Jamie xx em uma nova onda
Produtor, que se apresenta em São Paulo, fala à ELLE sobre seu segundo álbum solo, "In waves", ter seu próprio clube itinerante, o retorno do The xx e surfar nas horas vagas.
Produtor e integrante do The xx, Jamie xx volta ao Brasil para apresentar seu segundo álbum solo, In waves. O inglês toca nesta sexta-feira (25.10), em Curitiba, e no sábado (26.10), em São Paulo (mais informações aqui). Confira a seguir a entrevista com Jamie publicada no Volume 4 da ELLE Men, em agosto de 2024:
Jamie xx teve que se acostumar a encarar um público de milhares de pessoas sozinho. Parte do The xx, o inglês apresentou seu primeiro álbum solo, In colours (2015), depois que o trio já havia lançado dois discos e rodado o mundo com seu pop intimista. “Demorei um pouco para me acostumar, mas hoje o palco é um dos meus lugares favoritos”, diz ele poucos dias após uma apresentação no Glastonbury, festival britânico com uma das maiores plateias do mundo. “É bom ainda ficar nervoso. Mas me sinto mais confiante.”
Foto: Alasdair McLellan
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Em setembro, o DJ e produtor, de 35 anos, voltou a subir ao palco sozinho para apresentar seu segundo trabalho solo, In waves, com a participação de Robyn, Honey Dijon e dos companheiros de xx, entre outros convidados. O disco, produzido ao longo dos quatro últimos anos, soa mais alegre do que o anterior, indicado ao Grammy, Brit Awards e Mercury Prize. “Acho que essa atmosfera divertida surgiu porque discotequei em muitas festas depois da pandemia. Foi como se tivesse me apaixonado em poder fazer isso”, fala.
Esse reapaixonamento pelas pistas seguiu além. Em maio, o inglês comandou uma residência, batizada de The Floor, em um clube de Londres. Durante dez noites seguidas, o espaço, com capacidade para 300 pessoas, recebeu DJs escolhidos por ele, como 2manydjs, Caribou e Charli XCX. “Era um sonho que se tornou realidade. Deu um cansaço, mas foi tão legal ver como uniu as pessoas, especialmente as que foram a várias noites. Era como uma comunidade”, conta Jamie. “Ficava exausto durante o dia, mas, assim que chegava ao clube, a energia me recarregava.”
O set que fechou a residência, comandado por ele, seguiu por horas além do estipulado. “Estava tão confortável que senti como se estivesse tocando na minha sala. Testei todas as músicas de In waves enquanto tocava. Fazia uma versão diferente a cada noite com base em como o público estava reagindo. Foi muito útil para terminar o disco. Por isso, o álbum acabou soando mais como um dos meus sets de DJ.”
Entre o fim de julho e o início de agosto, Jamie repetiu a residência em Nova York e Los Angeles, durante cinco noites seguidas em cada cidade e com convidados surpresa, que representam a cena eletrônica local, e ingressos esgotados.
A noite e as pistas não são ossos do ofício para o produtor. “Ainda vou a boates e raves. Passei o fim de semana inteiro depois do meu show em Glastonbury dançando. Não que me lembre muito, mas foi muito divertido”, diz, rindo.
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O período de distanciamento social trouxe outros reflexos. “Quando a pandemia chegou e fiquei em um só lugar, foi difícil, mas aprendi a amar. Era algo que nunca havia experimentado desde os meus 17 anos.” Foi com essa idade que ele formou o The xx, com Romy e Oliver, seus amigos de escola. “Estava sempre na estrada. E agora estou tentando ainda ter isso na minha vida”, fala poucos dias antes de deixar Londres, onde mora, para seguir em turnê. “Mas também valorizo quando vou viajar. Sempre que estou fora, tento conseguir algum tempo extra para realmente vivenciar o lugar. Caso contrário, sinto que perdi parte da vida.”
“Testei todas as músicas de In waves enquanto tocava. Fazia uma versão diferente a cada noite com base em como o público estava reagindo. Foi muito útil para terminar o disco”
Parece que tem dado certo. Depois de duas visitas ao Brasil com o The xx (em 2013 e 2017), ele voltou ao país no início do ano passado e aproveitou para surfar, esporte que pratica há dez anos. “Me diverti muito, principalmente porque pude explorar um pouco mais. Adoro ir para aí.” Jamie esteve em São Paulo para uma apresentação em uma festa do núcleo de DJs Gop Tun e outra no Lollapalooza, em que remixou Tom Zé e Wilson Simonal. “Ouço bastante música brasileira, mas tenho certeza de que só estou tocando a superfície. Tem tanta coisa incrível.”
O disco solo do produtor deve ser seguido por um novo álbum do The xx. Em fevereiro, o trio postou fotos gravando juntos em Los Angeles. “Estamos trabalhando nele agora. Fizemos algumas sessões e foi muito bom. Espero que não demore muito. Também quero aproveitar o processo e meu tempo com eles dessa vez. Vamos ver quanto tempo leva.” Oliver e Romy lançaram álbuns solos nos dois últimos anos (ela se apresentou em maio em São Paulo), com a colaboração de Jamie na produção. “Acho que a ideia era que todos pudessem abrir seus horizontes musicais para que, quando voltássemos a ser uma banda, pudéssemos expandir o que fazemos. É no que estamos entrando agora.”
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