Nova musa do terror, Mia Goth retorna com “Pearl”
Neta de brasileiros, atriz protagoniza prequela de "X - A marca da morte", que estreia nos cinemas brasileiros, depois de viralizar nas redes sociais.
Isolada na zona rural do Texas, em 1918, Pearl (Mia Goth) se vê aprisionada com a família em uma realidade que não desejou. Vigiada por sua mãe religiosa e autoritária, ela precisa cuidar da casa, dos animais e do pai, que vive à base de morfina em uma cadeira de rodas por consequência da gripe espanhola. Tudo isso enquanto ela espera o marido retornar da Segunda Guerra Mundial.
Mas a jovem tem planos mais ambiciosos para o futuro: se tornar estrela de cinema e fugir para a cidade grande. “Sei que você gosta da vida na fazenda, mas ela não é para mim. Sou especial”, explica ela para uma de suas vacas logo no início de Pearl (2022). O terror chega nesta quinta-feira (09.02) aos cinemas brasileiros, depois de fazer sucesso lá fora. A protagonista foi apresentada ao público em X – A marca da morte, também de 2022, em que Mia encarnou tanto a versão idosa (com ajuda de muita maquiagem) e amargurada de Pearl, que aterroriza uma equipe de filmes pornográficos nos anos 70, quanto a mocinha do longa.
Dirigido por Ti West (A casa do diabo) e produzido pela festejada produtora A24, Pearl foi gravado em segredo na Nova Zelândia durante a pandemia. Repleto de cores saturadas, faz referência ao technicolor e é uma mistura de O Mágico de Oz (1939) com O que terá acontecido a Baby Jane? (1962).
Enquanto X apostou em elementos mais convencionais do terror slasher (subgênero que se popularizou nas décadas de 70 e 80, em torno de um serial killer), Pearl surgiu a partir de conversas entre o diretor e a atriz, que também ajudou a escrever o roteiro, sobre as motivações da vilã à margem da loucura.
E é graças a esse desejo de Pearl alcançar a fama (mesmo que isso envolva um grande banho de sangue) que o filme entrega ótimas cenas, incluindo um monólogo de quase dez minutos em que ela abre seu coração para a cunhada Mitsy (Emma Jenkins-Purro). O filme recebeu elogios até de Martin Scorsese. “Pearl têm 102 minutos selvagens, hipnóticos e profundamente – e eu digo profundamente – perturbadores. West e sua musa e parceira criativa Mia Goth realmente sabem como brincar com seu público”, disse o cineasta ao site Slashfilm.
No que depender das redes sociais, Pearl já nasceu com status de cult. Após o lançamento do filme, os fãs passaram a compartilhar os trechos de falas da personagem, criar memes, dublagens e refazer seu número de dança. Só no TikTok, a hashtag #Pearl já conta com mais de 6,7 bilhões de publicações. A caracterização da atriz (vestido e batom vermelho, laço de fita no cabelo e um machado na mão) também se tornou uma das fantasias de Halloween mais populares entre a Geração Z no ano passado.
Sangue brasileiro
Nascida em Londres, Mia possui raízes no Brasil, a começar pelo seu sobrenome, Mello da Silva. A atriz é filha de pai canadense, mãe brasileira e neta da atriz Maria Gladys, conhecida por atuar no teatro e no cinema, além de ter participado de inúmeras novelas, como Vale tudo (Rede Globo, 1988-89). Na infância, Mia chegou a morar no Rio de Janeiro, onde acompanhava Gladys nos sets de filmagem. “Minha avó é a maior inspiração da minha vida. A mulher mais forte que eu conheço e uma atriz extraordinária. Meu tempo morando com ela no Rio foi a parte favorita da minha infância. Sou sua maior fã”, falou Mia em português em um vídeo em que presta homenagem à avó.
@gelbadoodle finally dressed up as #pearl 🪓 belated happy halloween 🎃 #pearlmovie #halloween ♬ original sound – A24
De volta à Inglaterra, ela enveredou pela moda e trabalhou como modelo da grife Pepe Jeans com Cara Delevingne. Foi somente em 2013 que ela encontrou seu primeiro papel nos cinemas com o polêmico Ninfomaníaca, de Lars von Trier. Na época, com apenas 19 anos e desconhecida, aceitou aparecer nua no filme. Também foi durante as gravações do longa que Mia conheceu Shia LaBeouf, com quem se casou em 2016 e, entre idas e vindas, teve uma filha no ano passado.
Sucesso além de Pearl
Ao longo da carreira, a atriz já passou por outras produções de suspense e terror, entre elas o remake do clássico Suspiria (2018), de Luca Guadagnino (Me chame pelo seu nome), High life – Uma nova vida (2018), com Robert Pattinson e Juliette Binoche, e O segredo de Marrowbone (2017), com Anya Taylor-Joy e Charlie Heaton (Stranger things).
Atualmente, ela promove Infinity pool (2023) ao lado de Alexander Skarsgård (O homem do norte). Sem previsão para chegar ao Brasil, o terror é dirigido e escrito por Brandon Cronenberg, filho do diretor David Cronenberg (Crimes do futuro), e foi apresentado no festival de Sundance deste ano.
Também sem data de estreia definida, a atriz volta a interpretar a mocinha sobrevivente dos eventos de X – A marca de morte em MaXXXine. Desta vez, a trama vai se passar na década de 1980, em Los Angeles, e promete concluir a trilogia criada por Ti West. Em entrevistas recentes, Mia garantiu que o último filme será ainda mais grandioso, insano e divertido que os anteriores.
Esnobada pelo Oscar
Junto com Jenna Ortega (Wandinha) e Anya Taylor-Joy, Mia vem sendo considerada um ícone do horror da nova geração. Mas ainda que sua elogiada atuação em Pearl tenha repercutido, a atriz ficou de fora das principais premiações. Quando a lista dos indicados ao Oscar 2023 foi divulgada no final de janeiro, os fãs ficaram revoltados com a ausência de Mia e colocaram seu nome entre os assuntos mais comentados do Twitter. “O horror precisa parar de ser subestimado”, comentou ela em entrevista para o canal do jornalista Jake Hamilton no YouTube. “Eu acho que uma mudança (no Oscar) é necessária. Alguma alteração tem que ser feita, de verdade. Se eles querem engajar com uma audiência maior, eu acho que seria realmente benéfico.”
Vale lembrar que desde a sua primeira edição, em 1929, o Oscar sempre deixou de lado os filmes de terror. Foram poucas as obras que conseguiram ser reconhecidas pela academia, com destaque para O exorcista (1973), que venceu como melhor roteiro adaptado, Corra! (2017), como melhor roteiro original, e O silêncio dos inocentes (1991), único que levou o prêmio de melhor filme, além de melhor diretor, melhor ator (Anthony Hopkins), melhor atriz (Jodie Foster) e melhor roteiro adaptado.
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