Lulu Santos: “Decidi que não ia ‘sobrar de vítima das circunstâncias’”

Depois de uma ano "infértil", cantor lança single e faz live, início de uma nova turnê, no ano em que comemora quatro décadas de carreira solo.


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No ano passado, Lulu Santos compôs uma única canção. Em meio à pandemia, ele recebeu a proposta de sua então gravadora para criar um música para uma campanha publicitária. De cara, recusou. Mas repensou o convite – não poderia fazer algo por encomenda? Compôs então “Inocentes”, parte de sua inquietação com os terraplanistas de plantão. E chamou o trio fluminense Melim para acompanhá-lo.

Ironicamente, a música acabou recusada para a tal campanha, mas Lulu gostou e lançou como single nesta semana, um formato com o qual anda flertando. A canção é parte de um futuro EP, e do repertório de uma nova turnê, Alô base, que estreia neste sábado (9.10), às 20h, como live na Globoplay.

Lulu, que recentemente escreveu para a ELLE sobre o crescente protagonismo feminino no pop, conversou com a gente sobre a transição de um ano “mais infértil” para essa volta à música e ao palco, neste 2021 em que celebra quatro décadas de carreira solo:

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Lulu Santos e o trio Melim

“Inocentes” foi a única canção que você compôs em 2020. De maneira geral, como lidou com o período de distanciamento social? Houve algum aspecto interessante?
Como todo mundo: lavando pia, varrendo o chão e vendo live na rede, esperando e torcendo pela vacina e pela ciência. O período de relativa inatividade, ter tempo e energia para olhar para dentro e se rever é sempre positivo.

Como acha que esse período longe dos palcos e das composições influenciaram esses novos trabalhos?
O primeiro ano foi mais infértil, mas a partir de um momento decidi que não ia “sobrar de vítima das circunstâncias”.

Você conta que “Inocentes” partiu da sua inquietação em relação à passagem da contracultura e da ideologia hippie para a era das fake news e toda essa recente perda de conhecimento. Neste momento, é otimista em relação ao futuro?
A esperança é a última que dorme, eu vejo a vida melhor no futuro, afinal, sem um pouco de autoengano nem Colombo chegaria à América nem Cabral ao Brasil. Ambos achavam estar indo para “as Índias”.

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Foto: Divulgação

Como o Melim apareceu no seu radar e o que te atraiu neles?
Em 2020, eles me convidaram para participar da faixa “Cabelo de anjo”, do álbum Eu feat você. Foi como pedir de volta a xícara de açúcar, afinal, somos vizinhos… de cidade (Melim é de Niterói).

Além do trio, o que vem te chamando atenção na música nacional?
Neste ano, colaborei com Vitor Kley, em sua verdadeira “A Cura” (regravação da canção de Lulu), e com Luísa Sonza, em “Também não sei de nada :D”. O pop brasileiro floresceu, cresceu e se reproduziu, hoje é múltiplo e inclusivo. Um tanto melhor.

Você está prestes a estrear uma turnê. O que pode adiantar dela e do seu futuro disco?
É um EP com seis faixas, se chama Alô, base, assim como a gíria, e celebra os 40 anos lançamento do meu primeiro single, “Tesouros da juventude”. A proposta é reconectar todos os pontos da trajetória e demonstrar como é que aquilo (os primeiros passos na indústria) deu nisso, o todo da obra.

O que o instiga na música hoje?
Quase tudo, do funk ao piseiro. Há uma produção febril e muita ousadia na forma e no conteúdo. De novo, eu vejo a vida melhor no futuro.

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