NYFW: Tommy Hilfiger inverno 2024
Encerrando o primeiro dia da NYFW, a Tommy Hilfiger resgatou o que sempre foi dela por excelência, o sonho nova-iorquino.
Na noite da última sexta-feira (9.02), a 42nd Street, importante rua transversal no bairro de Manhattan, em Nova Iorque, estava especialmente barulhenta. Para além dos ruídos que já compõem a trilha sonora da cidade, havia uma legião de fãs na porta do Grand Central Oyster, restaurante fundado em 1913. Eles poderiam estar à espera da superestrela do K-pop Lee Junho, do piloto da Fórmula 1 Mick Schumacher ou da favorita do TikTok Sofia Richie. Vindos de diferentes backgrounds, todos os nomes foram conferir o inverno 2024 da Tommy Hilfiger.
Apesar de ter sido prestigiado por celebridades e ter contado com um show de Jon Batiste, o desfile, que encerrou o primeiro dia da NYFW, não aconteceu nos mesmos moldes do #TommyNow. O conceito, lançado pela marca em 2016, quando ela havia acabado de ultrapassar os 30 anos, costumava elevar o desfile de moda às proporções do show de um astro pop. Com transmissão ao vivo e coleção disponível para compra de imediato, o formato rodou o globo, chegando a desembarcar em Los Angeles em uma parceria com Gigi Hadid, em Xangai com Lewis Hamilton e em Paris com Zendaya.
A iniciativa não era nem um pouco estranha ao fundador da etiqueta. Ao longo de sua história, Tommy sempre esteve à frente da curva, remodelando o que a juventude vestia e, especialmente, quem impulsionava a influência por aí. Enquanto os maiores estilistas se recusavam a trabalhar com os artistas do hip-hop, por exemplo, lá atrás, o nova-iorquino foi o pioneiro a enxergar o valor cultural e, claro, financeiro que eles poderiam agregar aos negócios.
Tommy Hilfiger, inverno 2024. Foto: Getty Images
Tommy Hilfiger, inverno 2024. Foto: Getty Images
Nos últimos quatro anos, porém, a marca se manteve distante dos grandes holofotes, eventos e até das passarelas, se apresentando uma única vez, em setembro de 2022. O tempo de afastamento pareceu necessário para que, agora, beirando os 40, a Tommy Hilfiger retornasse para onde o sonho começou. “Já estivemos em todo o mundo, mas Nova Iorque é o nosso lar”, afirmou o fundador, em comunicado, sobre o desfile intimista batizado de “A New York Moment”.
O caráter estadunidense não se restringiu somente à locação. Dominada pelos essenciais do guarda-roupa, a apresentação foi aberta por uma modelo que vestia uma camisa de botão, calça de alfaiataria, tênis branco e boné. O visual deu o tom para tudo que viria a seguir: jaquetas universitárias, minissaias plissadas, moletons com logo e suéteres de gola alta. A cartela de cores era neutra, com destaque para o vermelho, azul marinho e branco, as cores não só da Tommy como também da bandeira do país.
Tommy Hilfiger, inverno 2024. Foto: Getty Images
Tommy Hilfiger, inverno 2024. Foto: Getty Images
A imagem final era a típica esportiva popularizada lá atrás pelo próprio estilista e por seus conterrâneos, como Calvin Klein e Ralph Lauren. Se até o francês Jacquemus bebeu dessa fonte no verão 2024, Tommy resgata ali algo que sempre foi dele por excelência. “Esse DNA é nosso, mas agora fizemos de uma forma nova”, disse o designer, em entrevista ao WWD, dias antes da apresentação. É que, dessa vez, o desfile não funcionou no formato see-now, buy-now. A escolha permitiu criar uma coleção com tecidos melhores e artesanatos mais elevados. “Leva mais tempo para fazer essas peças. Então, só vamos entregar alguns meses depois”, contou ele.
Revigorar um patrimônio ou convencer as novas gerações de sua relevância são, definitivamente, tarefas difíceis para marcas tradicionais. Aperfeiçoar o que faz de melhor seria um dos segredos deste jogo. E foi o que a Tommy Hilfiger se propôs nesta temporada, entregando o sonho nova-iorquino revisitado, sem aquela nostalgia excessiva, mas ainda com a capacidade de manter um clichê que será, para sempre, um favorito.
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