Desafios da topografia viram trunfos em projeto do FGMF
Na Fazenda Boa Vista, o projeto do FGMF tira partido do desnível do terreno e da presença de árvores para construir uma casa em pavilhões ao redor de um bosque.
A presença de árvores de grande porte, escultóricas, e o desnível no terreno de 14 mil m² em Porto Feliz, no interior de São Paulo, conduziram o desenvolvimento desse projeto do FGMF. A propriedade, situada na Fazenda Boa Vista, condomínio a pouco mais de uma hora da capital, foi distribuída em diferentes pavilhões para valorizar a natureza local, que entrelaça as edificações. As construções são ligadas por diferentes trajetos, como um amplo parque repleto de obras de arte.
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Escultura Estrela, de Amilcar de Castro, integra área externa de projeto. Foto: Fran Parente / Divulgação
“Orientamos intervenções construtivas de maneira que colocassem o pequeno bosque como ponto focal das atividades do terreno”, explica Lourenço Gimenes, arquiteto e um dos sócios do escritório paulistano fundado em 1999 com os colegas de profissão Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz.
Casa desenhada pelo escritório FGMF é distribuída em pavilhões. Foto: Fran Parente / Divulgação
“Seja a casa principal, o ateliê, a biblioteca, o spa, o orquidário e a academia, tem uma série de programas que ficam ali relacionados e dispostos ao redor do pequeno bosque”, diz. “E a casa se organiza de maneira a tirar partido desse desnível, que é tênue, leve, de maneira proporcional, mas que no total salta aos olhos de maneira interessante.”
No living, obra Azulejões, de Adriana Varejão, ganha destaque em ambiente repleto de tons neutros. Foto: Fran Parente / Divulgação
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Há ainda uma relação constante entre os ambientes internos e externos que lembram galerias de artes. Também faz parte do projeto o uso de espelhos d’água, alguns adornados com esculturas de nomes como Amilcar de Castro e Maria Martins.
Na parede, obra de Frans Krajcberg, e, ao fundo, escultura O impossível, de Maria Martins. Foto: Fran Parente / Divulgação
Na parede, obra Polvo, de Adriana Varejão. Foto: Fran Parente / Divulgação
“Um borramento no limite entre dentro e fora é uma coisa que nos interessa bastante. Em cada projeto, interpretamos isso de uma maneira”, diz o arquiteto.
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Nos interiores, destacam-se também as texturas do concreto aparente, pedra, madeira e uso de tons neutros, que são iluminados por trabalhos de Sandra Cinto, Adriana Varejão, Frans Krajcberg, Ana Elisa Egreja e Rodrigo Branco, entre outros artistas espalhados pelos diferentes ambientes.
Área recebeu obra da artista Sandra Cinto. Foto: Fran Parente / Divulgação
Madeira, pedras e concreto aparente fazem parte de texturas nos interiores da casa. Foto: Fran Parente / Divulgação
“Nessa casa, a parte mais importante do projeto é a não arquitetura, é a não casa: é a pré-existência das árvores grandes, a topografia do terreno, a característica do lugar. É a possibilidade de justificarmos esse esforço de construir a casa”, fala Gimenes. “O que importa é ela estar num ambiente, num determinado contexto. Se não tivermos sensibilidade para ler esse contexto, interpretá-lo e torná-lo parte da arquitetura, basicamente ela vira um objeto que você pode comprar na estante de uma loja e colocar em qualquer terreno.”
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