Kate Winslet fala à ELLE sobre “O regime”

Na minissérie da HBO, a atriz vive a chanceler de um país fictício que faz absurdos no poder.


Fotos: Divulgação



Kate Winslet interpreta uma ditadora em O regime, minissérie em seis episódios que estreia neste domingo (3.3), às 23h, na HBO e Max. Mas ela evitou os estereótipos na sátira sobre essa líder autoritária. 

“Quis dar muitas camadas e texturas à personagem. Não queria que ela ficasse berrando, isso seria óbvio demais”, disse a atriz em entrevista à ELLE. “Meu desejo era alguém que nos deixa incertos o tempo todo. Ela é imprevisível, frágil, vulnerável, aterrorizante.”

Esta é a terceira minissérie de Winslet na HBO, depois dos sucessos Mildred Pierce (2011) e Mare of Easttown (2021), pelos quais ela levou o Emmy. Mas é a primeira comédia.

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Na sátira criada por Will Tracy (Succession), Elena Vernham é a chanceler de um país fictício na Europa Central. “Seu governo não está indo bem, e tudo começa a desmoronar”, conta a atriz.

Hipocondríaca, Elena tem pavor de mofo. Por isso, exige que alguém meça a umidade do ar sempre que ela entra em um ambiente. É aí que entra em cena Matthias Schoenaerts, que vive Herbert Zubak (Ferrugem e osso, de 2012, e A bigger splash, de 2015), um soldado conhecido como O Açougueiro por seu papel no massacre de manifestantes.

“Quis dar muitas camadas e texturas à personagem. Não queria que ela ficasse berrando, isso seria óbvio demais”

Aos poucos, Zubak vai conquistando a confiança de Elena, que é casada com o complacente Nicholas (Guillaume Gallienne, de Yves Saint Laurent, de 2014). O soldado e a ditadora estabelecem uma relação complicada.

Quem segura as pontas de tudo é a governanta Agnes (Andrea Riseborough, indicada ao Oscar por A sorte grande, de 2022), que teve seu filho adotado por Elena – na verdade, ela só fica com o menino quando lhe convém. Também estão no elenco Hugh Grant (Um lugar chamado Notting Hill, de 1999), no papel de um adversário político de Elena, e Martha Plimpton (Mass, de 2021), como uma senadora estadunidense que tenta fazer negócio com a chanceler.

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Vulnerabilidade

Winslet não se baseou em nenhum ditador real para interpretar Elena e evitou qualquer comparação com a atualidade. “Por sorte, nossa história é totalmente fictícia.” Por estar nesse mundo imaginário, ela pôde inventar. “Tive muita liberdade criativa para mergulhar em alguém única”, disse. “Ela quer se sentir segura, está cercada de pessoas cujo trabalho é fazê-la sentir-se segura, e, no entanto, nunca acha que está.”

A atriz encontrou a fonte da insegurança de Elena na infância da personagem. Filha de um político fracassado, ela nunca foi a favorita. Mas procura sua aprovação o tempo inteiro, mesmo ele estando morto, embalsamado e mantido em um mausoléu no porão do palácio. “É completamente absurdo”, disse. “Mas ela ter essa vulnerabilidade era importante. Não é para ninguém gostar dela, mas talvez o espectador possa ver como é terrível ser como Elena é.”

Embora tenha pessoas com noção à sua volta, a chanceler está acostumada a ter todos os seus desejos atendidos e é capaz de fazer as maiores loucuras para se manter no poder, como protagonizar uma propaganda de Natal sexy, enquanto o povo passa fome.

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Matthias Schoenaerts, que vive Herbert Zubak, e Kate Winslet em cena da série

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Menopausa

Por isso, era importante para Winslet ter alguns pontos de realidade nos delírios de Elena. Por exemplo, como ela lida com a menopausa. “Me deram permissão para explorar isso de maneira verdadeira, e aí fica mais fácil de se identificar um pouco com a personagem.”

A ditadora está sempre com um ventilador nas mãos e coloca sacos com cubos de gelo sobre partes de seu corpo. Ela também entra em uma banheira com gelo. “Eu mesma já fiz isso no desespero”, contou a atriz. “Foi muito importante adicionar essa textura, pois há uma mulher por trás da máscara, que é vulnerável, traumatizada, paranoica, e isso afeta tudo: como ela fala, se move, se veste.”

“Me deram permissão para explorar a menopausa de maneira verdadeira, e aí fica mais fácil de se identificar um pouco com a personagem.”

A atriz achou importante encontrar uma maneira de falar específica para a protagonista. Os figurinos também foram fundamentais, mudando de estilo e paleta conforme a fase da ditadora. “Eu me envolvi durante todo o processo de criação das roupas, porque precisávamos nos aproveitar da teatralidade de Elena”, disse. “Ela veste coisas que você nunca vai ver em pessoas na rua, como os figurinos que chamamos de tradição, na fase mais austera de seu governo.”

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Elena também gosta de usar seu poder feminino, utilizando sem cerimônias um lado sexy. “É muito estranho”, disse. “Nunca vi nenhuma líder fazer isso, mas tudo reflete seu estado emocional e foi muito divertido. Não tivemos medo de nos apoiar em seu lado dramático e absurdo.”

Para Winslet, O regime só reforça de que as coisas estão mudando em Hollywood, inclusive para atrizes acima dos 40. “Mas eu ainda espero pelo dia em que não precisemos falar de público-alvo para produções encabeçadas por mulheres. Fazem isso com Top gun? Acho que não. Então, ainda precisamos melhorar bastante. Nós, mulheres, estamos prontas, e isso faz anos. Estamos só esperando que os outros nos alcancem.”

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