14 desfiles da Dior para conhecer a história da maison

Às vésperas da estreia de Jonathan Anderson na linha feminina, relembramos os desfiles da Dior que marcaram época.


desfiles da Dior
O desfile da Dior de verão 2017 de alta-costura. Foto: Getty Images



Os desfiles da Dior são alguns dos eventos mais aguardados das temporadas. Na temporada de verão 2026, muita coisa vai mudar (são 15 estreias no total). Entre os destaques está a nova fase da maison, agora sob a direção criativa de Jonathan Anderson.  Ele apresentou a sua primeira coleção para a Dior Men em junho, durante a semana de moda masculina – e a crítica adorou. No dia 01 de outubro, é a vez da linha feminina. 

O estilista irlandês já deu pistas do caminho que vai seguir durante os festivais de Veneza e Toronto e no tapete vermelho do Emmy Awards. As atrizes Greta Lee, Mia Goth, Alba Rohrwacher, Anya Taylor-Joy, Rashida Jones e Catherine O’Hara foram as escolhidas para usar algumas de suas criações antes do debut oficial na passarela.

Enquanto isso, revisitamos desfiles da Dior que são momentos históricos para a maison e, em alguns casos, para a moda.

Verão 1947 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Divulgação

Christian Dior lançou o célebre New Look já na primeira coleção de sua etiqueta. A silhueta de cintura marcada e saia ampla definiu o estilo da década de 1950. Ela trouxe de volta o glamour e a feminilidade ante à escassez e austeridade que seguiram por alguns anos depois do fim da segunda guerra mundial. Em apenas uma década, o costureiro consolidou um repertório inconfundível, se tornando um patrimônio cultural da França. Ele atingiu também sucesso internacional, abrindo a sua primeira loja em Nova York, nos Estados Unidos, em 1948 – lá, vendia peças prontas para vestir, ou prêt-à-porter. O seu legado permaneceu apesar da morte precoce, em 1957, aos 52 anos de idade.

Inverno 1960 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Divulgação

Aos 21 anos, Yves Saint Laurent, que era pupilo do fundador, assumiu a direção criativa após seu falecimento. Ele comandou a maison até ser convocado pelo exército francês para a Guerra da Independência da Argélia, em 1960. Depois de enfrentar dificuldades com os militares, Yves voltou à Paris. Ao ver que foi substituído pelo estilista Marc Bohan, decidiu fundar a sua própria label. Sua última coleção para a Dior, a de inverno 1960, foi a Beatnik, inspirada na juventude parisiense. Na época, as suas jaquetas de couro, vestidos curtos e leggings desafiaram os códigos da alta-costura e foram vistos como inadequados pela alta-sociedade.

Verão 1961 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Divulgação

Marc Bohan estreou à frente da Dior com o Slim Look, silhueta longilíneas nos vestidos. Permanecendo até 1989, o designer ficou conhecido como o guardião da herança da etiqueta. Ele também inovou ao lançar uma segunda linha mais jovem, a Miss Dior (1967), e um braço masculino (1970). Em entrevista ao jornal USA Today, em 1988, afirmou: “Não desenho para me agradar ou para uma fotografia. Crio para mulheres que queiram estar na sua melhor forma.” Em 1984, Bernard Arnault comprou o grupo Boussac, que detinha os direitos da Christian Dior. A pressão do executivo por designs contemporâneos de prêt-à-porter fez com que Marc fosse demitido da casa após quase 30 anos, em 1989.

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Inverno 1989 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

Gianfranco Ferré sucedeu Bohan, se tornando o primeiro italiano a comandar a maison. Formado em arquitetura, a sua estreia se destacou pelo trabalho com volumes esculturais, mesclando a opulência francesa à sofisticação italiana. A camisa branca era seu canvas favorito, sendo reinterpretada em inúmeras variações ao longo de seus sete anos de trabalho na Dior. Golas exageradas, recortes sensuais, mangas bufantes, babados e rendas redefiniram a peça clássica.

Inverno 1997 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

Em 1996, o italiano Gianfranco Ferré não teve o contrato renovado e deixou a marca. Naquele período, a LVMH (que, neste momento, detinha parte minoritária da empresa) enxergou nos rebeldes que agitavam a semana de moda de Londres a oportunidade perfeita para inovar. John Galliano, então à frente da Givenchy, foi para a Dior, enquanto Alexander McQueen assumiu o seu lugar na casa fundada por Hubert de Givenchy. No inverno 1997 de alta-costura, o designer mergulhou nas épocas históricas da primeira década do século 20, como a belle époque e a era eduardiana. As expectativas eram altas – e ele não decepcionou. Com sua visão fantasiosa, inaugurou uma fase espetacular para a maison. Durante quinze anos, Galliano criou narrativas dramáticas e cheias de excesso em apresentações que permanecem vivas no imaginário fashion até hoje.

Verão 2000 alta-costura

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Foto: Getty Images

Não foram poucos os desfiles de John Galliano que geraram polêmicas. Uma das maiores delas talvez seja a do verão 2000 de alta-costura, inspirado em moradores em situação de rua que dormiam nas margens do rio Sena, em Paris. O estilista vestiu as modelos com roupas rasgadas, tecidos puídos e materiais com aparência de papelão. Os acessórios eram decorados com minigarrafas de bebidas alcoólicas e talheres. A apresentação não agradou parte da crítica e do público, que acusou a marca de zombar de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Galliano, porém, afirmou que não houve intenção de desrespeito. Pelo contrário, ele queria destacar o quanto se sentia impressionado com a criatividade e o talento das pessoas menos favorecidas. “Eu não vejo necessidade de me desculpar pela coleção. Eu realmente não vejo nada de errado com ela”, disse o designer, na época, ao jornal WWD. A casa fez um comunicado oficial dizendo que “a criatividade sempre provoca fortes reações.”

Inverno 2000

desfiles da Dior

Foto: Divulgação

Entre os desfiles memoráveis de prêt-à-porter de John Galliano, o de inverno 2000 se destaca. A estampa de jornal nasceu ali, sendo imortalizada mais tarde, nas telinhas, pela personagem Carrie Bradshaw, na série Sex and the city (1998-2004). Na coleção, havia também transparências, calcinhas de cintura baixa, estampas de leopardo e peles. Ela foi uma das responsáveis por definir as bases do estilo dos anos 2000. O designer sabia como chocar – mas também como criar tendências. 

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Inverno 2000 alta-costura

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No inverno 2000 de alta-costura, Galliano falou de amor, sexo e fetiche. Resultado: mais uma controvérsia. O show abriu com um sacerdote abençoando a passarela e um casal de noivos, seguidos por uma figura à la Maria Antonieta sangrando e uma showgirl com máscara de gorila. Apesar do tema polêmico, as minúcias do trabalho dos ateliês couture da maison impressionaram e essa virou mais uma das apresentações emblemáticas da trajetória do designer.

Inverno 2003 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

Aqui, a teatralidade de John Galliano atingiu o seu ápice. O desfile foi uma verdadeira jornada pela história da música, passando por referências de tango, balé, cha-cha, cancan, hip-hop e acid house. E, claro, tudo junto e misturado, do jeitinho que ele gosta. Foi uma apresentação emocionante e por um motivo: nos bastidores, ele contou que homenageou o pai, que havia morrido há pouco tempo. Alguns consideraram a estética carnavalesca, cheia de materiais e técnicas (pense em brocados, bordados, veludos, cetim e pedrarias) excessivas. Outros, passaram a considerá-lo um gênio pela habilidade de mixar elementos diferentes em uma coleção tão coesa.

Verão 2004 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

Com ideias trazidas de uma recente viagem ao Egito, Galliano decidiu que o verão 2004 de alta-costura da Dior seria sobre a cultura do país. Os looks evocavam as imagens de Nefertiti e Tutancâmon, além de figuras da mitologia local. Trata-se de uma coleção opulenta, repleta de detalhes – folha de ouro, lápis lazuli, lamê prateado e bordados de coral –, além de volumes monumentais. O desfile abriu com a música “Baby Boy”, de Beyoncé, levando a plateia à loucura.

Verão 2007 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

Inspirado na ópera Madame Butterfly (1904), de Giacomo Puccini, o designer transformou cintos obi, quimonos, origamis e maquiagem de gueixa em um espetáculo dramático de moda. À época, a apropriação cultural ainda não era tão debatida na indústria e John Galliano adorava um copia e cola de referências estrangeiras. 

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Inverno 2012 alta-costura

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

Em fevereiro de 2011, alguns vídeos vazados na internet mostravam John Galliano proferindo insultos racistas e antissemitas em um bar em Paris. Menos de um mês depois, no dia primeiro de março daquele ano, ele foi oficialmente demitido da casa. O escolhido para o substituir no cargo foi Raf Simons, que havia acabado de sair da direção criativa da Jil Sander. Sua estreia na marca trouxe um ar de sobriedade à passarela. Tops bordados com peplum, calças sequinhas e terninhos de cortes simples dialogavam com uma estética mais limpa, herdada da escola belga do estilista. Simons ficou no posto por três anos, entre 2012 e 2015.

Verão 2017

desfiles da Dior

Foto: Getty Images

A coleção verão 2017 foi o debut de Maria Grazia Chiuri, primeira mulher no comando da Dior. Sua camiseta “we should all be feminists” (devemos ser todos feministas), inspirada na obra da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, se transformou em símbolo de sua gestão. Ao longo de seus nove anos à frente da marca, Maria Grazia buscou integrar arte e moda. Ela convidou artistas mulheres para colaborar em suas passarelas, transformando as apresentações em plataformas de diálogo cultural. Além disso, manteve um olhar atento à sua cliente, desenvolvendo peças que combinam sofisticação e praticidade.

Cruise 2024

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Foto: Getty Images

O tempo de Maria Grazia Chiuri frente à maison ficou conhecido também por desfiles de entressafra ao redor do mundo. Um dos mais emblemáticos foi o de cruise 2024, na cidade do México. Inspirada principalmente pela artista Frida Kahlo, a coleção comunicava frescor e leveza. Interpretações de huipiles, túnicas tradicionais usadas por indígenas do México e da América Central, reforçavam o compromisso da marca em mergulhar e trocar com artistas da cultura local ao viajar para outros países.

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