Existe uma semana de moda menos prejudicial à natureza, aos seus profissionais e às pessoas? Sim, a Copenhagen Fashion Week

Com início nesta segunda-feira (07.08), o evento escandinavo apresenta um programa estruturado para reduzir o impacto negativo da indústria. Aqui, a CEO Cecile Thorsmark conta como.


Tem como uma semana de moda ser menos prejudicial à natureza, aos seus profissionais e às pessoas? A Copenhagen Fashion Week aposta que sim com seu programa de sustentabilidade
Bastidores da Soeren Le Schmidt no inverno 2023 da CPHFW. Foto: Getty Images



Começa hoje (07.08) a edição de verão 2024 da Copenhagen Fashion Week. Com cinco dias de duração, até sexta-feira (11.08), a semana de moda escandinava é observada com um certo entusiasmo crescente. E não tem nada a ver com o fato dela preceder outros grandes eventos do calendário internacional de moda em Nova York, Londres, Milão e Paris. Foram a atmosfera descontraída e o compromisso com a sustentabilidade que colocaram a CPHFW sob os holofotes.

 

Grande parte desse sucesso é mérito de Cecile Thorsmark, executiva à frente da fashion week nórdica desde 2018. “Quando me tornei CEO, tinha o desejo de não limitar nossa semana de moda à apresentação de um ótimo design e estilo. Queria usar nossa plataforma para acelerar os esforços sustentáveis da indústria”, diz ela. 

Para isso, 18 requerimentos mínimos foram impostos às marcas participantes, que tiveram três anos para se adequar aos novos padrões. Entre as exigências estão o  impedimento de uso de peles, a criação de cenários lixo-zero e coleções compostas com pelo menos 50% dos materiais certificados, reciclados, reaproveitados ou que estejam na lista de tecidos aprovada pelo evento. 

A compensação da pegada de carbono e a proibição da distribuição de plásticos descartáveis durante os desfiles são outras estratégias obrigatórias que merecem destaque. 

Passados os três anos, em março de 2022, o plano entrou em ação. “É uma memória valiosa ter visto o progresso das marcas. Três anos atrás, algumas não seriam capazes de se apresentar com padrões hoje exigidos”, comenta Cecile. O esforço, no entanto, é contínuo: “No começo deste ano, estipulamos novas metas para os próximos três”. 

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No plano de ação da CPHFW, a sustentabilidade é encarada de forma holística e não se encerra na busca pela preservação do meio ambiente. São seis os campos de atuação: design, direção estratégica, escolha dos materiais, apresentação, engajamento do consumidor e condições de trabalho – este último inclui a criação de um ambiente profissional saudável e o estabelecimento de uma cadeia de produção livre de trabalho forçado, indigno ou infantil. 

Menos restrito aos bastidores e aos materiais, há esforços importantes voltados a quem veste e apresenta aquelas roupas. “O fato de que a indústria da moda foi e continua sendo homogênea é um grande problema que discrimina e cria normas doentias”, opina a CEO. O tema, vale lembrar, é recorrente e vira notícia a cada nova temporada de desfiles. Na mais recente, a de inverno 2023, somente 0,06% das roupas desfiladas internacionalmente foram por modelos plus size.  

Uma das formas para incentivar o aumento de diversidade e representatividade na CPHFW, é a exigência de que as marcas participantes sejam signatárias do Danish Fashion Ethical Charter. Elaborado pela Câmera de Moda Dinamarquesa em 2007, o estatuto passou por uma atualização recente e agora busca, entre outras coisas, assegurar o bem-estar e a saúde física e mental dos modelos. Para tanto, o documento estabelece como valor “a promoção de uma maior diversidade de gênero, etnia, tamanho, religião, mobilidade, orientação sexual, etc. na indústria da moda.”

“Isso significa que as marcas precisam garantir inclusividade – seja contratando uma equipe com expertise em todos os tipos de pele e cabelo, seja estando cientes das capacidades físicas e mentais dos profissionais”, explica Cecile. O tópico, com foco na equidade e inclusão, é parte central das novas metas para os próximos três anos.

As medidas, sem dúvidas, colocam Copenhagen na dianteira da inovação. Mas uma semana de moda não se faz sem roupa boa. A irreverência e o humor leve, de quem não se leva muito a sério, aproxima quem busca por descontração em uma indústria que, convenhamos, poderia se permitir mais relaxamento.

Ganni é uma das marcas em destaque na Copenhagen Fashion Week

Desfile de verão 2022 da Ganni na Copenhagen Fashion Week. Foto: Getty Images

Estampas divertidas, cores alegres, shapes amplos ou esvoaçantes, mas sempre fáceis de vestir, traduzem o estilo da cidade à beira-mar. Ganni, Saks Pots, Stine Goya e Cecilie Bahnsen são grandes representantes, embora a última tenha migrado para a fashion week parisiense no último ano. Todas as outras ainda compõem o line-up dinamarquês e merecem ser acompanhadas de perto nesta temporada. 

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Mas o calendário da capital se expande para além da fronteira da Dinamarca. A própria CPHFW atual, é na verdade, uma junção com a extinta semana de moda de Estocolmo. Por isso, etiquetas nórdicas, como a norueguesa Holzweiler e a estreante finlandesa Latimmier, compõem a maior parte da programação. Mas vira e mexe, nomes de outras regiões europeias entram para a lista. É o caso da húngara Aeron, que participou do verão 2023, mas desta vez está de fora. 

Veja a programação da Copenhagen Fashion Week

Segunda-feira, 7 de agosto

A. Hoege Rove
Latimmier
7 Days Active
Saks Potts

Terça-feira, 8 de agosto

Nicklas Skovgaard
Kernemilk
Stamm
Rolf Ekroth
Lovechild 1979
Vain
Remain
P.L.N.
Sunflower

Quarta-feira, 9 de agosto

Skall Studio
OpéraSport
The Garment
Marimekko
Paolina Russo
Stine Goya
Wood Wood
Henrik Vibskov
Baum und Pferdgarten

Quinta-feira, 10 de agosto

TG Botanical
Munthe
Gestuz
The Royal Danish Academy
Mark Kenly Domino Tan
Helmstedt
Deadwood
Rotate
Ganni

Sexta-feira, 11 de agosto

Fine Chaos

 

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