IZA: “Tudo o que falo nesse álbum é uma grande sessão de terapia”

Cantora apresenta turnê do disco "Afrodhit" no palco do The Town, em show que considera o mais especial de sua carreira.


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Fotos: MAR+VIN



Muita coisa aconteceu no hiato entre o primeiro disco de IZA, Dona de mim (2018), e seu mais recente trabalho, Afrodhit, lançado no início de agosto. Um divórcio, a chegada aos 30 anos, um novo amor, compor pela primeira vez com um time de mulheres… O saldo desses cinco anos, afirma, é um disco libertador, em que acabou por entrar em contato com seu lado mais feminino. 

Nesta atmosfera, a nova turnê chega ao palco principal do festival The Town no próximo domingo (10.09), quando dividirá a noite com Bruno Mars. A apresentação, acredita a carioca, será a mais especial de sua carreira. Às vésperas do show, a cantora falou à ELLE sobre suas expectativas, a preparação e o novo álbum, cujo título faz referência à deusa grega do amor e da beleza, Afrodite.

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O disco nasceu após a separação do produtor musical Sérgio Santos, que até então esteve por trás dos seus lançamentos. Antes deste, IZA tinha outro trabalho pronto, mas optou por descartá-lo. Com parcerias com Russo Passapusso, Djonga, L7nnon, MC Carol e Tiwa Savage, Afrodhit acabou por se tornar, segundo ela, “uma grande sessão de terapia”. Em faixas como “Que se vá”, há quem diga, sobram indiretas para o ex.

Sempre reservada em relação à vida pessoal, viu no disco uma forma de desabafo e de expressar o que era preciso para “virar a chave”, conta. E a partir daí há também espaço para cantar sobre questões sociais, liberdade e o amor, que reencontrou ao lado do jogador de futebol Yuri Lima (Mirassol). Confira a seguir a conversa da cantora com a ELLE:

Em 2022, você fez no Rock in Rio um show que foi um marco. Os artistas costumam criar apresentações especiais para festivais grandes como o The Town. O que você levará para o palco desta vez, não só sob o aspecto artístico, mas também no pessoal? Você parece estar em um ponto de virada da carreira.
Acho que esse show vai ser o mais especial da minha carreira por conta do momento novo que eu tô vivendo, de redescoberta artística, de amadurecimento, de encontro com meu lado mais feminino, sei lá (risos). Eu tô curtindo muito, tentando aproveitar cada vez mais e participar dos processos de criação, tanto da música quanto do conceito e do show. Acho que é isso que tem diferente nesta apresentação, para além da parte artística, óbvio, que tem muita coisa inédita.

Neste hiato entre os lançamentos do seus discos, você chegou aos 30 anos. Como a idade influenciou este novo trabalho?
Acho que a idade sempre vai influenciar o trabalho por conta das coisas que a gente pode já ter vivido. Chegar aos 30 me fez reavaliar muita coisa, sabe? Acho que isso se reflete nas minhas letras, na forma como eu tenho me expressado na minha música.

“Comecei a compor as músicas no momento em que muita coisa estava acontecendo na minha vida”

Você tem falado bastante sobre o quanto esse novo disco te representa, o quanto se relaciona com as mudanças na sua vida. E sempre foi reservada em relação à sua vida pessoal. Como foi esse processo de revisitar questões íntimas, lembranças e, mais do que isso, trazer à tona para o público? Foi libertador?
O álbum saiu agora, mas na verdade comecei a compor as músicas no momento em que muita coisa estava acontecendo na minha vida. Então, não acho que é como se eu estivesse revisitando. Para mim, essas letras, tudo que eu falo nesse álbum é uma grande sessão de terapia. Foi importante fazer isso para poder seguir em frente, virar a chave. Eu acho que é isso, um desabafo. Quando canto essas músicas hoje, não me sinto revisitando isso, eu encontro um lado libertador meu, e isso é muito legal.

Você já comentou que neste disco pode cantar de outra maneira, trabalhou com um time de mulheres pela primeira vez, com outros produtores. Artisticamente, você se vê muito diferente hoje do que há cinco anos, quando lançou seu disco de estreia? Descobriu, por exemplo, outras referências musicais que agora consegue imprimir mais no seu trabalho?
Acho que não foram novas referências, foi me mostrar de uma nova maneira, e isso já faz com que o som seja diferente. Eu me expor de uma forma diferente, me enxergar diferente… Acho que isso contribui para que a obra seja diferente, né?

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Você sempre foi uma voz falando sobre racismo e empoderamento feminino. E este novo álbum discute de forma ainda mais direta a liberdade das mulheres, o feminismo. Você acredita que tenha de alguma forma se conectado também mais com o feminismo nesta jornada?
Eu acho que a minha jornada, a minha caminhada como mulher vai cada vez mais evoluindo por conta do meu amadurecimento, das experiências que vivo, por conta dos aniversários que eu faço (risos). Acho que talvez esse álbum seja mais feminino por isso, eu agora me sinto mais mulher, acho que é sobre isso que eu falo. E que bom que as pessoas enxerguem isso como feminista; que bom que as mulheres se veem nisso. Não é intencional, mas fico muito feliz que, de certa forma, algo que é pessoal encontre algo que é uma questão geral, social, e acabe tocando outras pessoas.

“Minhas roupas cantam antes mesmo de eu abrir minha boca”

Para além dos palcos, de que forma você se relaciona com a moda?
A moda para mim vai além do consumismo. Porque é óbvio; amo bolsa, amo sapato. Amo entender os lançamentos, os designs das coisas, o por que dessa bolsa se chamar desse jeito… Mas a moda me ajuda a me expressar no palco também. Minhas roupas cantam antes mesmo de eu abrir minha boca, sempre falei isso. Acho que elas me ajudam a me expressar, corroboram as letras das minhas músicas. Servem de armadura para mim, ou não, quando quero me mostrar mais vulnerável. A roupa acaba também sendo um discurso para mim. Então, a moda é muito importante para o meu lado musical, para o meu trabalho, para minha vida artística.

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