Colaborador da Dior, Rob Wynne abre primeira exposição no Brasil

Conhecido por suas esculturas em vidro, o artista estadunidense exibe obras inéditas na Galeria Luciana Brito, em São Paulo.


Obra de Rob Wynne
A obra Joy (20240



Se você já teve a oportunidade de ir à loja da Dior, no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, deve ter notado algumas palavras com letras viscosas de vidro espelhado “flutuando” pelas paredes, assim como as gotas em espiral no teto, feitas do mesmo material. Trata-se de obras de Rob Wynne, que abre a sua primeira exposição no Brasil, na próximo sábado (19.10), na Luciana Brito Galeria (São Paulo). 

Intitulada Always Sometimes (sempre às vezes), a mostra reúne 14 obras inéditas do artista estadunidense de 76 anos e tem o vidro fundido como um fio condutor para explorar a essência poética de seu trabalho, construída ao longo de mais de 50 anos de carreira. “É uma espécie de olhar rápido sobre o pensamento por trás da linguagem e as facetas da abstração”, explica à ELLE.

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A obra Float (ao fundo, na parede), exposta no Brooklyn Museum (Nova York), em 2018 Foto: Divulgação

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Nascido em Nova York, Wynne encontrou na arte uma maneira de lidar com a dislexia que enfrentou na juventude. “Só comecei a frequentar museus e galerias quando entrei na escola de artes plásticas”, recorda. Seus primeiros desenhos e colagens foram influenciados pelo Fluxus, movimento estadunidense da década de 1960 que incorporava a vida cotidiana à arte.

A primeira experiência com o vidro foi em 1996, quando participou da exposição Sleep walking, na Holly Solomon Gallery, em Nova York. “Era sobre o espaço delicado entre estar acordado e sonhando, então queria fazer os meus pés em vidro, mas não sabia nada sobre o material”, conta. “Trabalhei com alguns técnicos e, enquanto estava na fundição, fiquei totalmente cativado pela qualidade luminosa desse líquido quente que se torna sólido.”

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O artista Foto: Marco Anelli

Ao longo dos quase 30 anos trabalhando com o material, Wynne evitou técnicas tradicionais, como o sopro em vidro, para percorrer caminhos mais livres e espontâneos, incorporando fragmentos de linguagem extraídos de conversas, literatura, história, cultura popular e memórias pessoais em suas obras. “Como não sou um ‘artista vidreiro’ treinado, posso quebrar as regras e inventar enquanto produzo”.

Para Wynne, são os processos que ditam a direção das formas, sejam elas abstratas ou não. Como em alguns trabalhos que estarão na nova exposição, as obras Phantom (2024), DayDream (2023) e Outlook (2023) demonstram como as gotas de vidro derramado tomam forma, para então serem combinadas no espaço em cintilantes explosões cósmicas. “Me considero mais um artista conceitual, usando a bela fluidez do meio para mostrar emoção, pensamento e linguagem.”

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Entrando na moda

A colaboração com a Dior começou em 2007, por meio do casal de artistas Claude (1924–2019) e François-Xavier Lalanne (1927–2008), amigos de longa data de Christian Dior – antes de se tornar estilista, o francês foi galerista e colecionador de arte.

“Por meio de Claude, conheci (o arquiteto) Peter Marino. Ele estava trabalhando com a Dior na época e pediu para contribuirmos com obras para decorar a sede da maison em Paris, que estava em reforma, o que acabou levando a uma espécie de colaboração global.”

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A obra Dark green spirit (2024) Foto: Divulgação

Claude e François já haviam criado peças para o endereço, em 1957, e a artista também desenvolveu joias para o desfile de alta-costura de verão 2017, a convite de Maria Grazia Chiuri, atual diretora criativa da Dior.

Para Wynne, a identificação com a marca se dá pela forma como a arte é valorizada. “Foi uma colaboração especial, pois tive total liberdade para fazer trabalhos que eu, como artista, senti que eram apropriados para os diversos locais.”

Na galeria paulistana, destacam-se palavras como “evoke” (evocar) e “be hold” (contemplar), parte da série de textos de vidro do artista. “Espero que os brasileiros entendam e gostem do trabalho, e que obtenham uma noção de quem eu sou”, diz. “É muito empolgante expor no Brasil, estou ansioso para me familiarizar com tantas coisas que já escutei sobre o país e sua cultura”.

Always sometimes: de 19 de outubro a 9 de novembro, na Luciana Brito Galeria, na Av. Nove de Julho, 5162, tel.: 11 3842 0634. De terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h. Entrada gratuita.

 

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