O cinema real de Marianna Brennand
Diretora mergulhou por uma quase uma década na história do premiado "Manas".

Marianna Brennand se lembra bem de assistir a Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída (1981), dirigido por Uli Edel. Tinha a mesma idade da personagem e ficou impressionada com a veracidade transmitida pelo filme. Desde então, apaixonou-se pelo cinema, por sua capacidade de emocionar e nos apresentar a outras realidades.
Após cursar cinema na Universidade da Califórnia – Santa Barbara, EUA, voltou ao Recife para fazer um documentário sobre seu tio-avô, o pintor e ceramista Francisco Brennand (1927-2019). “Convivi com a obra dele muito jovem. Sempre fui impactada por aquele espaço (a Oficina Francisco Brennand). Queria descobrir quem era a figura que criou tudo aquilo. Não o conhecia direito, não tinha intimidade.” O filme, cujo título é o nome do artista, estreou em 2012.
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Este ano, depois de quase uma década debruçada na triste história de exploração sexual de meninas na Ilha do Marajó (PA), ela lança Manas. “Desde o momento em que o ouvi, esse relato atravessou meu coração. Nunca mais fui a mesma.”
O longa, em cartaz nos cinemas, também nasceu como um documentário, mas ela logo percebeu que a ficção era o único caminho possível a fim de proteger as vítimas, em grande parte crianças. No filme, Marcielle (interpretada pela estreante Jamilli Correa), uma menina de 13 anos que vive à beira de um rio na Amazônia, se vê presa em um ciclo de exploração e abuso.
A diretora com Nicole Kidman, também homenageada pela Kering, no Festival de Cannes Foto: Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images
A produção ganhou o principal prêmio da Jornada dos Autores em Veneza e foi exibida em festivais como os de Toulouse, Toronto e Istambul, com mais de 20 troféus conquistados. Em Cannes, em maio, Marianna recebeu o prêmio dado pela Kering, a patrocinadora do festival, a diretoras em ascensão, para a produção de seu próximo projeto. “Espero que Manas possa fortalecer muitas manas.” E provocar mudanças, com o poder transformador do cinema.
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