Misci, verão 2025
Airon Martin olha para o interior do Brasil com Tenda Tripa, o verão 2025 da Misci.
A Misci reuniu nesta terça-feira, (23.4), celebridades, imprensa e compradores no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera. Com Ivete Sangalo fechando o seu desfile de verão 2025, a marca coleciona feitos extraordinários em 6 anos de vida: já vestiu Janja Lula da Silva, a primeira dama do Brasil, vendeu três bolsas para Oprah Winfrey nas últimas semanas e só cresce – quase 20% de suas vendas são internacionais.
De acordo com Airon Martin, fundador e designer da marca, a coleção Tenda Tripa tem como objetivo “alcançar as entranhas do Brasil”. Segundo ele, a ideia é colocar na roupa a profundidade de cidades como Juazeiro, na Bahia, ou Sinop, Mato Grosso. No caso, a sua terra natal.
Misci, verão 2025. Fotos: Zé Takahashi
A proposta é menos audaciosa do que a da temporada passada, em que o estilista quis falar sobre a América Latina. No caso do interior brasileiro, a relação do estilista é mais pessoal e, consequentemente, cria conversas mais identificáveis. Ela está, por exemplo, na paleta de horizonte em sol poente (ou nascente), de onde saem tons terrosos, diversos tipos de verde e um azul-bebê aceso, que lembra o céu de um dia de sol e já é meio que típico da Misci.
A coleção também ganha interpretações contemporâneas da vaquejada, uma versão brasileira da tendência country que anda bombando na cultura pop. São camisas com jeito de cowboy e tiras, cintos e saias que remontam as selas de montaria e outros elementos da cavalaria.
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Alguns materiais escolhidos são difíceis de manusear, o que fica evidente nos vestidos acetinados com pregas e recortes. Já a alfaiataria assimétrica, uma característica emblemática da marca, aparece mais bem resolvida do que nunca. Destacam-se atualizações simplificadas dos já conhecidos vestidos de tecido plano com recortes assimétricos e algumas jaquetas e casacos de corte quadrado usados pelos meninos.
Misci, verão 2025. Fotos: Zé Takahashi
A ala masculina, aliás, é a mais interessante da Misci. A jaqueta com botões desencontrados, as calças amplas e os crochês revelam a beleza pacata do interior com roupagem contemporânea e desenham exemplos frescos e interessantes de garotos brasileiros. Não à toa, o clã de homens na fila A do desfile são boas representações da Misci, como João Guilherme, Enzo Celulari e Emicida.
Também estão nos modelos masculinos duas das peças mais sofisticadas da coleção: as camisas bordadas pelo artista plástico Jaime Lauriano. De forma delicada, Lauriano empresta um desenho que faz alusão a complexidade de um Brasil que se forma muito além do considerado central. O elemento é forte, mas soa pequeno na missão tão intrincada de representar tanto interior.
Misci, verão 2025. Fotos: Zé Takahashi
Alguns itens estão mais atrelados a uma narrativa e visão do autor do que eles próprios constituem a mensagem. Por isso, é mais interessante a valorização do Brasil já na peça da roupa e não só na conversa, o que a marca também faz. Isso acontece com as peças de látex criadas com borracha da seringueira e um composto proveniente da indústria química de base alimentar.
Misci, verão 2025. Fotos: Zé Takahashi
A colaboração com a veterana Lenny Niemeyer é outro gol. Com a parceria, a Misci entra no beachwear e se prepara para o atacado, abrindo-se para 250 multimarcas pelo país. Com Lenny, a casa também encontrou o belo artesanato em palha de buriti. Essas peças, por exemplo, elas próprias contam importantes e boas histórias.
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