Paris Fashion Week: Louis Vuitton, verão 2025

Nicolas Ghesquière apresenta coleção de contrastes em equilíbrio no verão 2025 da Louis Vuitton. 


Modelo desfila coleção de verão 2025 da Louis Vuitton durante a Paris Fashion Week.
Louis Vuitton, verão 2025. Divulgação



A Louis Vuitton apresentou a sua coleção de verão 2025 nesta terça feira (01.10), no Cour Carrée do Louvre, durante o último dia da semana de moda de Paris. 

Na sala escura, uma passarela formada por baús de viagem foi elevada diante dos olhos dos convidados. No fundo, lia-se Louis Vuitton Paris em um led branco, como uma afirmação da maison centenária e do savoir-faire francês. 

Modelo desfila coleção de verão 2025 da Louis Vuitton durante a Paris Fashion Week.

Louis Vuitton, verão 2025. Divulgação

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As primeiras modelos desfilaram blusões com mangas bufantes que formavam um pequeno saiote na altura do quadril. A composição da peça faz pensar em um traje histórico da Revolução Francesa, em um casaquinho militar dos anos 1940 e até em uma jaqueta esportiva dos anos 1980. Parece loucura, mas é o tipo de construção que Nicolas Ghesquière, o diretor criativo da marca, gosta de fazer. 

Ele é um estilista mestre nesse tipo de roupa – roupa com jeito de colagem. A sua mistura é feita de épocas passadas, referências das mais variadas e materiais dos clássicos e nobres aos inusitados e supertecnológicos. Aqui, tem cetim e lurex, renda e seda, tricô e couro e por aí vai. O casaco do início do show conta com versões de lã, veludo e tweed. Em determinado momento, ele aparece com estampa listrada e imagens de cristais. Em outra hora, surge com tassels e detalhes de bordados metálicos. 

Modelo desfila coleção de verão 2025 da Louis Vuitton durante a Paris Fashion Week.

Louis Vuitton, verão 2025. Divulgação

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A peça mais robusta é então vestida com itens mais urbanos e corriqueiros, tipo um body e uma legging até a altura do joelho. Depois, vem uma blusa com elementos de paletó e bolsos laterais desfilada com calça capri mais folgadinha na coxa e marcada por botões na panturrilha. O vórtex temporal inclui ainda vestidos mini e midi, onde o peso está concentrado na parte de baixo, como a dança da cintura caída dos anos 1920.   

Nos pés, o quebra-cabeça continua com sapatilhas meio sandália, meio papete, ou sapatos de salto que remetem às experimentações de Ghesquière na Balenciaga, nos anos 2000. No geral, existem momentos bem utilitários e também decorativistas mil. 

Modelo desfila coleção de verão 2025 da Louis Vuitton durante a Paris Fashion Week.

Louis Vuitton, verão 2025. Divulgação

Golas soltas como uma estola são feitas de pedacinhos de organza recriando pétalas ou plumas. Há vários bordados, além de colares, correntes e fitas reunidas, todos eles trazendo algum pequeno excesso fashionista – muito bem-vindo depois de tantas estações com alfaiataria essencial. 

Falando em alfaiataria, ela é transformada em um power suit diluído. São trench coats e capas amplas e soltas. Se o ombro é marcado nos camisetões e conjuntinhos, o look completo desce livre no corpo. O movimento está igualmente presente em longos assimétricos e visuais que parecem formados por lenços diversos. 

É que, além da mistura já ser uma característica sua, Ghesquière está interessado em conciliar duas coisas em especial: suavidade e poder. Por isso, há tanto contraste junto, como estrutura e flexibilidade, luz e sombra, opulência e delicadeza. A movimentação atual é em direção mais relaxada, depois de anos em que certa obsessão sci-fi fez prevalecer roupas-armaduras na passarela.  

Modelo desfila coleção de verão 2025 da Louis Vuitton durante a Paris Fashion Week.

Louis Vuitton, verão 2025. Divulgação

A distopia, pelo menos nesta estação, fica a cargo das obras do artista francês Laurent Grasso. Cinco pinturas suas, que fazem parte da série Studies into the Past, de 2009, são reproduzidas nas camisas finais. Nas paisagens a óleo do artista, castelos e cavaleiros medievais são cristalizados ao lado de um eclipse solar ou outro efeito absurdo da natureza e da nossa imaginação. 

Tanto no trabalho do artista quanto na coleção do estilista, o tempo parece paralisar. Não há passado ou futuro. Existe um agora suspenso, onde se convive, em estranha harmonia, todas as horas vividas e que ainda virão.

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