35 opções de vinho tinto para celebrar o Natal
Não precisa abrir mão do vinho tinto no verão. Sabendo o que escolher, você vai ter uma ceia na mais perfeita harmonia de sabores.
Chegam Natal e Réveillon e a dúvida é a de sempre: que vinhos comprar para as ceias? A gastronomia das festas de final de ano é rica em aves, peixes e carne de porco, pratos geralmente mais próprios para a harmonização com vinhos brancos, rosados e espumantes.
Isso não quer dizer que o vinho tinto não tenha sua vez à mesa. Só é preciso saber escolher. Conversamos com os sommeliers Eliana Araújo e Ricardo Santinho e eles dão a letra: os tintos para o Natal devem ser leves ou médios de corpo, jovens, com aromas e sabores de frutas frescas e ter alta acidez. Pense num vinho encorpadão e amadeirado, tipo Cabernet Sauvignon ou Malbec, acompanhando o jantar no calorão. Esse não rola.
Pinot Noir, Gamay, Garnacha, os vinhos da região italiana de Chianti, uvas elegantes como Cinsault e Carignan são algumas das boas pedidas para a estação. Não caem bem só na noite de festa, mas nos encontros vespertinos que rolam entre um jantar e outro. Esses rótulos mais ligeiros devem ser levemente refrigerados (alguns podem ser bebidos geladinhos mesmo), nunca em temperatura ambiente.
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Ricardo Santinho sugere não se preocupar demais com as harmonizações nessa época. Desde que não se sirva peru com um Bordeaux corpulento, está tudo certo (quer dizer, a gente avisa, mas o vinho é seu e você serve do jeito que quiser). “É hora de beber bons vinhos, investir naquelas garrafas especiais que estamos namorando há um tempo e harmonizar com o momento, mais do que com a comida”, diz.
Eliana, Ricardo e a reportagem da ELLE dão diversas dicas de vinho tinto que podem compor suas ceias, seus encontros com os amigos e os primeiros dias de um novo ano, para bolsos igualmente variadíssimos. Tem vinho ótimo na faixa das 100 pratas. Tem Grand Cru de Borgonha também, caso o saldo bancário permita.
Pinot Noir
Pinot Noir é o mais reconhecido símbolo de delicadeza e elegância em tintos. Quando a bebida é jovem, vem sedosa, de taninos sutis, trazendo uma explosão de frutas vermelhas frescas e especiarias no nariz e na boca. Grandes Pinots da Borgonha, na França, ao envelhecer na garrafa, desenvolvem notas terrosas de chão de floresta, trufas, cogumelos. Só que não perdem a finesse, a sutileza, o charme etéreo. São vinhos de sonho e, justamente por essa fama, podem custar fábulas. A lista dos dez mais caros do mundo em 2024 tem nove rótulos de Borgonha (tintos e brancos). Leroy Musigny Grand Cru é o mais valioso, por cerca de 37,7 mil dólares. Romanée-Conti Grand Cru, o tal, vem em seguida, por pouco mais de 24,6 mil dólares
Calma. Tem Pinot para todos os bolsos, da Borgonha e do resto do mundo. Eliana Araújo sugere François Labet Vieilles Vignes 2022 (R$ 337,36, na Decanter), que traz toda a fruta fresca da uva, com acidez que faz salivar e um sutil toque terroso. A tipicidade da região também é bem representada por Fixin La Cocarde 2017 (R$ 685,98, na Mistral), do Domanie Pierre Gelin. É sedoso, com frutas negras intensas e grande estrutura, também com acidez viva, que equilibra o conjunto.
Se quiser (e puder ter) um Natal na base do que de mais rico a Borgonha possa oferecer, procure rótulos elaborados a partir dos melhores vinhedos, com a indicação premier cru ou grand cru. Hospice de Beaune Premier Cru Cuvée Guigone de Salins (R$ 1.253, na Anima Vinum) mostra a composição de delicadeza e complexidade borgonhesa. Característica que atinge o ponto alto no Château de La Tour Clos-Vougeot Gran Cru 2017 (R$ 2.790,90, na Decanter). São vinhos de guarda, que aguentam um bom tempo na adega e evoluem lindamente com o passar dos anos.
Alemanha é um bom lar para a Pinot, uva que gosta de regiões frias. Nos extremos da América do Sul ela também tem se dado bem. Meyer-Näkel Spätburgunder 2021 (R$ 375, na Cellar Vinhos), dica de Eliana, é um belo exemplar alemão, da região de Ahr.
Em Mendoza, Argentina, a Luigi Bosca produz seu Pinot. De cor rubi, brilhante, o Luigi Bosca Pinot Noir 2023 (R$ 157,52, na Decanter) é feito com uvas de um vinhedo a 1.170 metros de altitude em La Consulta, o que contribui para a boa acidez e o frescor na taça.
Foto: Divulgação
Também da Argentina, mais especificamente, da Patagônia, vêm Pinots finíssimos como os da vinícola Otronia: 45° Rugientes Pinot Noir (R$ 248, na World Wine) e Otronia Block 1 Pinot Noir 2020 (R$ 670, na World Wine). Ainda da Patagônia, só que chilena, vem o elegante Trapi del Bueno Hand Made Pinot Noir (R$ 299, na Famiglia Valduga). No norte do Chile, a região propícia para a Pinot é Limarí, onde nascem o bom de preço Tabali Pedregoso 2023 (R$ 106,90, na Casa Flora) e seu irmão mais nobre, Tabali Talinay Pai Pinot Noir (R$ 760, na Grande Adega). Sol de Sol Pinot Noir 2022 (R$ 190, preço sugerido pela importadora Tanyno), da Viña Aquitania, em Traiguén, é outro Pinotzão chileno que abafa a banca.
Chianti
Chianti já foi sinônimo de vinho cafona, vendido na garrafa bojuda envolta em palha, enfeitando as paredes das cantinas cringe. Águas passadas. A denominação italiana deu um salto de qualidade nas últimas décadas e mesmo os Chianti mais simples podem reservar belas emoções. A predominância é da uva Sangiovese, que pode ser misturada a pequenas quantidades de Canaiolo, Colorino, outras castas italianas e internacionais, como Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot. Apesar de a lista de cepas aparentar musculatura, os Chianti mais jovens têm corpo médio, acidez alta e taninos macios, o que os torna fáceis de beber. Bons para os almoços que sucedem as ceias, especialmente se houver comida italiana com molho de tomate.
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Frutas vermelhas, ervas (em especial o orégano), toques de vinagre balsâmico são alguns dos aromas comuns nos Chianti. Torrequercie Colli Fiorentini DOCG 2022 (R$ 135 na Grapy), dica de Ricardo Santinho, é assim e representa bem a bossa da região, com 90% de Sangiovese e 10% de Cabernet Sauvignon. Outro rótulo que entrega qualidade com preço camarada é Piccini Chianti DOCG 2022 (R$ 134,90, na Vinci), bastante frutado, corte de Sangiovese com Ciliegiolo e Canaiolo. Chianti Poggio Felice DOCG 2022 (R$ 119,80, na Bacco’s) vem na garrafa gorducha revestida com palha, para quem quer dar um ar retrô à mesa: corte de Sangiovese, Canaiolo e Colorino.
Chianti Classico é outra denominação, situada no centro da Toscana e sem subdivisões. Produz vinhos mais estruturados, de maior longevidade e, portanto, mais caros. A passagem por madeira de boa parte dos Chianti Classicos costuma ser equilibrada, dando ao vinho aromas típicos do envelhecimento e amaciando os taninos, sem que a acidez vibrante da Sangiovese vá embora. Um belo de um Classico pode ser o presente de Natal para uma pessoa querida ou, então, de você para você. Indicamos Rocca delle Macìe Chianti Classico Riserva Sergioveto 2020 (R$ 471, 90, na Decanter), 100% Sangiovese, e Frescobaldi Perano Chianti Classico 2019 (R$ 449, na Wine Brands). Nem é preciso bebê-los agora – o tempo de guarda dos Classicos é estimado em dez anos, se mantidos em condições ideais.
Garnacha ou Grenache
Os vinhos espanhóis de Garnacha (Grenache, na França) costumam ser gorduchos na boca, com bastante fruta, porém sem ser pesados ou cansativos. Mais uma vez, a boa acidez faz com que sejam fáceis de beber. Rolam também algumas notas de ervas secas, que aproximam carnes e vegetais bem temperados na harmonização.
É uma uva bem versátil, que permite a elaboração de estilos diferentes, mas mantenha o foco na juventude: procure vinhos com nenhum ou pouco estágio em madeira e frescor na boca. Ricardo indica Ponce La Xara (R$ 184, na World Wine), nascido na região de Manchuela, com o frutadão típico da Garnacha. Borsao Tres Picos 2020 (R$ 338, na World Wine) também dá outro banho de gostosura. É mais encorpado, mas a acidez faz a coisa ficar equilibrada.
Na França, a Grenache também é sinônimo de elegância, bien sûr. Dá-se bem na região do Rhône, onde entra em vários cortes. O mais famoso é o GSM, mescla de Grenache, Mourvèdre e Syrah, que costuma vir cheio de fruta fresca. Famille Perrin Côtes-du-Rhône Reserve Rouge 2021 (R$ 229,04, na Mistral) é um bom retrato do estilo.
País/Cinsault/Carignan
Há alguns anos, o Chile começou a redescobrir velhos vinhedos, libertando-se da hegemonia da Cabernet Sauvignon e da Carménère. Uvas levadas pelos colonizadores começaram a ser reavaliadas e viraram moda. País, Cinsault e Cariñena (ou Carignan), predominantes nos vales de Itata e do Maule, formam uma “nova” geração de vinhos chilenos. De maneira geral, são leves, bem frutados, com poucos taninos e gostosos para os dias mais quentes.
A uva País costuma ter bastante fruta do bosque, boa acidez e origina vinhos simples, sem muito relevo – por isso mesmo, fáceis e próprios para o calor. Ricardo indica Miguel Torres Millapoa (R$ 239, na Sommelier Wine Store), elaborado a partir de vinhedos centenários. É um exemplo bem feitinho da graça da uva País. Outro rótulo interessante é J. Bouchon País Viejo 2020 (R$ 139, na Onivino), que mescla a fruta generosa com um certo toque terroso.
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Cinsault e Carignan seguem na linha da leveza, porém com níveis maiores de complexidade. Glup é uma linha de vinhos bastante frescos da Longaví, especiais para o nosso clima. Glup Cinsault e Glup Carignan (ambos por R$ 144, na World Wine) mostram de maneira fiel como esses vinhos podem ser jovens, alegres e refrescantes. Miguel Torres Tenaz Cinsault 2019 (R$ 149, na Onivino) também tem a acidez deliciosa que convida à próxima taça. Ventisquero Queulat Gran Reserva Cinsault 2020 (R$ 104,90, na Wine) é um achado, pelo preço, pela leveza e pela qualidade. Bouchon Vigno Carignan (R$ 190,80, na World Wine) é um exemplar mais maduro da variedade. Vigno é uma marca coletiva de produtores chilenos que amam e preservam a Carignan. Só coisa fina.
Beaujolais
Às vezes dá um certo medinho de comprar vinhos de Beaujolais. Com razão: a região francesa tem fama de fazer vinhos ligeiros (em muitos casos, mequetrefes mesmo), que devem ser bebidos bastante jovens. Eliana avisa que é preciso fugir de estoques de safras antigas, pouco recomendáveis. Beba os Beaujolais do ano.
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Mas tem um lado bom. Esses vinhos, elaborados com a uva Gamay, são leves, macios, fresquíssimos, fáceis de beber e de serem harmonizados com pratos light. Os Beaujolais Nouveau são os mais simples e podem entregar bastante prazer. A importadora Mistral traz anualmente o Beaujolais Nouveau de Joseph Drouhin (R$ 169), que chega tinindo bem perto do final do ano. Se quiser subir um degrau, a categoria Village é sinal de vinhos mais estruturados, como o Beaujolais Villages Vieilles Vignes do Domaine Jean-Claude Lapalu (R$ 284, na de la Croix), indicado por Ricardo.
No Brasil, temos um Gamay de respeito, com precitcho irresistível, feito na Campanha Gaúcha e premiado na terra do Beaujolais. Miolo Wild Gamay (R$ 63,90, na loja da vinícola) é fermentado à moda natural, com leveduras selvagens e não tem adição de sulfitos.
Claretes
Já falamos na ELLE sobre esses vinhos que ficam entre o rosé e o tinto e podem ser servidos geladinhos. As dicas passadas, caso possam ser encontradas no mercado, continuam valendo. Um que pintou no pedaço e vale a pena é Pequenos Rebentos Proibido Clarete (R$ 165, na Grapy), português feito na região do Douro com as uvas locais Tinta da Barca, Tinta Amarela, Tinta Francisca, Rufete e outras.
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Nerello Mascalese
Ah, a Nerello… Essa uva da Sicília é puro frescor, elegância, vivacidade, de um frutado encantador. Sutil e, ao mesmo tempo, gera vinhos profundos, tão chics! As cultivadas na região vulcânica do Etna são especiais e os rótulos da vinícola Alta Mora representam bem seu estilo. Alta Mora Etna Rosso DOC 2020 (R$ 258, na World Wine) é o vinho de entrada da casa e já é um charme (imagine, então, os de gama mais alta). Planeta Etna Rosso DOC 2021 (R$ 419,90, na Grand Cru) é outro bamba da região, de uma das maiores vinícolas sicilianas.
Tintos de Talha
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Quando vinificadas delicadamente em talhas de barro, as uvas tintas da região do Alentejo podem render vinhos sutis, leves e de acidez bem refrescante. Rocim Fresh From Amphora (R$ 298, a garrafa de 1 litro na World Wine) é assim, feito com as castas Moreto, Tinta Grossa e Trincadeira. Um vinho incrível para uma tarde de verão.
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Trepat
Essa desconhecida uva espanhola, natural da Catalunha, também é da turma delicada, quando trabalhada com carinho pelo produtor. Ricardo indica o frutado e fresco Vino Social Les Gallinetes (R$ 170, na Grapy), corte de Trepat com Garnacha e Syrah, da região de Mont Blanc. Do mesmo produtor, uma pedida ainda mais chic, 100% Trepat, é Josep Foraster Trepat (R$ 294, na Grapy).
Preços pesquisados entre novembro e dezembro e sujeitos a alteração. Não foram considerados descontos.
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