Paris Fashion Week: Lacoste inverno 2024

Foi em Roland Garros, um dos mais famosos complexos de tênis no mundo, que Pelagia Kolotouros apresentou seu primeiro desfile como diretora criativa da Lacoste nesta terça-feira (05.03), em Paris. A escolha da locação não foi à toa. A poucos quarteirões da sede da marca, o estádio foi construído em homenagem a René Lacoste, em 1928. É que, dois anos antes, ele havia mudado para sempre os rumos do esporte.

Em 1926, René já havia sido duas vezes campeão do Torneio de Wimbledon, a mais tradicional competição de tênis. Foi naquele ano, porém, que o francês, apelidado pela imprensa de “o crocodilo”, se tornou ainda maior. Cansado dos punhos, gomas e excessos que os uniformes possuíam até então, ele percebeu que o design prejudicava sua performance e a dos seus colegas. Decidiu, então, apresentar sua própria invenção de estilo.

Lacoste, inverno 2024. Foto: Getty Images

A camisa proposta pelo tenista era de algodão, tinha uma gola leve e mangas soltas que terminavam acima do cotovelo. Nem é preciso chegar ao fim da história. Você já sabe: a camisa polo foi uma revolução nas quadras de tênis e fora delas.

Acontece que, de lá para cá, muita coisa mudou no mundo e na moda. O tênis, aliás, se tornou uma tendência para além das passarelas da Lacoste. Hoje, marcas como Gucci, Louis Vuitton e Hugo Boss possuem alguns dos melhores tenistas do mundo como seus embaixadores e, vez ou outra, fazem referências à modalidade em suas coleções.

O desafio da diretora criativa, que chega agora à etiqueta, sucedendo Louise Trotter, é se apropriar mais uma vez do que sempre foi da Lacoste por excelência. Aos 51 anos e de origem grega, Pelagia Kolotouros já passou pela equipe de outras marcas esportivas, como Adidas, The North Face, e também da Calvin Klein.

Lacoste, inverno 2024. Foto: Getty Images

Para a coleção de inverno 2024, todas as principais peças associadas ao tênis estavam lá: as saias plissadas, as bolsas para raquetes e, claro, as camisas polo. Não pense, porém, no styling mais óbvio. As saias, por exemplo, estavam sobrepostas a calças de alfaiataria, e foram desfiladas por elas e eles 一 é uma vontade da estilista tornar as divisões de gênero na etiqueta menos demarcadas.

Algumas camisas vinham acompanhadas por gravatas, outras por lenços. Nas saias lápis, fendas frontais revelam uma seda brilhosa por baixo, enquanto nos macacões colados ao corpo, mantos protegem quem os veste. Nos vestidos retos de comprimento mídi, cintos com um pequeno crocodilo marcam a cintura.

Lacoste, inverno 2024. Foto: Getty Images

A aplicação do animal, aliás, surge só em um visual ou outro, geralmente revisitada em um tamanho maior e com um círculo à sua volta. Na cartela de cores, o preto e branco divide espaço com o verde e o vinho, ambos em tons fechados.

A imagem final é elegante, embora longe de ser careta ou antiga. Essa é uma missão de Pelagia na Lacoste: equilibrar a tradição da marca com um código ou outro do streetwear, a fim de atrair as gerações mais jovens.

Outro desafio é ter uma cartela de produtos extensa para preencher as lacunas entre o consumidor emergente e o fiel, de longa data. Montando um guarda-roupa fácil e desejável, de cara a estilista já parece estar no caminho certo para alcançar os objetivos que, não de hoje, a marca francesa espera conquistar.

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