou o nome de Coco –, a ascensão na moda e na sociedade europeia. Nessa escalada, Unbuttoned resgata a intensa amizade da estilista com Misia Sert, amiga, patrona e musa de diversos artistas, que introduziu a francesa no mundo das artes – tempos depois, Coco apoiou financeiramente Picasso, Jean Cocteau e Stravinsky, com quem teria tido um relacionamento, tema para o filme de 2008. A produção também passa a limpo seus relacionamentos – do oficial de cavalaria Étienne Balsan na juventude ao Duque de Westminster anos depois, passando pelo seu grande amor, o jogador de pólo Boy Capel. Sobre a abertura da primeira loja da Chanel, Capel, que patrocinou o projeto, disse: “Achei que estava lhe dando um brinquedo e lhe dei liberdade”. Não é difícil identificar traços femininas na estilista.
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A esses episódios, a diretora costura o advento de criações de Coco que se tornaram marcas registradas de sua maison e, por consequência, da moda: o preto e branco de seus looks que era usado pelas freiras do orfanato, a criação de seu primeiro vestido preto em meio ao luto de Capel (vítima de um acidente de carro), o flerte com o guarda-roupa masculino em busca por mais liberdade em suas cavalgadas, a influência das jaquetas de tweed usadas por Westminster… Não à toa, a estilista é apontada por um dos entrevistados como a primeira influenciadora.
Unbuttoned também aborda, claro, sua incontornável ligação com a política: a convivência com Winston Churchill, a relação com o oficial alemão Hans Günther von Dincklage, a tentativa de resgatar seu sobrinho, André Palasse, aprisionado pelos alemães, o que, segundo o documentário, se mesclaria à sua proximidade com os nazistas, que a levou ao autoexílio na Suíça, após a Segunda Guerra Mundial.
Pouco antes de sua morte, no Hotel Ritz, de Paris, Coco avisou que trabalharia no dia seguinte. “Eu seria uma péssima morta, pois, uma vez que fosse enterrada, ficaria inquieta e só pensaria em voltar para a Terra e começar tudo de novo”, disse.
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