Os destaques do Festival de Cannes 2025
O Brasil tem uma presença forte com "O agente secreto", de Kleber Mendonça Filho, disputando a Palma de Ouro com Wes Anderson, Richard Linklater e Ari Aster, entre outros.

Com o Festival de Cannes 2025, que abre na terça (13.05) e vai até o sábado (24.05), começa a temporada do Oscar 2026. Não, você não leu errado. Dois meses após a cerimônia deste ano, lá vamos nós de novo. Ainda mais depois do ano passado, quando a Palma de Ouro em Cannes – Anora, de Sean Baker – terminou conquistando as estatuetas de melhor filme, direção, edição, roteiro original e atriz (Mikey Madison).
Dos cinco concorrentes ao Oscar de filme internacional, quatro saíram de Cannes – Flow, Emilia Pérez, A garota da agulha e A semente do fruto sagrado. Apenas o vencedor, o brasileiro Ainda estou aqui, passou em Veneza. A substância, que concorreu em cinco categorias, levando maquiagem e cabelo, e O aprendiz, que disputou os Oscars de ator e ator coadjuvante, também foram exibidos em Cannes.
Por isso, é com muita expectativa que o mundo do cinema olha para a seleção deste ano, que traz como destaques muitos nomes conhecidos do cinema estadunidense, como Spike Lee, Richard Linklater, Wes Anderson e Ari Aster, além de cineastas consagrados de outros países, como Joachim Trier (com Sentimental value, uma nova parceria do diretor e da atriz de A pior pessoa do mundo, Renate Reinsve) e o brasileiro Kleber Mendonça Filho, com O agente secreto, estrelado por Wagner Moura. Na competição, o júri é presidido por Juliette Binoche.
Confira a seguir os destaques do Festival de Cannes 2025:
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Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho nos bastidores de O agente secreto Foto: Victor Jucá
Os brasileiros
Kleber Mendonça Filho está de volta à competição de Cannes, depois de Aquarius (2016) e Bacurau (2019), codirigido com Juliano Dornelles. Em O agente secreto, Wagner Moura é Marcelo, um especialista em tecnologia que, no Carnaval de 1977, foge para o Recife para tentar reencontrar o filho. Mas ele logo percebe que a cidade não é o refúgio sem violência que ele procura.
Coincidentemente, o longa se passa na mesma década de Ainda estou aqui, de Walter Salles. Kleber costuma falar da relação do presente com o passado em suas obras.
No elenco, também estão Maria Fernanda Candido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Alice Carvalho, Hermila Guedes e Udo Kier, que participou de Bacurau.
Também na seleção oficial, mas na seção Cannes Classics, está o documentário Para Vigo me voy!, dirigido por Lírio Ferreira e Karen Harley, que mergulham na obra e no pensamento de Cacá Diegues (1940-2025), diretor de Bye bye Brasil (1979) e Deus é brasileiro (2003), entre outros, e que faleceu neste ano.
Em 2025, o Brasil também é o país de honra no Marché du Film, o mercado de filmes de Cannes, em que produtores e diretores tentam encontrar distribuição para suas obras ao redor do mundo.
O programa Factory da Quinzena de Cineastas costuma destacar um país. Desta vez, o foco está no Ceará. Com mentoria do diretor cearense Karim Aïnouz, quatro cineastas brasileiros – duas do Ceará, uma de Alagoas e outro do Amazonas – foram pareados com quatro diretores estrangeiros para produzir quatro curtas-metragens ambientados no Estado. Os filmes abrem a Quinzena de Cineastas.
Fora isso, Samba Infinito, curta de Leonardo Martinelli com Camila Pitanga e Gilberto Gil, é exibido na Semana da Crítica, uma das mostras paralelas do Festival de Cannes.
Marianna Brennand, diretora de Manas, que estreia no Brasil em 15 de maio, foi escolhida a cineasta do futuro pelo conglomerado de moda Kering, com um prêmio em dinheiro a ser aplicado em seu próximo projeto. A diretora já havia sido premiada na Jornada dos Autores em Veneza, no ano passado.
O esquema fenício
Wes Anderson retorna à disputa pela Palma de Ouro com a história de Anatole “Zsa-zsa” Korda (Benicio del Toro), um dos homens mais ricos da Europa, que sobrevive a mais uma tentativa de assassinato – ele é odiado por outros empresários e diversos governos. Ao se preparar para lançar seu projeto mais ambicioso, ele escolhe como sucessora sua filha Liesl (Mia Threapleton, filha de Kate Winslet), com quem tem pouco contato e que se tornou uma freira. Em se tratando de Wes, é de se esperar um visual arrebatador e um humor refinado. No elenco, estão também Michael Cera, Riz Ahmed, Tom Hanks, Bryan Cranston e Scarlett Johansson.
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Eddington
Diretor dos filmes de terror Hereditário (2018) e Midsommar – O mal não espera a noite (2019), Ari Aster aparece na competição de Cannes com esse longa sobre um conflito entre o xerife (Joaquin Phoenix) e o prefeito (Pedro Pascal) da cidade de Eddington, no Novo México, durante a pandemia. O elenco também conta com Emma Stone e Austin Butler.
The history of sound
No filme de Oliver Hermanus, Paul Mescal é Lionel, um cantor que vai estudar em Boston, onde conhece o estudante de composição David (Josh O’Connor), com quem começa um relacionamento. Anos mais tarde, Lionel se lembra dos tempos passados com David. O’Connor também está em outro filme da competição, The mastermind, de Kelly Reichardt.
Alpha
Em 2021, a francesa Julia Ducournau tornou-se a segunda diretora a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, com o filme de horror Titane, quase 30 anos depois de Jane Campion, que, com O piano, dividiu o prêmio com o chinês Chen Kaige (Adeus, minha concubina) em 1993. Até hoje, as duas e Justine Triet (por Anatomia de uma queda, em 2023) foram as únicas mulheres a sair com o troféu máximo do Festival de Cannes. Em 2025, Ducournau participa novamente da competição com Alpha, sobre uma adolescente que vive com sua mãe solteira e cujo mundo colapsa quando faz uma tatuagem.
Ducournau é uma das sete cineastas mulheres com filmes na competição – batendo o recorde, de quatro, em edições anteriores. Além dela, concorrem à Palma de Ouro Lynne Ramsay com Die my love, Hafsia Herzi com La petite dernière, Chie Hayakawa com Renoir, Carla Simón com Romería, Mascha Schilinski com Sound of falling e Kelly Reichardt com The mastermind.
New wave
Famoso por filmes como Antes do amanhecer (1995), Antes do pôr do sol (2004) e Antes da meia-noite (2013), Richard Linklater vai direto ao coração dos franceses ao contar a história de como o diretor Jean-Luc Godard, o mestre da nouvelle vague (ou new wave, como no título), fez o filme Acossado (1960). No elenco estão Guillaume Marbeck e Zoey Deutch.
Highest 2 lowest
Spike Lee nunca ganhou a Palma de Ouro, apesar de ter concorrido com Faça a coisa certa (1989), Febre na selva (1991) e Infiltrado na Klan (2018). Desta vez, ele passa fora de competição esta reimaginação do thriller policial Céu e inferno, dirigido por Akira Kurosawa em 1963. Um grande empresário musical (Denzel Washington, em seu quinto trabalho com o diretor) é alvo de um golpe envolvendo o pagamento de resgate. Jeffrey Wright, A$AP Rocky e Ice Spice estão no elenco.
Bono: Stories of surrender
Neste filme dirigido por Andrew Dominik, exibido nas Sessões Especiais, Bono, vocalista do U2, revela histórias pessoais e profissionais, entremeadas com imagens inéditas da turnê que fez para lançar seu livro de memórias Surrender, apresentando algumas das canções mais icônicas da banda.
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