Quem é Haider Ackermann, o novo diretor criativo da Tom Ford

Haider Ackermann foi anunciado como diretor de criação da Tom Ford na manhã desta quarta-feira (04.09). Conhecido por sua alfaiataria alongada, drapeados e por ser um dos grandes coloristas da moda contemporânea, ele sucede Peter Hawkings, estilista que deu continuidade ao legado do fundador da casa até julho deste ano. As marcas do criador texano foram vendidas ao grupo Estée Lauder em 2022, e sua saída foi oficializada em 2023.

A nomeação é um sonho realizado para muitos fãs da moda e do designer – desde 2020 ele trava uma batalha para reconquistar o direito de uso do próprio nome, vendido a um grupo belga nos início dos anos 2010. Com mais de duas décadas de atividade, ele já foi cotado para comandar grandes casas, como Dior, Margiela e Chanel – Karl Lagerfeld, em particular, o apontou como um dos possíveis sucessores na maison francesa.

Em sua própria etiqueta, Haider Ackermann ganhou notoriedade por sua habilidade em manipular tecidos luxuosos, como seda, couro e veludo, frequentemente criando peças com cortes assimétricos, texturas e uma alfaiataria complexa.

Haider Ackermann, verão 2011. Foto: Getty Images

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Suas roupas são descritas como poéticas, misturando elementos de romance, mistério e um senso de despretensão. Desde o início, ele também demonstrou uma desconsideração por normas estritas de gênero, como atestam dois de seus maiores clientes e amigos: os atores Timothée Chalamet e Tilda Swinton.

Criação e Educação

Haider Ackermann é colombiano, nascido em Bogotá no dia 29 de março de 1971. Adotado com apenas nove meses por pais franceses, teve uma infância e adolescência nômades. Seu pai trabalhava como cartógrafo e viajava frequentemente com a família por países como Argélia, Etiópia, Chade, França e Holanda. A exposição precoce a diferentes culturas se tornaria uma marca registrada de seu trabalho e estilo.

A paixão pela moda surgiu cedo, particularmente inspirada pelo trabalho de Yves Saint Laurent. Em 1994, ingressou na Royal Academy of Fine Arts, em Antuérpia, conhecida por formar grandes nomes como Martin Margiela, Dries Van Noten e Ann Demeulemeester.

Haider Ackermann, verão 2011. Foto: Getty Images

Três anos depois, no entanto, foi expulso por supostamente não concluir suas tarefas. Os atrasos tinham justificativa: Haider não se satisfazia com a qualidade dos trabalhos e preferia não apresentá-los. Até hoje, o perfeccionismo é um dos seus traços mais marcantes. Ao longo da carreira, não foram poucas as temporadas que pulou por falta de tempo suficiente para alcançar o resultado ideal.

Em entrevista a Tilda Swinton, publicada na revista Interview em dezembro de 2010, o designer afirmou: “Gosto muito de ter tempo para construir as coisas de forma lenta e segura – para me sentir mais enraizado. É bom tirar o tempo para pensar, encontrar, buscar.”

Carreira e Estilo

Após deixar a academia, Haider Ackermann realizou um estágio de cinco meses com John Galliano. Mais tarde, auxiliou diversos designers, incluindo os belgas Wim Neels e Bernhard Willhelm. Também trabalhou como freelancer para várias casas de moda. Em setembro de 2022, lançou sua marca homônima com uma apresentação na semana de moda de Paris. A estreia foi aclamada pela crítica, garantindo-lhe uma posição de destaque no mercado.

Com silhuetas alongadas e esculturais, muitas vezes decoradas com laços, drapeados e dobras de tecidos e cores contrastantes, suas peças combinam elementos da alta-costura e do streetwear com sofisticação e identidade. As roupas são meticulosamente construídas, mantendo um constante jogo entre proteção e exposição, armadura e o ato de despir-se.

Jean Paul Gaultier por Haider Ackermann, verão 2023 alta-costura. Foto: Getty Images

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Ackermann ficou conhecido por sua abordagem reflexiva e introspectiva ao seu ofício. Ele frequentemente fala sobre a importância da emoção em seu trabalho, buscando criar peças que ressoem em um nível mais profundo com aqueles que as vestem. Suas coleções são menos sobre seguir tendências e mais sobre expressar uma narrativa ou sentimento, tornando-o uma das vozes mais distintivas na moda contemporânea.

Focado no feminino desde o início de seu próprio negócio, sua estreia no masculino ocorreu em 2011, durante a feira Pitti Uomo, em Florença. Na época, a apresentação foi apenas uma cápsula. Dois anos depois, a primeira coleção completa para homens ganhou as passarelas na semana de moda masculina de Paris.

Haider Ackermann, verão 2014. Foto: Getty Images

Em setembro de 2016, Antoine Arnault, herdeiro do fundador do grupo LVMH, contratou Haider Ackermann como diretor de criação da Berluti. Seu período na marca foi curto: ele deixou o cargo em março de 2018, após apresentar apenas três coleções. Ainda assim, seu impacto foi significativo, ajudando a reformular a identidade da etiqueta para uma nova geração de consumidores.

Ackermann também se aventurou em colaborações, como sua parceria com a marca de roupas esportivas Fila, em 2023, e a memorável coleção de alta-costura para Jean Paul Gaultier.

Haider Ackermann na Tom Ford

Apesar de ter um estilo e identidade bastante diferentes dos de Tom Ford, há elementos em comum entre os trabalhos de ambos. A alfaiataria é um deles, a sensualidade com que constroem e desenham o corpo feminino é outro. Ambos são admiradores de longa data de Yves Saint Laurent, principalmente no que diz respeito ao uso e combinação de cores. E há ainda a sensualidade onipresente em suas criações.

O reconhecimento e destaque de Ackermann na moda feminina também é um atrativo. Trata-se de um segmento que, segundo avaliações do grupo Zegna, tem grande potencial de crescimento para a marca Tom Ford. No entanto, para isso, precisaremos esperar até março de 2025, quando deve acontecer o primeiro desfile da grife na semana de moda de Paris.

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