Cadernos de uma parisiense: 2 restaurantes em Paris e outros 4 lugares clássicos para curtir a cidade
Saiba onde encontrar o famoso l'entrecôte e outros endereços que nunca saem de moda.
Bonjour! Começamos mais uma edição dos meus Cadernos de uma parisiense! Vamos conferir uma nova listinha do que fazer em Paris? Hoje, o clima é de compartilhar com vocês lugares que continuo considerando importantes para mim, após 18 anos morando aqui.
Para mim, vale a pena revisitar alguns lugares onde construí uma ligação afetiva, onde me sinto bem e tenho boas lembranças. A cidade tem dois milhões de habitantes e recebe 33 milhões de visitantes por ano. A quantidade de restaurantes em Paris e outras atrações é de deixar qualquer um perdidinho. Por isso, se você vem sempre para cá ou planeja visitar a capital francesa em algum momento, espero ajudar com minhas anotações mais preciosas. Então, vamos lá, abrindo agora minha caixa de Pandora para que vocês anotem alguns segredinhos meus!
O famoso L’Entrecôte, o original
Foto: Instagram / @lerelaisdeveniseofficial
Ele se chama Relais de Venise e fica na Porte Maillot, não muito longe dos Champs-Élysées. Ali foi criada, em 1959, a famosa carne com batatas fritas e um molho à base de manteiga, ervas, pimentas e alguns segredos que fizeram do prato alvo de investigações por chefs famosos do mundo inteiro. Sei de um (ele mesmo me contou) que, sempre que vinha a Paris, ia lá com um saquinho no bolso para “roubar” a receita. A história é a seguinte: o famoso prato é servido com uma simples entrada de salada verde, um molho leve e algumas nozes, e nos deliciamos passando o pão no prato. Enquanto isso, as garçonetes, vestidas com uniformes pretos e golas “Claudine”, tornam a experiência ainda mais especial. A receita é de família. No início, todos trabalhavam juntos, mas houve um desentendimento e uma delas partiu (dizem que eram duas irmãs, mas quem fundou foi um homem). A que ficou não dividiu a receita, enquanto a que saiu fez a sua versão e abriu seu próprio restaurante. Por isso, existem outros lugares em Paris que servem pratos quase iguais, mas quem conheceu o Relais de Venise primeiro garante que é ali onde tudo começou. Vale muito a pena, tanto pela história quanto pelo prato, que é, para mim, o melhor.
Relais de Venise: 271 Boulevard Pereire.
A tal baguette
Foto: Instagram / @labaguettedurelais
Pois bem, depois de um tempo sem ouvir falar no restaurante, mas sempre com vontade de ir lá, passei por acaso no Marais esta semana e vi um toldo que me lembrou o Relais de Venise (e que eu já tinha visto muitas vezes, sem me ligar). Também lembrei que tinha ouvido falar, em alguma matéria sobre o que fazer em Paris, sobre um tal “sanduíche” maravilhoso! Eis que, na minha pesquisa sobre o Relais de Venise, descubro que é o mesmo prato, só que dentro de uma baguette – e que é o sucesso agora nesses tempos de redes sociais. Fica então essa possibilidade de ainda degustar um prato famoso mundialmente e cheio de histórias no coração do Marais. É a “coqueluche” do momento por aqui.
La Baguette du Relais: 10, rue des Archives.
LEIA TAMBÉM: SO/PARIS O HOTEL CINCO ESTRELAS QUE CONECTA MODA, ARTE, DESIGN E HISTÓRIA
Um túnel com a história da moda
Foto: Instagram / @pomponmarais
A Pompon é fofa até no nome. Também fica no Marais, um bairro conhecido por suas muitas atrações – sou frequentadora assídua. Apesar de manter clássicos abertos, sempre oferece novos lugares que me fascinam. No caso da Pompon, trata-se de uma boutique-brechó com antiguidades ligadas ao mundo da moda e do luxo. Além do acervo fantástico, ainda tem a maneira como um dos proprietários, Alexandre, conta a história de cada peça que ele coloca lá. Para além do que ele mostra em sua conta do Instagram (vale dar uma passeada virtual por ali), a Pompon tem um acervo incrível de raridades, seja de Christian Dior, Pierre Cardin ou ainda peças raras do século 19. Uma verdadeira passagem garantida ao passado!
Pompon: 13, Rue Saint Paul.
Cápsula criativa
Na Bernard Sylvain a magia aparece: um dos atrativos é vê-lo ao fundo trabalhando em suas criações Ana Garmendia
Essa é uma das boutiques-atelier onde, se eu pudesse, moraria lá dentro. Desde quando comecei a frequentar os arredores da Place des Vosges, me encantei com o lugar, que mais parece pertencer a um outro tempo dentro do nosso. Ousar entrar foi uma das experiências mais fantásticas que tive em termos de visitar lojas, pois, ao cruzar a porta, me deparei com uma mina de objetos por todos os lados e um ateliê ao fundo, onde o mestre joalheiro Bernard Sylvain trabalha desde a década de 1980. Monsieur Sylvain em pessoa vem sempre conversar e, depois de instantes, volta para sua mesa, onde cria joias, conserta relógios e faz mágica com as mãos. Entre os curiosos e admiradores, grandes joalherias como Chaumet, Fred, Hublot e Mitsukoshi já trabalharam com ele. Um de seus “maiores sucessos” foi patentear sua criação “Happy Diamonds”, uma peça-prima da grande maison Chopard. Pois é, mas o mais incrível é que, mesmo sendo um grande artesão, suas criações têm preços acessíveis, muito distantes dos milhares de euros. Para quem gosta de arte, joias e magia, aconselho muito!
Bernard Sylvain: 7, rue de Béarn.
Uma fantástica fábrica de chocolate
Os chocolates da Foucher tem 200 anos de história Ana Garmendia
Esse lugar é outra das minhas primeiras paixões em Paris e tem cadeira cativa nos Cadernos de uma parisiense! A chocolateria Foucher foi criada em 1819 no Faubourg-Saint-Germain, ou seja, tem 200 anos. Com uma história familiar rica, a loja combina arte e chocolate, e ali tudo é fino, bem-feito, delicioso, sem preços abusivos. Criada por Louis-Aubin Foucher, um filho de camponeses, o lugar começou a prosperar no século 19. Enquanto muitas chocolaterias desapareceram, a Foucher continua a ser guiada pela sexta geração de seus descendentes. São duas lojas em Paris, uma na rue de Bac, em frente ao famoso Bon Marché, e outra na avenida Opéra. Uma coisa que é legal é que eles oferecem oficinas de chocolate toda quarta-feira, das 17h30 às 19h.
Foucher: Rive Droite, 30 avenue de l’Opéra | Rive Gauche, 156 rue de Bac. Informações sobre as oficinas para até seis pessoas: (33 01) 45 44 05 57.
Favorito
Imagem da fotógrafa Tina Barney em exposição no museu Jeu de Paume Foto: Tina Barney
O museu Jeu de Paume, na Place de la Concorde, é um dos meus favoritos na cidade. Atualmente, está com uma exposição incrível, que comemora os 40 anos de carreira da fotógrafa americana Tina Barney. Mestre em produzir imagens simples e familiares, ela também fotografou frequentemente sob encomenda, retratando celebridades para a imprensa, revistas de moda e marcas de luxo. Produzida pelo Jeu de Paume, a mostra revela uma seleção de 55 impressões em grande escala, misturando imagens em cores e preto e branco, além de fotografias de seus primeiros trabalhos e produções inéditas, incluindo obras encomendadas e pessoais, com nomes conhecidos, como Julianne Moore, ou anônimos próximos da artista. Vale a pena visitar (e a vista de lá é linda!). É excelente para quem não gosta de museus muito grandes ou está com pouco tempo na cidade. A exposição vai até o dia 19 de janeiro de 2025. Ah, antes que eu esqueça: o Jeu de Paume tem um café Rose Bakery delicioso, com terraço perfeito para os dias de sol.
Jeu de Paume: 1 Place de la Concorde.
LEIA TAMBÉM: O QUE FAZER EM PARIS DO MUSEU AO BRECHÓ, SEIS LUGARES BACANAS NA CIDADE
Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes