MFW: Prada, inverno 2025

Na semana de moda de Milão, Miuccia Prada e Raf Simons propõem interpretações e possibilidades mais livres sobre a ideia de feminilidade na moda.


Prada, inverno 2025.
Prada, inverno 2025. Foto: Getty Images



O que é feminilidade hoje? O que é feminino? O que é beleza feminina? Foram essas três perguntas que nortearam a pesquisa e o desenvolvimento do inverno 2025 da Prada

É um terreno conhecido. E o cenário também. A decoração do desfile desta quinta-feira, 27 de fevereiro, foi a mesma da apresentação masculina, que aconteceu em janeiro: uma estrutura de andaimes de metal dividida em três andares, com carpetes com estampas art nouveau, assinados pela figurinista e diretora de arte Catherine Martin.

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Prada, inverno 2025. Foto: Getty Images

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Esses questionamentos são partes essenciais do processo criativo e da visão de Miuccia Prada. Para ficar só nos exemplos recentes, as coleções de verão 2014, inverno e verão 2013 e inverno 2008 exploram esses temas de maneiras diferentes. No inverno 2025, a base são silhuetas e elementos da moda do fim dos anos 1950 e começo dos 60 – não por acaso, um período de transição social e cultural bem intensa. Principalmente para mulheres.

A tensão, ou contraste aparece entre um visual, digamos, arrumado ou lady like – very demure – com o tratamento bruto, cru ou com a aparência inacabada. Por isso, as barras são desfiadas, os tecidos têm efeito amassado,  as formas são pouco definidas ou ajustadas, sempre afastadas do corpo,  e os cabelos, bagunçados, com uma parte presa por baixo dos colares.

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Prada, inverno 2025. Foto: Getty Images

E em vez de materiais delicados, boa parte da coleção é de lã, com destaque para as peças de tricô. Rola ainda um exercício bem interessante de modelagem e construção. Partes de peças variadas, em especial aquelas tradicionalmente associadas a símbolos de feminilidade, são reposicionadas no corpo, ampliadas ou reduzidas, rematerializadas. 

As proporções são alteradas de maneira quase randômica: vestidos, que deveriam ser acinturados ou caírem rente ao corpo, têm as costas soltas, quase como roupão hospitalar. Outros são combinados com calças jeans ou de alfaiataria. As saias têm o cós volumoso, quase no estilo clochard, porém com aparência estruturada.

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Já faz algumas temporadas que a Prada reforça a sensação de reconhecimento ou familiaridade com as peças que desfila. Isso é um ponto essencial – ainda mais atualmente – para estabelecer conexões e possibilitar um entendimento mais garantido do consumidor. Na real, é uma estratégia usada por várias outras marcas nestes tempos confusos e de consumo em baixa.

A diferença é a intenção e consideração sobre como esses aspectos conhecidos serão trabalhados.Nada é básico e quiet luxury já deu. Tudo tem um motivo, um pensamento por trás, um porquê. Aqui, essas alterações (ou transformações) partem de questionamentos sobre as origens e causas de certas roupas ou estilo terem determinada associação.

Prada, inverno 2025.

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O resultado é uma tentativa de: 1. Representar as constantes mudanças de percepção e a multiplicidade de leituras sobre feminilidade; 2. Propor interpretações, possibilidades e silhuetas novas, sobretudo, de maneira mais livre. “Dentro da ideia de beleza feminina, quando se pensa em seus arquétipos, há muitas restrições ao corpo – aqui, ele é livre. E as ideias também podem ser libertadas”, escreveu o codiretor de criação Raf Simons.

É um pensamento que faz bastante sentido, principalmente quando a gente lembra de tudo o que está acontecendo no mundo: a onda conservadora, as restrições de liberdades e a afronta aos direitos humanos.

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