MFW: Moschino, inverno 2025
Em seu quarto desfile à frente da Moschino, Adrian Appiolaza parece certo do rumo que quer para a marca.

Este é o quarto desfile da Moschino sob direção criativa do argentino Adrian Appiolaza e, com ele, já podemos começar a entender melhor o rumo que o estilista deseja para a marca. Vale lembrar que, antes dele, a Moschino foi comandada por Jeremy Scott, entre 2013 a 2023. Scott ficou famoso pelas suas coleções temáticas, como aquelas inspiradas no McDonald’s ou na Barbie. Seus desfiles são marcados por looks lúdicos, quase caricatos – o que, de certa forma, tem seu valor e conversa com o espírito da etiqueta. O estilo de Adrian Appiolaza, confirmado pelo inverno 2025 apresentado nesta sexta-feira (28.02), segue um caminho diferente.
O desfile começa com looks sóbrios de alfaiataria em tons de cinza, com costuras brancas aparentes e, às vezes, soltas. Nos acessórios, havia aquelas pulseiras-almofadas para prender alfinetes. Na sequência, entram vestidos armados que lembram algumas silhuetas da Comme des Garçons. Para quem não sabe – fun fact –, Adrian é um colecionador de moda japonesa. E é interessante ver ele trazendo isso para a Moschino.
MFW: Moschino, inverno 2025. Foto: Getty Images

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A coleção segue com pitadas de loucurinhas típicas da marca: aquele humor que Franco Moschino dominou tão bem desde a fundação da label, em 1983, até sua morte, em 1994. Algumas bolsas imitam macarronadas e embalagens de biscoito, sandálias ganham laços gigantes, os chapéus mais parecem travesseiros imensos e fotos de joias substituem acessórios.
Se tirarmos esses elementos de cena, o que resta são roupas para usar no dia a dia, não fantasias. Calças de alfaiataria soltinhas, vestidos retos ou assimétricos, casacos puffer oversized, saias balonê e ternos marrons combinados a camisas florais são alguns dos destaques. O poá, estampa queridinha da label, dá as caras em blazers, tops, babados e camisetas curtas.
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Se você tem visto nossos vídeos ou lido nossas críticas desta temporada, já sabe que o mercado de luxo está passando por maus bocados. Muitas marcas têm reportado quedas nas vendas. E com a Moschino não foi diferente. Em 2024, as vendas da Aeffe Spa, grupo que detém a etiqueta italiana, a Alberta Ferretti, a Philosophy e a Pollini, caíram 21,3%, conforme um relatório divulgado em janeiro deste ano.
Em comunicado enviado à imprensa naquele mês, o diretor executivo do grupo, Massimo Ferretti, disse: “O reposicionamento da Moschino sob o comando criativo de Adrian Appiolaza é uma decisão estratégica para responder às necessidades do mundo da moda atual. Estamos otimistas em relação a este ano e esperamos uma recuperação na demanda por moda e luxo a partir do segundo semestre de 2025.”
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Para abordar esse elefante branco na sala, em um dos looks está estampada a frase “Luxury is relative” (luxo é relativo). Provocaçãozinha leve e vontade de parecer diferentão.
No fim da apresentação, a modelo Alex Consani desfila com uma camiseta oversized com desenho de um globo, a frase “Save our sphere” (salve nossa esfera) e três bolsas imitando sacos de lixo nas mãos. Os acessórios fazem referência ao vestido feito de sacos de lixo que Franco Moschino colocou na passarela na temporada de verão 1994 e que Adrian encontrou enquanto estudava o acervo da marca. Na coleção, há outras alusões à peça.
No fim da apresentação, o estilista argentino entra no jogo e recebe os aplausos com um moletom escrito “Don’t be silent” (não fique em silêncio).
Em tempos de caos e negacionismo climático, quanto mais direta a mensagem, melhor. Melhor ainda se ela não morre no marketing e vem acompanhada de ações: em 2024, o Aeffe Spa contratou o gerente de sustentabilidade Pasquale Apicella para assegurar práticas mais responsáveis em todas as marcas do grupo. Ele estabeleceu metas de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para os próximos três anos.
MFW: Moschino, inverno 2025. Foto: Getty Images

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