SPFW N60: Uó por Marcelo Sommer


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Uó por Marcelo Sommer, SPFW N60. @agfotosite



Na noite deste sábado (18.10), a academia Competition, no bairro de Pinheiros, se transformou em passarela para a estreia da Uó, nova marca do estilista Marcelo Sommer, na SPFW. O local – escolhido por afinidade pessoal (o estilista treina ali há mais de duas décadas e já desenhou uniformes para os funcionários a empresa) deu o tom esportivo da coleção, feita majoritariamente a partir de peças reaproveitadas.

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Uó por Marcelo Sommer, SPFW N60. @agfotosite

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O projeto atual veio de um desejo de aprofundar o trabalho de upcycling que Marcelo desenvolve desde 2019. Já teve colaborações com a Casa Juisi, com a styltist Renata Corrêa, entre outras. “Eu e Luiz Monteiro, meu marido, vínhamos garimpando roupas há quase dois anos – jaquetas esportivas, camisetas de time, moletons antigos”, conta o designer. “Começamos a desconstruir e remontá-las em novos formatos. Quando vimos o resultado, achamos que merecia um desfile.”

O nome Uó surgiu de forma quase intuitiva. “Na linguagem popular, é uma gíria usada para se referir a algo cafona e exagerado. Nós resgatamos essa palavra para subvertê-la e dar a ela um novo significado, exatamente como fazemos com nossas criações.”

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Uó por Marcelo Sommer, SPFW N60. @agfotosite

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Entre os achados que servem de base para a coleção, há desde camisetas da Nike e da seleção polonesa de futebol até rendas tingidas manualmente e peças encontradas em brechós no Brasil e na Europa. Um deles é o Capricho à Toa, de São Paulo. “Eles têm um acervo incrível, com marcas como Paula Raia, Reinaldo Lourenço, Hervé Léger. Misturamos tudo com o que tínhamos no nosso arquivo pessoal, como uma saia plissada da Neriage e uma camiseta da seleção Alemã que viraram um vestido”.

O processo de criação é quase artesanal, baseado em instinto e cor. “É muito mais complexo do que desenhar uma roupa nova. Às vezes, a peça já tem o formato do corpo de quem usou antes, então precisamos planar, reconstruir. É um aprendizado.” Truques como usar tecidos do avesso e preservar golas e punhos para serem usados como acessórios são algumas das novidades.

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No desfile, batizado de Conforto Ressignificado, o espírito lúdico e street, típicos do universo de Marcelo Sommer, são revisitados com pegada consciente. Vestidos grunge formados pela união de camisetas e camisas xadrez, jaquetas transformadas em saias e looks que misturam o esportivo com o festivo pontuam a apresentação. 

A cartela de cores transita entre branco, marinho, amarelo, roxo, azul royal, lilás, off-white, preto, tons de vermelho e verde – às vezes com manchas e desbotados para remeter ao desgaste natural do tempo. Os shapes alternam volumes soltos e estruturas ajustadas. Uma pequena colaboração com Gilda Midani também resultou em quatro vestidos com técnica tie-dye, típico da marca da estilista carioca.

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Além do reaproveitamento, algumas criações incluem os tecidos sustentáveis Ecovero e Lenzing, ambos de origem botânica e provenientes de fontes de madeira controladas e certificadas, fornecidos pela Têxtil Carmem. “São materiais que realmente se decompõem no meio ambiente”, destaca.

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Mais do que um retorno à passarela após 14 anos, a celebra uma nova etapa na trajetória de Marcelo. “Quero despertar o desejo pela compra, claro, mas também mostrar que é possível criar moda com impacto zero. Cada roupa é única, e isso tem muito valor hoje”, fala ele. “Acho que a coleção tem tudo o que sempre fez parte do meu trabalho: cor, forma, humor, noite, memória afetiva. Só que agora com uma nova consciência.”

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