Gucci, cruise 2025

Este pode até ser o primeiro desfile de Cruise de Sabato de Sarno, atual diretor criativo da Gucci, mas a relação da marca com Londres, onde aconteceu a apresentação nesta segunda-feira (13.05), é antiga. A história conta que Guccio Gucci, fundador da casa italiana, se mudou para lá e logo começou a trabalhar no hotel The Savoy, em 1897.

Trabalhando como porteiro e carregador, foi lá que ele começou a observar melhor as malas dos hóspedes, as quais julgava sem estilo e nada práticas. Eis que em 1921 nasce a etiqueta, inicialmente exclusivamente focada em artigos de couro para viagem.

Gucci, cruise 2025. Foto: Divulgação

A cidade que inspirou Guccio também inspira Sabato. A dicotomia entre passado e presente tem se mostrado importante para o estilista. Ela pode ser vista na locação, o Tate Modern, museu gratuito em que o escritório suíço Herzog & de Meuron instalou a obra “The Tanks”, em 2012. Com cilindros industriais e uma centena de plantas, foi a maneira encontrada para trazer o que estava fora para dentro.

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Sabato faz um exercício similar com lingeries e transparências. Nesta coleção, porém, as roupas não se resumem à imagem sexy, como nas primeiras investidas do diretor criativo (verão 2024 e inverno 2024). “Depois de expressar minhas ideias de desejo e sensualidade, esse é um outro pedaço de mim, mais romântico, mais contraditório”, escreveu o designer, em texto para imprensa.

Gucci, cruise 2025. Foto: Divulgação

A sensualidade menos escancarada vem no recorte, no jogo de transparência , nos comprimentos curtíssimos e alfaiataria, que agora combina a provocação de Tom Ford (diretor de criação da Gucci entre 1990 e 2004) com a tradição inglesa – da Saville Row ao look do dia a dia, meio trabalhadores dos anos 1980 com proporções meio antiquadas (aqui, propositalmente). Já o romantismo pode ser encontrado nas camisas e blusas de seda com laço no pescoço, emprestados da era Alessandro Michele (2015-2022). A combinação de jeans largos e compridos com camisa branca oversized, por sua vez, nos lembram dos 14 anos que o estilista passou na Valentino.

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Da capital britânica, vêm ainda a mistura de referências ao estilo da revolução jovem dos anos 1960, à estética hippie e ao movimento Bloomsbury, um grupo de artistas e intelectuais britânicos (como a escritora Virginia Woolf) da primeira metade do século 20. Olhando para eles, Sabato criou uma versão mais fluida e descomplicada, cheia de florais (em especial margaridas) e bordados, do que vestiam.

Gucci, cruise 2025. Foto: Divulgação

É difícil apontar com precisão absoluta um estilo original da Gucci. Nas últimas décadas, as roupas da casa já foram extremamente sensuais, brecholentas, minimalistas e maximalistas. Apesar da introdução tímida ao universo do vestuário em 1953, com a abertura da primeira boutique em Nova York, foi só com Tom Ford que o prêt-à-porter da grife florentina decolou e se tornou reconhecível. Depois dele, cada diretor imprimiu sua interpretação sobre o legado centenário da etiqueta.

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Com Sabato não é diferente, é só mais complicado. São outros tempos. O pouco tempo de trabalho dentro da empresa (versus o escrutínio raso das redes) e a pressão dos chefes e do mercado por produtos clássicos, vindos diretamente dos arquivos não ajuda. Até agora, a intenção do estilista parece ser encontrar um meio termo entre tudo isso. E, no cruise 2025, ele o faz de forma mais paz e amor.

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