Paris Fashion Week: Valentino, verão 2026
Alessandro Michele limpa (de leve) seu decorativismo na Valentino, mas ainda mantém os olhos voltados ao glamour e ao hedonismo dos anos 1970 e 1980.
Alessandro Michele abriu o desfile de verão 2026 da Valentino com uma narração sobre uma carta escrita por um jovem estudante a um amigo de infância em 1941, no auge da 2ª Guerra Mundial. O estudante, no caso, era o cineasta Pier Paolo Pasolini e o texto falava sobre manter acesa a chama do desejo mesmo em meio aos horrores do fascismo. Qualquer semelhança com o presente não é mera coincidência. Embora a conexão com o que vimos na passarela não seja tão direta, nem tão fácil de identificar, não é difícil estabelecer relações entre o discurso e alguns acontecimentos atuais ao redor do planeta.
Os visuais seguem o estilo – e as obsessões – de Alessandro Michele: os anos 1970 e 1980, com jeitão glamouroso de festa, com direito a muita alfaiataria, laços, babados, drapeados, bordados e brocados brilhantes, tudo meio próximo ao corpo e com combinações de cores marcantes. Já falamos isso antes, mas o que muita gente assume como um resquício da Gucci nessa Valentino é, na verdade, influência da Valentino na Gucci. Não são poucas as reedições ou atualizações de peças de arquivos da casa romana nessa nova fase.

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images

Valentino, verão 2026. Foto: Getty Images
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E se engana também quem acha que é tudo mais do mesmo. Nesta temporada, o decorativismo tão característico de Michele passa por uma limpa (ainda que de leve). Há um foco acentuado na alfaiataria, em especial nas calças, com cortes e caimentos bem fluídos e alongados, e também nos blazers masculinos, com ombros retos e um recorte horizontal na linha da cintura. Na parte mais noite mesmo, os drapeados meio greco-romano, meio Vionnet, trazem um perfume de fim dos anos 1930, além de elevarem a sensualidade.
No geral, é uma coleção bastante polida e elaborada em termos materiais e de acabamento. Tanto que, retomando o início deste vídeo, parece quase forçado todo aquele discurso inicial. Reforçar posturas, ideias e relatos antifascistas nunca é demais. Continuamos vivendo em tempos que pedem repetições e explicações do óbvio. É que com roupas tão belas e autoindulgentes, às vezes a própria imagem dá conta do recado.
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